Capítulo 07

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- Luke -

Me espreguicei esquecendo que eu estava com a costela fodida.

A dor invadiu me obrigando a lembrar de tudo ontem. A minha cabeça latejava como sempre quando algo dava errado.

Olhei para o lado e eu estava sozinho.

Ela dormiu aqui mesmo? Comigo? Lembro de borrões no momento em que a anestesia fez efeito.

Não sei direito o que falei e o que poderia ter sido um sonho. O banheiro... isso eu lembro muito bem. Cada mísero detalhe.

— O folgado acordou! — ela entrou com uma bandeja na mão. Ergui uma sobrancelha, desconfiado, para a cena — Não fale nada, ok? Isso aqui é um surto coletivo.

Colocou a bandeja no meu colo e cruzou os braços, me encarando com uma certa ansiedade que eu não consegui distinguir com a minha cabeça girando a milhões.

— Que porr...

— Cale a boca — interrompeu — Coma tudo.

Encarei o ovo frito com casca, não contendo a careta. Peguei o pedaço do bacon queimado e levantei para ela arqueando uma sobrancelha.

— Eu tive que pesquisar como ligar o fogão, ok? Deveria ser grato por ter o que comer. Agora engula e não reclame.

— Você quer terminar de me matar, Molina? Eu te dou uma arma e você termina o serviço. Não precisa me intoxicar antes.

— Engraçadinho.

Tomei o suco e voltou no mesmo instante. Tossi, tentando expelir o gosto horrível impregnado na garganta, consequentemente forçando os pontos na costela. Em defesa automática do meu corpo, travei, segurei a respiração e me contive para não doer mais ainda.

— Que porra é essa? — semicerrei os meus olhos.

— Ingrato — revirou os olhos — Foi o que eu achei na geladeira, deve ser suco.

— Isso com certeza não é suco — tirei a bandeja de cima e olhei o curativo — Cadê o meu celular?

— Não sei — respondeu com a voz travessa. Ela aprontou algo.

— Molina, não me faça repetir.

— Vai fazer o quê? — sorriu em deboche.

Apertei os lábios, sentindo a dor insuportável.

— Garota...

— Embaixo do seu travesseiro — respondeu revirando os olhos, indo em direção a porta — Seu humor matinal é péssimo.

-Julie -

Me escondi no hall.

Não necessariamente me escondi, mas tendo em vista que ele vai dar chilique por eu ter tirado várias fotos com o celular dele. Confesso que tentei ver as suas mensagens, mas é bloqueado por senha e não por identificação facial. É melhor esperar passar um tempo para ver se a fera vai estar mansa.

A porta do hotel se abriu e em um sobressalto olhei na direção do barulho.

— O que é você? Digo... quem é você...?

— Não lembra de mim, majestade? — o garoto fez uma reverência, segurando uma sacola grande — Sou o Betinho, eu trouxe a encomenda para o Chefinho naquele dia.

— Ah claro! Então esse é o seu nome! O que está fazendo aqui?

— Eu chamei — a voz rouca do Pinscher ecoou atrás de mim e eu senti um arrepio involuntário.

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