Capítulo 61

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Seokjin sentiu um puxão em seu peito enquanto montava a estante de livros. Ele parou e esperou que não fosse nada, que seu corpo somente estivesse agindo estranhamente, mas, a dor começou. Foi forte e intensa, partindo do seu coração.

O vampiro levou a mão ao peito, sentindo lágrimas tomarem os seus olhos.

— Jungkook — murmurou. — Jungkook...

Jungkook estava sofrendo de maneira terrível, o forte Laço deles conseguia capturar a sofrida emoção, mas Seokjin não fazia ideia de onde ela vinha e o que causara tal coisa.

— Amor...

Seokjin pegou o celular, controlando-se para não se debulhar em lágrimas. O que estava acontecendo com o seu namorado? Por que ele sentia tanta tristeza dentro de si?

Ele ligou e ligou, mas Jungkook não atendeu e sua dor pareceu ainda mais forte. O Laço estava o puxando em direção ao sofrimento do seu namorado.

Mesmo com tudo desarrumado, Seokjin pegou suas coisas e partiu para o seu carro.

Era hora de voltar para casa.


══════ † ══════


Jungkook não sabia onde estava. Ele tentou se localizar, mas a verdade é que sua mente estava longe, ela estava focando no fato de que seu pai havia matado sua mãe a sangue-frio e ninguém se importava.

Ahri morreu sozinha, pelas mãos do próprio marido e Jungkook somente conseguia sentir seu coração diminuindo de tamanho a cada instante que pensava naquilo.

Sua mãe, sua querida mãe, não estaria mais lá, não iria mais o abraçar quando sentisse saudade, não iria mais dizer o quão orgulhosa estava dele. Simplesmente, a existência dela foi retirada do mundo há nove meses e nada havia sido feito. O culpado não foi julgado, e Jungkook vivera em uma mentira durante todo aquele tempo.

Jungkook não sabia exatamente o que mais doía naquele momento. Sentia-se tão sozinho, abandonado em um mundo onde a sua base, aquela que esteve sempre ao seu lado desde os primeiros passos, não estava mais lá.

Seus joelhos cederam e sem forças para se mover, Jungkook deixou suas costas contra uma árvore. Ele fitou as folhas secas sob seu corpo, mas não conseguia se importar com nada. A sujeira da terra em suas roupas refletia como se sentia.

Sentia-se sujo, como o menor ser do mundo, o mais imundo, que não merecia nada além de dor e sofrimento. O que mais poderia sentir quando seu próprio pai fez algo assim? Assassinou a mulher que dizia amar? A mulher que jurou proteger quando a tomou em casamento.

Conseguia recordar as histórias que sua mãe contava, como havia sido o primeiro encontro deles e como se apaixonara pelo parceiro em poucos meses. Ela contava tudo com tanta alegria nos olhos que Jungkook acreditou que o amor existia e que quando se estava ao lado da pessoa amada, nada mais importava, que o mundo era um lugar para se conquistar entre amantes. De mãos dadas e com sentimentos bons em seu coração.

Oh, bobo! Como havia sido um bobo! Acreditava que seu pai amava sua mãe, que ele era um homem bom e que não tinha o levado para um momento traumático ao assistir um vampiro sendo torturado e morto cruelmente. Defendeu-o com todas as forças, quase perdeu o homem que hoje amava, por conta do seu pai, mas ainda assim, acreditava haver algo de bom nele, que o homem não era de todo mau. Mas, agora enxergava além de suas barreiras de um bom filho. Podia ver como Hyun era repugnante, como dissera que sua mãe estava bem em Busan, quando ela estava morta, sabe-se lá onde!

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