𝗖𝗔𝗣. 𝟲 - 𝗥𝗲𝘃𝗶𝗿𝗮𝘃𝗼𝗹𝘁𝗮𝘀 𝗻𝘂𝗺 𝗱𝗶𝗮

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Passar as manhãs descobrindo lugares no Japão, a tarde na loja em que Reki e Langa trabalhavam e algumas noites no S já estava virando uma rotina nas últimas duas semanas, e também tinha os treinos com Reki e Langa, que resultava em muitas risadas pela minha falta de habilidade em fazer o que eles faziam. Algumas vezes Miya ia com eles, mas nunca falava muita coisa além de bufadas quando eu errava algo, o que era meio frustante na maioria das vezes, mas eu tentava não me importar muito, não era a primeira vez que algo assim acontecia e eu sabia que não seria a última.

E ele também era um pé no saco, é óbvio que ele faria isso.

Mas numa tarde, na qual estava quente pra um cacete, Reki e Langa foram comprar refri pra nós quatro e ficou apenas Miya e eu na pista. Eu tentava mandar um hardflip mas estava sendo realmente hard pro meu cérebro de minhoca que não tava aceitando muito bem.

— Você tá colocando o pé pra dentro da sua base quando você deveria colocar no meio do tail pra fora, e quando ele tiver em angulo quase reto, é aí que você chuta o flip pra frente. — Miya revirava os olhos enquanto explicava. 

Olhei para ele com uma sobrancelha erguida em descrença.

— Você tá sendo legal? Comigo? É sério isso?

Eu estava abismada, porque nas últimas semanas ele só bufava e revirava os olhos pra mim, não que ele não tenha feito isso agora mas... Ah vocês entenderam.

— Não vai sonhando alto aí não slime feminina, só é humilhante vê você falhar em algo tão simples assim. — ele zombou.

— Se é tão simples assim mostra como se faz, rei da cocada japonesa. — desafiei ele, cruzando os braços e apoiando meu pé em cima do meu skate.

Ele se levantou, pegou seu skate com atitude e olhou com deboche para mim.

— Presta bem atenção porque eu não vou fazer de novo.

E ele meteu um hardflip do jeito mais fácil ainda que Reki tentava me ensinar. Me senti um pouco burra por não saber fazer isso, mas não durou muitos segundos porque eu sou invejosa, então se Miya conseguia, eu também iria conseguir, nem que eu quebrasse minha cara até lá.

Assim, eu me preparei, tentando lembrar de como ele fizera, no posicionamento dos pés, da força que usou e da confiança que projetou em si mesmo e eu vou dizer que o que aconteceu no momento seguinte foi meio estranho.

Conseguir com perfeição o hardflip não aconteceu, meu corpo foi pra frente e quase bolei no chão igual pneu descendo ladeira abaixo, mas não foi isso o estranho, foi o Miya sorrindo sem parecer aquele sorriso superior, com arrogância costumeira. Ele sorria igual gente normal, o que era bizarro vindo da parte dele.

Acho que ele percebeu o que estava fazendo e logo fechou a cara, mas eu sei o que eu vi e tenho pra mim que Langa e Reki também, porque lá vinham eles dois juntinhos rindo olhando pra mim e pro Chinen.

— Finalmente estão sendo seres humanos civilizados? — Perguntou Reki bebendo sua bebida da latinha amarela dele.

A de Langa era azul, ele entregou uma verde para o garoto gato e me deu uma vermelha.

O gosto era bom.

— Miya finalmente agiu como gente e foi legal, em partes né.

Langa admirou-se.

— Por mais de 5 minutos?

Miya grunhiu e olhou pro céu, negando com a cabeça.

— Dá um tempo aí, ela só tava fazendo um hardflip do pior jeito que eu já tinha visto na minha carreira de skatista. 

𝐅𝐫𝐮𝐢 𝐕𝐢𝐭𝐚 - 𝗥𝗼𝗺𝗮𝗻𝗰𝗲 𝗰𝗼𝗺 𝗠𝗶𝘆𝗮 𝗖𝗵𝗶𝗻𝗲𝗻Onde histórias criam vida. Descubra agora