Oitavo conto: Yejoon Daehyun

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YEJOON DEAHYUN

 As montanhas coreanas se desdobram em torno do Templo de Guinsa, com suas construções pintadas em cores vibrantes e mágicas, como belas pétalas de uma flor de lótus.

Bem cedinho, antes mesmo do sol surgir por detrás das montanhas, o jovem monge Yejoon Daehyun¹ já estava na cozinha para iniciar sua tarefa diária. Olhou as mesas e lembrou de buscar algumas flores para o altar da cozinha. Sorriu ao perceber que as borboletas e os grilos já estavam fazendo a sua parte na natureza, sentir o leve vento no rosto e o brilho do orvalho na grama aparada de véspera. Colheu alguns crisântemos e retornou para a cozinha, onde outros aprendizes estavam cortando algumas frutas. Pensou o quão era maravilhoso sentir os aromas diversos, que invadiam suas narinas e o faziam sentir toda a beleza da vida! Se aproximou de um dos colegas e iniciou a preparação do mingau de aveia com leite vegetal e o chá de rosas com menta, enquanto seu amigo Young Ji-hoon mexia a comida em um enorme vasilhame com uma pá. Yejoon Daehyun começou a lavar o arroz e a água, rica em amido, ele colocou direto para outra panela, para formar a base de uma sopa.

Logo em seguida, se juntou a outros, para cortar legumes, cogumelos, separar sementes de abóbora para reaproveitá-las na salada e lavar toda a louça que seria usada no almoço.

— Daehyun? Você me traz mais alguns grãos de gergelim?

— É claro, Ji-hoon! É só um instantinho! — O jovem monge, saiu, atravessando o extenso pátio, indo em direção ao depósito de grãos e sementes.

Era um dia especial. O templo receberia alguns visitantes, como peregrinos, turistas e outros budistas. Todos estavam ocupados com seus afazeres e ele em especial iria ser guia de um jovem turista americano, que havia escrito uma carta, pedindo para conhecer um pouco da doutrina.

O rapaz retornou com o pote de gergelim, alcançando para seu amigo e voltando para sua tarefa.

— Como você está se sentindo, sendo guia pela primeira vez, Daehyun?

— Não sei ainda, Ji-hoon. Eu até que vou gostar! — Riu, tocando o ombro do amigo.

Os dois riram e voltaram suas atenções para a comida, que cada um preparava.

Algumas horas depois, Yejoon Daehyun foi até a entrada, que ficava alguns milhares de degraus de pedra, que levaria os visitantes até o topo da montanha, onde se localizava o templo. Descia com a mesma facilidade que subia. Para ele não tinha nenhuma dificuldade, pelos anos de hábito em descer e subir todos os dias.

Ao chegar, foi direto até a cidade, com um cesto de vime vazio. Era o seu dia de arrecadar donativos e distribuir entre os mais necessitados. Controlava as horas, pelo sol e pelos passos que ia contando. De repente, uma voz masculina, de timbre mais grave, chamou-o:

— Ei, moço? Você é monge, não? Budista, certo?

Um homem negro, de estatura mais alta, aparentando uns trinta anos e vestindo uma camiseta polo e bermuda jeans, estava a sua frente, com um olhar de súplica. Parecia perdido em meio a multidão.

Yejoon Daehyun o encarou, em silêncio, mas com sua simpatia estampada no rosto.

— Você não deve falar inglês, certo? É. Acho que você só fala japonês...

— Sou coreano. — Sorriu, simpático — E sim. Eu entendo seu idioma, senhor. Deseja alguma ajuda?

— Ah! Que ótimo! Por um momento pensei que pagaria mico, falando e você sem entender nada! — Ria, constrangido. — Acho que você pode me ajudar, sim. Estou procurando o Templo de Guinsa.

— Estou indo para lá. Quem me acompanha? — Disse, se curvando diante do estrangeiro.

— Seria maravilhoso! É muito longe?

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