Capítulo 97

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Namjoon deixou que Taehyung ajeitasse a sua gravata. Ele não escondeu sua tristeza, mas ainda assim, estava contente por seu marido ali, ajudando-o quando seu coração mais precisava.

Eles estavam de volta em Seul, mais especificamente na Comunidade de Dragões, que abriu novamente exceção para a presença dos vampiros no local. A ocasião era a cerimônia fúnebre de Jackson e Sunmi.

Quando Namjoon recebeu a notícia que sua mãe seria enterrada ao lado do seu pai, ele não aguentou e começou a chorar. Não imaginava que os dragões fariam aquilo por vampira, mesmo que de fato ela fosse o amor da vida de Yong Bul. Agora, preparando-se para o duplo enterro, seu coração já aceitava tudo o que ocorreu, por mais que ainda fosse triste pensar que perdeu duas pessoas tão importantes para ele de uma só vez.

— Estás perfeito — Taehyung murmurou, passando a mão no cabelo do marido para acertar.

— Obrigado — respondeu de forma automática.

Taehyung sorriu fracamente, sentando-se ao lado de Namjoon e tomando a sua mão com cuidado.

— Queres conversar?

Namjoon levantou e abaixou o ombro, suspirando.

— Tive tão pouco tempo com eles — Namjoon disse, enlaçando seus dedos no dos maridos. — Parece que eu os ganhei só para os perder.

— Sinto tanto por sua dor, meu amor. Entendo o que estás passando: essa dor de ter pessoas que te fazem tão bem, tão feliz... e de repente, elas não estão mais lá.

— Não é justo...

— Eu concordo: não é — Taehyung respondeu, beijando a bochecha do marido com carinho. — Mas não estamos aqui para isso, amor. Estamos aqui para homenageá-los e ficarmos felizes por somos honrados o suficiente de os ter conhecido. É o que Jackson e Sunmi gostariam. Não acha?

Namjoon queria pensar que sim, que aquele momento de despedida seria bonito e faria a dor do seu coração melhorar ao menos em parte, porém, não queria se enganar, não queria acreditar que seu luto acabaria do nada, pois, a vida não funcionava daquela maneira. Mas, ouvir Taehyung sendo tão claro e compreensivo com a sua dor, era bom, aquecia o seu coração de alguma forma.

— Tae, posso te perguntar uma coisa?

— Com certeza.

Namjoon sorriu, suspirando.

— Sei que já conversamos sobre isso antes, mas nunca perguntei isso em específico — explicou Namjoon antes de continuar: — Como você lidou com o luto? Sei que você desenvolveu sua Agorafobia, mas... e o resto? Como foi?

Taehyung levantou as sobrancelhas, sua memória vagando para séculos antes. Ele se lembrava de tudo o que sentiu, de toda a dor de perceber que Seojoon não estaria mais lá, que o seu marido não mais voltaria.

— Bem, eu chorei — Taehyung disse, seu olhar fitando uma parede enquanto pensava em todo o resto. — Também ficava muito com Seokjin e Yoongi, eles me ampararam quando eu não tive consolo. Com o tempo, a dor foi diminuindo quando... comecei a conversar com ele.

Namjoon franziu a testa, fitando o marido em confusão. Taehyung sorriu.

— Comecei a escrever diários, meu marido — explicou o vampiro. — Primeiro, os peguei como formas de deixar guardado o que eu passei no dia e o que Seojoon gostaria de me ver fazendo. Eram cartas para o meu marido, como... se ele só estivesse em uma viagem distante.

— Isso é bonito — disse Namjoon.

— Com o tempo, as cartas foram virando diários de qualquer coisa, até de anotações sobre novos estudos que eu fizera. — Taehyung sorriu. — Quando percebi, não endereçava mais cada dia a ele e foi aí que notei que mesmo com tanta dor, com toda a injustiça que Seojoon sofreu, eu podia aceitar e superar, por mais que Seo estivesse para sempre em meu coração.

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