ANDRIEY
Andriey, um garoto de dez anos, se revirava na cama, sem conseguir dormir. Estava ansioso demais para isto e a ideia de passar aquele final de semana com seu tio, na capital, preenchia sua mente com as aventuras que iria ter. Era o que mais queria e foi bem difícil convencer sua mãe a deixá-lo ir, já que não tinha se saído tão bem na escola. Mas conseguiu, afinal!
Vivia com a mãe e três irmãos mais velhos em Odessa¹, Ucrânia. Seus dois irmãos mais velhos eram pescadores e sua mãe e o outro irmão, preparavam pastéis assados com os peixes, sendo ele que geralmente saía para vender aos muitos turistas que vinham até a praia.
Ele sempre foi um menino curioso e inteligente, mas se distraía muito fácil com seus próprios pensamentos. Ficava por horas criando aventuras em alto mar, em ilhas mágicas, desbravando planetas desconhecidos ou tendo superpoderes, para salvar o mundo.
Foi imaginando algo assim que acabou adormecendo e acordando mais tarde do que deveria.
— Andi? Você vai ou não me ajudar, hoje? — Disse a mãe, de braços cruzados.
Ele viu como ela o encarava, séria. Era a deixa para pular da cama e se meter debaixo do chuveiro o mais rápido possível.
— Já estou indo, mama! — Pulou da cama e correu em direção ao chuveiro, sem esperar os protestos de sua mãe.
Algum tempo depois, estava na praia, oferecendo seus pastéis para os muitos turistas que aproveitavam o sol de Odessa. O garoto sabia que assim que vendesse tudo, poderia se vestir e arrumar sua mochila, para esperar o tio levá-lo para passar o fim de semana em Kiev.
Não demorou muito para o pequeno voltar satisfeito com seu cesto vazio. Alcançou o dinheiro a mãe, que separou algumas moedas, alisando seus cabelos castanhos dourados.
O almoço estava sendo servido e o aroma de borscht² encheu sua boca, fazendo o menino salivar e sorrir. Correu para lavar as mãos e se sentar com os irmãos mais velhos.
— E então, Andi? Tá contente em passear na capital? — Perguntou Avel, seu irmão mais velho.
Ele sentou à mesa, com um sorriso de felicidade genuína. Pavlo passou a mão nos cabelos do irmão caçula, rindo.
— Aproveita, mano!
Depois do almoço e de ver seus irmãos saírem para trabalhar, ficou ajudando a mãe a tirar a louça da mesa.
— Vá se arrumar, querido. Logo, logo seu tio Ivan chega e você ainda está todo descabelado! — Riu, alcançando algumas moedas, para o menino.
— Obrigado, mama! — Pegou as moedas e saiu em direção ao quarto que dividia com Yuslav, Pavlo e Avel.
Assim que ficou arrumado e com sua mochila pronta, ficou na sala, ansioso. Era a primeira vez que viajava. Nunca esteve em outro lugar que não fosse sua cidade e quando o irmão de seu pai falecido, ligou, perguntando se podia levar o único sobrinho que ainda não conhecia para passar o fim de semana com ele e a esposa na capital, Andriey se sentiu o garoto mais sortudo do mundo.
Já Anna, sua mãe, nunca se separou de nenhum dos três filhos e abrir mão do caçula por dois dias, lhe parecia tão difícil, mas sabendo ser egoísmo seu, tentou desanuviar este pensamento.
Conhecia Ivan e a esposa, mas nunca tinha ido visitá-los e nem sabia o que faziam ou onde trabalhavam. De tanto que seu filho mais novo insistir, ela cedeu e deixou que ele fosse, desde que prometesse retornar no domingo à tarde e ligasse assim que lá chegasse.
— Filho, promete obedecer e se comportar, como um bom menino? — Disse, alisando o rosto de Andriey.
— Prometo, mama!
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CONTOS ACRÔNICOS
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