Chapitre Trois

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Comer brigadeiro com Alice era uma dos meus programas favoritos pós hospital. Assistiamos alguma série de fantasia, na maioria das vezes Game Of Thrones, e dávamos colheradas e mais colheradas no doce.

- Esse Robb Stark é muito burro.

"Você aceita trocar seus aliados e o Norte por uma gatinha?" Robb Stark: Sim!

- Uma pena, porque eu queria tanto que ele ficasse com o trono de ferro. - Ela suspirou e deu um puxão no edredom que nos cobria.

- Alice?!

- O que foi?

- Em um mundo onde Daenerys Stormborn existe, você prefere Robb Stark?

Inacreditável.

Esse era o problema quando assistiamos GOT, eu era apaixonada pela casa Targaryen, e via o Robert Baratheon como um usurpador. Já Alice entendia as razões dele, juro, ele se revoltou contra o próprio rei e causou a morte de crianças por que foi rejeitado? Maturidade, Robert.

- Ele poderia ficar com o trono até ela chegar à Westeros. Se ele matasse o Joffrey, já seria perfeito.

O lado bom era odiar Joffrey Baratheon com ela. Eu vivia pelo momento que ele partisse daquela para uma pior - óbvio que ele não iria para uma melhor - eu li os livros antes de ver a série, estava ansiosa para essa parte.

Fomos dormir duas horas da manhã, e o despertador já estava programado para as seis e meia. Mal fechei os olhos e ele tocou.

Precisávamos escolher um horário melhor para assistir série, onze horas era muito tarde, e dormir de madrugada estava acabando comigo.

Gastei um tempo passando maquiagem, nada muito forte, escuro ou chamativo, apenas uma pele básica. Meu cabelo, graças à Deus, não fedia mais a vômito.

E falando nisso, ao chegar no hospital a primeira pessoa que vi foi justo esse paciente. O jovem moreno e alto, de barba rala, aguardava na recepção com uma caixa em mãos.

- Oi, doutora. - Eu passava perto dele quando entrou na minha frente. Parei e o olhei. - Bom dia.

- Bom dia! Está sentindo alguma coisa?

- Não, eu só vim aqui pedir desculpas, por ontem. - Deu um sorrio amarelo. O coitado estava sem graça, mal olhava no meu rosto.

- Ah, tudo bem! Essas coisas acontecem.

- As pessoas costumam vomitar em você? - Riu, foi a primeira vez que vi um semblante mais leve, solto, em seu rosto.

- As vezes. Na pediatria é bem comum.

- Entendi. - Fez uma pausa antes de retomar à fala. - De qualquer forma, eu comprei isso pra você. - Me entregou a caixa branca de papelão, na parte superior havia um plástico, por onde era possível enxergar o conteúdo: bombons.

- Muito obrigada, é muito gentil.

A sobremesa do dia estava garantida. Eu era uma formiga, não podia ver um doce que já queria. Minha avó me ensinou a fazer algumas coisas, a cozinha no geral não era meu forte, mas nos doces eu sabia me virar muito bem. Inclusive, já sabia o que levaria para o jantar mais tarde: uma Tarte Tatin.

A famosa torta de maçã invertida.

No primeiro tempo livre que tive, fui até a cardio procurar por Lottie, a encontrei em um dos corredores, atendendo um senhor que estava numa cadeira de rodas.

Ele tinha idade avançada, arrisco dizer que uns oitenta anos. Havia pouco cabelo, e o que ainda restava era branco.

- O senhor precisa tomar o remédio, Seu Fabien. - Charlotte afirmou com as mãos na cintura. - Sua pressão estava nas nuvens, quase teve um infarto.

You're My Universe - Trevor ClevenotOnde histórias criam vida. Descubra agora