🟪 Helívagos

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Descalço sobre a fina camada de água,
De uma terra desolada e sofrida,
Somos obrigados a vagar na mais solitária das estradas,
Sem ter direito a saída,
Moradia,
Algum resultado final na mais infinita agonia.

Estamos presos aqui,
Almas que vagam,
Desprovidas de paz e descanso.
A solidão que desejamos,
Não é a mesma que se desmancha em nosso pranto.

Não é besteira,
Não somos brincadeira,
Ninguém faz isso por drama,
Não há nada mais falso que um sorriso de orelha a orelha,
Nem há nada mais cruel do que a vingança.

Talvez há, quem sabe,
Talvez pular de um precipício.
As vezes prédios, pontes, sacadas,
Não importa o tamanho do abismo,
Por que todo pássaro depenado,
Encontra o chão no fim de tudo isso.

Mas esse não era o propósito?
Desistir de uma vida que não vale mais nada?
Não se rir de quem chorar,
Nem se tenta esconder a facada,
Tudo o que um dia nasce, morre,
E ninguém é obrigado a gostar da caminhada.

Estamos aqui, meus caros amigos que vem chegando.
Presos nessa terra de ninguém.
Helívagos, assim como nos chamam,
Não sabemos o que espreita no além,
Estamos esperando alguém aparecer,
E saciarem nossa fome do que nos convém.

Não há nada aqui,
Da mesma forma que não existia aí,
Devemos ter pena, de nós, eu me pergunto?
Não sabemos por que tivemos que existir.
Talvez só tenha sido um erro de Deus,
Mas só posso falar por mim.

A morte não é a solução.
A dor fantasma não exite,
A depressão não é um sofrimento,
É um má decisão que persiste,
Por que não existe escuro, é a ausência de luz,
E é na falta dela que a tristeza consiste.

Venha, não tenha medo.
Não sou tão complicada de entender.
Se meu cérebro não produz felicidade,
Não significa que dela eu não possa beber,
Preciso que estire sua mão em caridade,
E faça mais de mim um ser cheio de saber.

Aproximar-se, pois não tema.
Nem faça pouco caso de mim,
Se não existir mais jeito para esse dilema,
Apenas me deixe partir,
Morrer não é o fim da vida,
Mas não sou obrigado a existir.

Meia Unidade de Sol, Lar e IdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora