Capítulo 9

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AVISO DE CONTEÚDO: Homofobia; Descrições gráficas de violência; Canibalismo; Gore/Horror

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O cheiro de sangue atraiu Hoseok para fora do lugar que agora era a sua casa. Seus instintos falaram mais alto e somente deixou que seu olfato o carregasse.

Ainda era estranho para ele como agora era sangue que o atiçava. Quando vivo, amava o cheiro de chocolate ou da comida quentinha da sua mãe quando chegava cansado da faculdade. Comida sempre foi algo carregado de amor para Hoseok, mas agora além de não poder provar mais nada do que gostava de comer, sua alimentação se restringia a uma coisa: sangue.

O problema era que todo sangue que provara, tirando de duas pessoas, era horrível. Ainda assim, o cheiro lhe atraía. Talvez fosse saboroso dessa vez, ele repetia para si. Talvez agora deixasse de ser o vampiro mais estranho de todos.

De repente, o cheiro ferroso sumiu.

Hoseok parou no lugar, olhando e em volta enquanto tentava o encontrar de novo. O que será que havia acontecido? Seria um ferimento pequeno e a pessoa colocou um curativo?

Confuso, continuou a caminhar por alguns minutos, até uma ambulância sair de um local de acidente e passar por ele às pressas. Ele suspirou, um pouco relaxado, porque um: não era um estranho que havia capturado o cheiro de um cortezinho de sangue qualquer e dois: as pessoas envolvidas no acidente já estavam à caminho do hospital, então não seriam suas presas.

Agora que o sangue já não estava anuviando seus sentidos ele pode parar para olhar a seu redor, dando-se conta de que não sabia onde estava. Naqueles poucos dias não havia ido para além do jardim da residência de Yoongi e agora estava completamente perdido.

Ele tateou o bolso em busca do seu celular, mas não o encontrou.

— Merda, ficou com Jimin.

O vampiro grunhiu, procurando por placas para se guiar. Os estabelecimentos estavam em sua maioria fechados, sobrando alguns bares e boates, porém, Hoseok sabia que se entrasse em um local desses, não iria resistir à sede e era exatamente o que estava tentando fazer. A ambulância levara suas possíveis vítimas e agora tentaria voltar para casa sem atacar nenhuma outra pessoa.

Hoseok tentou caminhar por um tempo, com a esperança de que seu mestre e amigos estivessem atrás dele. Ainda faltava um tempo para o nascer do sol, então por enquanto estava seguro.

Com a cabeça abaixada e as mãos no bolso da calça, tentou ser imperceptível até para outros vampiros, que provavelmente estavam em busca de comida naquela hora. Era estranho pensar que já fora um jovem em uma festa em um horário como aquele, e provavelmente, quando vivo, encontrara algum vampiro sem saber. Yoongi o dissera, que se um humano fosse transformado, conseguia se recordar caso tivesse sofrido compulsão em algum momento da vida, então como não tinha nada do tipo na sua memória, nunca serviu de lanchinho de vampiro. Parecia algo bom no final das contas.

Ele virou uma esquina qualquer e então o cheiro de sangue o atingiu novamente. Hoseok parou no lugar e seus pés chegaram a dar alguns passos para trás, mas como em transe, seus pés bateram no asfalto até o local que o atraía. Era impossível resistir à sede que lhe queimava todo o interior.

— Por favor, parem! Por favor! E-eu só quero ir para casa! — Uma voz frágil e chorosa suplicou seguida de um grito intenso de dor.

Hoseok virou uma rua sem saída e então viu o que acontecia: havia um rapaz caído no chão e quatro homens o espancando.

— P-por f-favor, p-para...

— É isso o que você grita na cama?

E outro grito de dor cortou os lábios do rapaz enquanto os homens davam risadas.

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