𝐅𝐫𝐮𝐢 𝐕𝐢𝐭𝐚 - 𝗥𝗼𝗺𝗮𝗻𝗰𝗲 𝗰𝗼𝗺 𝗠𝗶𝘆𝗮 𝗖𝗵𝗶𝗻𝗲𝗻

𝗖𝗔𝗣.𝟮 - 𝗦𝗼𝗻𝗵𝗼 𝗲 𝘃𝗶𝘀𝗶𝘁𝗮𝘀 𝗶𝗻𝗼𝗽𝗼𝗿𝘁𝘂𝗻𝗮𝘀

Já ficou olhando pro teto por minutos depois de acordar de um sonho completamente bizarro e que te deixou irritada pra caramba?

É assim que eu me encontrava, olhando para o teto do meu quarto, com as sobrancelhas franzidas, vendo as estrelas florescentes que tinha colado anos antes, quando meu pai e minha mãe estavam juntos e éramos uma família feliz.

Falando nele, meu sonho foi sobre ele e também uma ruiva maldita vinda do inferno.

Foram dois sonhos, o primeiro meu pai vinha falando comigo, dizendo que eu precisava ser forte e dar apoio à minha mãe, que ela estava precisando e que eu era a única pessoa que poderia fazer isso. Como se eu, uma adolescente de apenas 15 anos pudesse ser apoio de alguém de 33. Eu tecnicamente ainda era uma criança, vale lembrar. Eu sei que posso estar lá do lado de minha mãe, abraçá-la e dar um beijo na testa como sempre fazemos, mas não é a mesma coisa, eu ainda continuo sendo só uma criança barra adolescente, na qual não vai saber entender em que situação ela se encontra e nem vou ter soluções para tirá-la de lá.

Depois disso, eu acordei no meio da noite sem entender nada. Um pouco depois, eu consegui dormir de novo e tive um sonho mais estranho ainda.

Ela vinha caminhando até mim, com seu rosto refletindo raiva, ódio e rancor. Os cabelos ruivos estavam soltos e pareciam estarem em câmera lenta. Quando chegou perto de mim, pude sentir o ódio não só no seu semblante, como na sua voz.

“É tudo culpa sua. Eu te odeio, Akina Sanders, eu te odeio com todas as minhas forças. Você é desnecessário nesse mundo, não tem funcionalidade nenhuma, é falsa e mentirosa e egoísta p'ra caralho!” Ela falava no sonho com a voz exaltada. Ela falava corretamente apenas quando estava com muita, mas muita raiva.

Eu a encarava sem vida no rosto, como se tivesse entediada e quando acordei novamente, já estava de dia e meu quarto estava claro por causa da luz solar. Acordei olhando para o teto e assim estou a não sei mais quanto tempo.

Eu era egoísta? Logo eu, que fiquei sozinha porque uma imbecil quis escolher participar das Bratzs? Eu fui falsa quando, na verdade, quem mentiu e inventou boatos foi ela?

O que caralhos rolou aqui? Desde quando eu era a pessoa ruim?

Decidi pensar nisso enquanto escovava os dentes e tomava um banho. Senti raiva de Sophie na vida real e no sonho também. Até em sonhos essa peste me persegue.

Desci as escadas depois de vestir uma roupa velha e caminhei para a cozinha, encontrando minha mãe colocando o café na sua xícara azul celeste e bebericando.

— Bom dia, filha. — Minha mãe falou, pegando um pão e passando a margarina nele.

— Dia. — Me sentei na cadeira e coloquei o café na minha xícara.

— Mal humor em plena 9 horas da manhã? — A senhora Naomi riu, acho que ela pensava que meu mau humor era por ter acordado cedo, não era o único fator ali, mas vamos aceitar essa opção como única.

— É, odeio acordar cedo. — Ficaria com essa desculpa plausível, não queria explicar sonho nenhum, ainda mais os que eu tive.

— Come um bolinho, vai ficar melhor depois de uma boa dose de açúcar.

— Hum. — Resmunguei antes de beber um pouco do café e pegar um pedaço do bolo.

Nós comemos em silêncio, ouvindo os sons dos passarinhos lá foi, como morávamos num condomínio tranquilo, a trilha sonora era a mesma de sempre. Sempre calma e tranquila.

— Quando chegarmos ao Japão, nós vamos direto para o hotel descansar, vai ter dias que eu não vou ficar muito tempo com você, meu amor, eu sinto muito por isso.