Capítulo 41

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Doía para respirar, Jungkook concluiu após andar dois quarteirões com dores, mas ele não parou.

No bolso, seu telefone vibrava pela terceira vez naquela noite. Era Jimin. O noivo estava preocupado com o seu sumiço e o queria de volta em casa. Jungkook apreciava o carinho do parceiro, mas não podia voltar daquela maneira para a sua casa, não quando deixaria Jimin arrasado e pronto para contar para os vampiros tudo o que vinha acontecendo. Se Jimin o visse tão machucado, não aguentaria manter aquele segredo.

Ele somente continuou a caminhar, ou quase isso, pois sua perna doía tanto que praticamente a arrastava por aí, mancando pelos cantos e chamando atenção para tal coisa. Duas moças já haviam atravessado para desviar dele, não que se importasse, somente mostrava como estava mal.

Jungkook nem quis olhar sua aparência. Depois dos socos, pontapés, chutes e palavras que continham somente humilhações, ele ficou deitado no chão do seu escritório, sabendo que todos por ali tinham noção do que acabara de acontecer. Mas, Lee Hyun era famoso e muito respeitado, já seu filho somente estava no cargo por nepotismo, não merecia ajuda, não merecia uma mão estendida e um copo de água fresca. Aos poucos, Jungkook não se sentia mais pertencente àquele lugar, eles não pareciam o povo companheiro que fingiam sempre ser. Ali, Jungkook somente sofria, muito diferente de quando sorria, com uma imensa mesa repleta de comida feita por pessoas que nem se alimentavam daquilo, mas, que tinham carinho o suficiente para não lhe deixar com fome, para sempre perguntar o que estava sentindo.

Sentia-se em casa com o povo que deveria ser seu inimigo.

O telefone voltou a vibrar e por um momento, quis atender, mas esse logo passou. Jimin desistiria em algum momento, cairia no sono ou algo assim. Precisava daquela noite para si mesmo, pela manhã o veria de novo e estaria se sentindo melhor, sem aquela vontade de chorar em desespero presa em seu peito.

Jungkook continuou a mancar por Seul e a sentir dor a cada movimento seu. Não sabia para aonde ir ou o que fazer, mas queria esquecer de como sua vida estava no momento. Tirando Jimin e o companheirismo dele, não tinha mais nada, sentia-se só e machucado, não só fisicamente, mas em sua alma. Seu pai era uma pessoa horrível e não tinha mais o seu chão familiar.

Uma fraca chuva começou a cair e Jungkook suspirou pesado. Será que é Namjoon? Não pode deixar de se perguntar. Espero que ele não esteja triste.

Acabou achando graça da própria preocupação. Antes, odiava o legista, agora se via sempre interessado para saber dos seus dias, se tinha começado o treinamento ou como era ser um dragão. Também se perguntava como andava o coração dele, se já amava outra pessoa depois de Seokjin.

E, novamente, seus pensamentos voltaram a ele. Era sempre assim. Sua mente sempre voltava a Seokjin.

Cansado, Jungkook se sentou no primeiro banco que viu e quando levantou o olhar, riu. Do outro lado da rua estava a fachada azul do clube onde passara meses fingindo ser um simples humano atrás de mordidas de vampiros. Claro que ele voltaria para ali, claro que seu corpo o levaria para o lugar que mais o lembrava de Seokjin.

— Nossa, você está um lixo, garoto.

Jungkook somente não pulou no lugar devido às diversas dores. Ele olhou para o lado com dificuldade e viu uma mulher ocupando a parte livre do banco de cimento. Chanmi, sua ex-chefe.

O cabelo da mulher estava solto e na luz fraca do poste, Jungkook pôde ver ela tragando um cigarro, fitando a porta do seu clube.

— Quer um?

— Quero.

Jungkook acendeu o cigarro e o tragou de forma longa e profunda. A fumaça preencheu seus pulmões e a nicotina logo invadiu sua corrente sanguínea. Ele não fumava com frequência, se fosse sincero, aprendera aquilo com o pai e não era muito agradável, porém em momentos de estresse sempre se via recorrendo a um ou dois.

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