Capítulo 73

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Hoseok chegou no hospital com o coração na mão, se é que isso ainda era possível para ele. Ao menos estava aliviado por Dawon escolher o local do nascimento longe do hospital que estagiou por um período — seria difícil explicar como estava vivo se meses antes, estava morto.

Yoongi conseguiu as informações necessárias na recepção e não demorou para chegar no andar da maternidade. Eles vasculharam os rostos por uns segundos, Hoseok logo reconheceu aquele que era o marido da sua irmã.

Sua primeira ação era ir até o homem, mas logo parou no lugar. Ele estava morto. Teria que pensar em uma história convincente e rápida — poderia usar compulsão, mas, não parecia justo com o pobre homem, que já dali conseguia ver estar agitando por conta do nascimento do primeiro filho.

— Amor? — Jimin logo chamou por Hoseok, segurando e apertando a sua mão. — Tudo bem?

— O que falarei para ele? — Hoseok fitou Jimin e em seguida, Yoongi. — Qual a minha desculpa para estar aqui? Quem sou eu para ele?

Yoongi compreendeu aquele medo, por muito tempo depois da transformação, começou a pensar como ficaria a vida, como seria quando todos que amamos vão morrendo aos poucos? No caso de Hoseok era um pouco diferente: a irmã do pupilo sabia que ele estava bem e vivo, já o marido dela, não. Naquelas circunstâncias, a mentira somente dobraria de tamanho.

— O que você quer fazer, amor? — Jimin perguntou, com cuidado. — Podemos ficar por aqui e quando sua irmã puder te receber...

O médico suspirou. Ele não queria aquilo, queria poder ficar próximo da sua irmã desde o início. Então, dessa maneira, a resposta lhe veio com facilidade:

— Não — disse Hoseok, colocando a mão no bolso do casaco. — Darei o meu jeito — garantiu.

Hoseok colocou o óculos que retirou do bolso, achando graça de usar tal peça para disfarçar seus olhos avermelhados — sentia-se Clark Kent daquela maneira.

— Ei, nós te amamos — disse Yoongi, segurando Hoseok pelas mangas e sorrindo. — Tudo ficará bem.

Era o que Hoseok precisava ouvir. Ele concordou, antes de seguir para perto do cunhado.

O homem estava com a cabeça praticamente enfiada nos próprios joelhos, uma tensão enorme em seus ombros. Ele sentiu pena, por mais que não conhecesse o homem, mas se Dawon o escolheu, teria que confiar que era uma boa pessoa.

— Com licença?

Demorou alguns segundos para o homem fitar Hoseok e realmente vê-lo ali. E ainda mais alguns segundos para perceber a semelhança de Hoseok e Dawon.

— Oh! Você deve ser o primo da minha esposa!

Hoseok arregalou os olhos, mas concordou levemente com a cabeça. Claro que Dawon já havia pensado em uma história, ela sempre era melhor nesse tipo de desculpa do que ele.

Wow! Você é mesmo a cara do irmão dela... — O homem abriu a boca em um "o" característico. — Nossa, estou impressionado. Não o conheci, mas pelas fotos... Nossa! Tirando o cabelo diferente e o óculos...

— Claro... — Hoseok engoliu a seco, antes de fazer uma reverência. Precisava pensar em um nome rápido e pedia aos céus que Dawon não tivesse inventando um antes para o marido. — Prazer, sou... Jung Hojin.

O homem repetiu o gesto.

— Sou o Kong Songho, mas pode me chamar só de Songho.

Hoseok não sabia o que fazer além daquilo. Fitava o homem e somente pensava em como queria ter aquilo de volta, poder fazer parte daquela família de maneira tão tranquila, ser acolhido sempre que resolvesse conversar com a irmã ou até cuidar da sobrinha que estava para nascer quando Dawon e Songho estivessem trabalhando. Eram tantas vontades, tantas coisas que gostaria de fazer, contudo, sabia que tudo não passava de uma simples ideia que nunca chegaria ser realizada.

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