Capítulo 16

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- Julie -

Despertava com a luz do dia refletindo em meu rosto. Demorei alguns segundos para lembrar onde eu estava.

Virei para o lado e notei que eu estava sozinha no quarto.

Pulei da cama, espreguiçando. Vesti uma camisa dele dobrada na poltrona. Me olhei no espelho e levei um susto com o desastre que estava meu cabelo.

Respirei fundo e me peguei observando melhor o seu quarto. Tão minimalista quanto a vibe de uma recepção de clínica médica. Não tinha nada de cor. Tudo cinza, branco e preto. Bem mais organizado que o escritório do galpão. Até parece que as poucas coisas aqui foram milimetricamente colocadas no lugar. A única bagunça nesse quarto além do meu cabelo é o edredom em que eu estava enrolada há minutos.

Sentei na escrivaninha e me girei na cadeira de rodinhas. Semicerrei os olhos na direção do móvel vazio e solitário. Abri a única gaveta dele e consta um caderno marrom desgastado de tanto uso. É a única coisa velha do ambiente. Antes de pegar escutei um barulho vindo da sala. Fechei a gaveta no impulso.

Saí do quarto, passei pela mesa de sinuca e não pude evitar de sorrir lembrando da noite anterior.

Ao chegar na sala encarei a mesa redonda com um banquete que poderia sustentar o prédio inteiro. Engoli em seco.

— Você acordou — ele falou atrás de mim.

Me virei seguindo sua voz.

Lucas me observa vestindo apenas uma calça de moletom, com as mãos no bolso. O cabelo molhado denunciou que ele saiu do banho agora.

— Acordei — respondi baixinho.

Ele passou por mim e sentou à mesa.

— Não sei o que você gosta de comer além de uvinhas — contive o sorriso ao ouvir ele imitando o Betinho. Confesso que ficou fofo — Então mandei entregar um pouco de cada coisa.

— Estou sem fome — dei de ombros.

— Não comeu nada desde ontem e pelo o que eu lembro, a princesa gastou bastante energia — ergueu uma sobrancelha de maneira sugestiva.

— Por que tudo isso?

— É só um café, Molina. Eu preciso mesmo explicar isso?

Fui até ele e sentei em seu colo. A coluna dele ficou ereta com a minha ação inesperada. Aninhei o lóbulo da orelha dele e em resposta segurou a minha cintura, me acomodando melhor.

— Você me fez uma pergunta ontem — franzi o cenho.

"Você quer ir? Eu preciso ouvir.'

— Fiz — murmurou com um som rouco.

— E eu não respondi — molhei o lábio inferior e seu olhar caiu para a minha boca.

— Não respondeu — senti o polegar dele acariciar o meu quadril por cima da camisa dele que eu usava.

Com a minha mão livre, segurei seu queixo e inclinei o rosto dele para cima, para que seu olhar voltasse ao encontro do meu.

— Eu nunca sei o que você vai fazer. Todas as suas ações são inesperadas, Lucas — nos encaramos com seriedade.

Ele pensou por longos segundos.

— Você também. Essa sua cabecinha é muito criativa para surpresas. Você me deixa... louco.

— E você me deixa exposta — revelei. Não sei exatamente o que eu estou fazendo.

— Como assim? — me olhou confuso.

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