Capítulo 59

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Seokjin saiu da cama antes que Jungkook acordasse. Não que realmente precisasse dormir, mas gostava de segurar o namorado enquanto ele babava em sua camisa — o que era assunto banido de suas conversas, pois, segundo Jungkook, ele nunca babava.

O vampiro pretendia fazer o café matinal para os humanos, mas conseguiu ouvir Yeonjun cantarolando enquanto preparava a refeição — pelo aroma, omelete com tofu.

Ele então foi para a sacada do quarto, com o celular em mãos. O reflexo branco batia na madeira ripada da cerca e refletia em seus pés descansos. Era uma bela visão e essa se intensificava com a natureza em volta. O vampiro podia observar a montanha ao longe e as centenas de árvores que cobriam o caminho até ela. Tudo era tranquilo e o som mais alto que podia identificar era o da queda d'água a dois quilômetros dali.

Deixou-se aproveitar da natureza um momento, o vento em seu rosto, o som de um grilo solitário em seu cricrilar constante. Era bom, há muito não se sentia tão tranquilo daquela maneira.

Seokjin puxou o ar que não precisava antes de se sentar na cadeira de madeira da sacada. Fitou a tela do celular por uns segundos antes de ligar para a sua filha ou neta, tanto fazia naquela altura.

— Lembrou que tem filha, é? — A voz o atendeu de supetão e Seokjin riu com o descaramento. Aquela garota realmente tinha o seu sangue.

— Haneul, tem três dias que não entro em contato.

— E eu poderia ter morrido nesse tempo!

— Oh, céus! — Seokjin suspirou. — Como você está? Está tudo certo com os seguranças?

— Sook gosta deles. Principalmente do que parece que a cara quebra se der um sorriso. — Haneul explicou.

— Deve ser Mark. Ele não tem muito contato com crianças. — Seokjin riu, mas sua voz se tornou preocupada outra vez: — Eu te disse para não conversar com eles.

— Eu não conversooo, só um pouquinho. Mas, quando são outros, tranco as portas.

Seokjin conseguia ver Haneul fazendo isso, principalmente para os vampiros que ele enfrentou no beco. Não gostava de julgar, porém, por mais que considerasse Youngjae e Mark como aliados, não gostava da maneira que eles conduziam o covil: muitos vampiros e poucos recursos.

— Aquele homem apareceu mais alguma vez?

— Não que eu tenha reparado...

— Tudo bem... Haneul, como você se sentiria se eu pedisse para você se mudar para Busan?

A mulher ficou em silêncio por uns instantes e Seokjin esperou uma negativa, mas ela rebateu com uma pergunta:

— Por quê? Você está em Busan?

— Não e não falarei por telefone, mas tenho uma casa lá e um amigo por perto... Acredito que ele seria mais confiável do que Mark. Mas, eu não quero fazer você se mudar contra sua vontade.

Haneul ficou em silêncio por longos segundos antes de falar:

— Acho que não seria um problema ser cabeleireira em Busan. — Ela suspirou. — E a moça...? A que é irmã do seu amigo? Ela não vai se mudar, o trabalho do marido dela é por aqui...

— Penso eu que ela esteja segura, Haneul.

A mulher voltou a suspirar.

— Se você pensa ser mais seguro, eu me mudo.

— Tudo bem. Organizarei tudo. Qualquer coisa você me liga, tudo bem?

— Obrigado, vovô.

Seokjin revirou os olhos. Por que todos os humanos que conhecia o chamavam de "avô"? Ele estava na flor da idade!

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