Capítulo 4

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Jungkook remexia o copo de uísque com seus pensamentos bem longe do bar em que se encontrava. Jimin tinha o deixado no hotel há poucos minutos e por mais que sua vontade fosse ficar no quarto e descansar bastante, não conseguira dormir, então resolveu beber um pouco no bar do próprio local.

Ele estava cansado de uma maneira que ia além do físico. Sentia que sua vida estava nas mãos de outras pessoas e isso sem contar que não conseguia falar com seus pais. Não era para pedir ajuda ou pedir para que eles o retirassem da missão, mas queria ao menos conversar com eles caso aquela fosse a última vez que ouviria suas vozes.

Era deprimente, ele concluiu. Deveria ter aceitado ficar com Jimin, mas a verdade é que estava envergonhado. Eles haviam quase se beijado, mas era uma mentira por parte do outro caçador, somente uma lição que talvez não deveria ter mexido daquele jeito com os seus sentimentos.

Ou, talvez, na verdade, estivesse somente tentando viver seus últimos momentos de vida e ter um pouco de prazer.

Ele suspirou, bebericando mais do líquido que caiu queimando a sua garganta.

Por que tudo tinha que ser tão complicado? Dias antes, se alguém falasse o que ele deveria fazer com um vampiro, sua resposta seria: matá-lo. Mas, agora, após conversar uma tarde com Jimin, talvez estivesse errado toda a sua vida.

— Outra?

Jungkook levantou o olhar para a bartender e aceitou a bebida que ela oferecia. A moça sorriu, colocando o cabelo atrás da orelha, batendo seus cílios da mesma maneira que Jimin fez mais cedo. Ele quase riu, mas acabou fingindo não perceber. Agora, não estava mais com vontade para sexo.

Enquanto esperava a bebida, Jungkook correu os olhos pelo bar. Estava entediado e quase ligando para Jimin para informar que queria participar da patrulha noturna, mas quando seus dedos tocaram no celular no seu bolso, ele viu uma pessoa que já conhecia.

O homem era um pouco mais alto do que ele e o terno que vestia caia muito bem com o corpo musculoso. Jungkook o observou da onde estava, tomando um gole do uísque, porém, o outro nem o fitou, estava atento ao celular em suas mãos.

Passaram-se alguns segundos daquela maneira, até que o homem xingou baixo para o celular, deixou umas notas em cima da mesa e seguiu para fora do bar.

Jungkook virou para a bartender, piscou um dos olhos e foi atrás do outro.

O local onde o homem parou foi no estacionamento do hotel. Jungkook ficou escondido por uma parede, observando o ar condensado escapando dos lábios do homem, que olhou para o celular mais algumas vezes antes da pessoa que ele esperava aparecer.

Um vampiro.

Instintivamente, Jungkook estendeu a mão a cintura, segurando a sua adaga de obsidiana. Jimin poderia ser melhor em luta e mais experiente, mas ainda sabia como matar um vampiro. Por mais que agora questionasse se deveria fazer tal coisa ou esperar para saber se o vampiro faria mal ao humano.

— O de sempre — o humano disse, estendendo uma grossa bolsa para o vampiro. — Como anda a sua esposa?

— Vai bem — o vampiro respondeu, rindo. — Ela mandou um beijo para você. Devo me preocupar?

O humano levantou a sobrancelha, dando uma risada.

— Não sei, vamos ver: o humano com idade para ser neto de vocês ou um amor que dura desde os anos vinte? Hm... Acho que você está em perigo, hein!

O vampiro sorriu, antes de entregar o envelope para o homem — que nem conferiu o conteúdo —, que o colocou no bolso do sobretudo.

— Boa noite, Namjoon — disse o vampiro, fazendo uma reverência rápida.

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