Chapitre Cinq

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A paz reinava na emergência. O quão estranho era ver macas vazias, enfermeiros e médicos sentados... claro que ainda tínhamos alguns pacientes mas era tudo tão tranquilo, que em nada lembrava a confusão que esse lugar costumava ser.

Fui à recepção buscar alguns prontuários, o residente, também conhecido como meu chefe, me mandou organizar as fichas dos pacientes que recebiam medicação. E assim que me aproximei do balcão, vi Simon.

Ele estava ali pelo mesmo motivo que eu.

Seu scrubs verde água era impecável, e deixava a mostra as tatuagens que ti há nos antebraços: o símbolo do teatro. As duas máscaras.

- Perdido por aqui? - Dei uma risada é apoiei meu braço no balcão de madeira envernizada.

- Dando uma voltinha. - Empilhou os prontuários, uns vinte, no mínimo. - E você? Aproveitando a paz?

Paz naquele hospital era raro. E na emergência então, era quase um sonho.

Os nossos professores costumavam sempre dizer que a tranquilidade em um hospital é presságio para a maior catástrofe das nossas vidas. Bom, se a catástrofe fosse proporcional a paz, estávamos ferrados.

Simon estava calado, e geralmente ele era o segundo mais falante do grupo - perdendo apenas para Lottie.

Será que a noite lá em casa ontem foi ruim?

Resposta: foi péssima.

Fui sondando, aos poucos, devagar e com paciência. Falei sobre como Ivy dormiu tranquila, abraçada ao meu urso, e questionei à ele se a série tinha sido boa.

A resposta monossilabica entregou que GOT era sempre boa, talvez a companhia que tenha desandado.

- Alice falou alguma coisa, sobre vocês??

- Sim. - Uma esperança surgiu no meu coração, e acendeu nos meus olhos. Ela enfim tinha reconhecido que gosta dele? Os dois abriram seus corações? - Ela disse que eu pareço o irmão mais velho dela.

Murchei igual uma planta sem água. Uma muda de Hortência abandonada no Sol de meio dia sem água, e numa terra seca.

- Não acredito nisso!

- Pode acreditar. - Arregalou levemente os olhos. - Ainda bem que eu não falei nada a ela, e eu pensei em dizer, sorte que não disse.

- Você precisa falar.

- E estragar minha amizade com ela? - Simon colocou as mãos na cintura, e levantou as sobrancelhas. A cabeça se inclinou para o lado.

- Vai estragar sua amizade com ela de qualquer jeito, falando ou não.

Ele olhou para baixo, levou alguns segundos para me dar uma reposta. Sua tréplica. Puxou o ar fundo e falou:

- Então, seguindo a sua lógica, você e Trevor iriam se detestar mesmo que você não tivesse dito a ele o que sentia?

- A gente não se detesta, nunca estivemos perto disso. E aconteceria de um jeito ou de outro. Simon - me aproximei mais dele, e busquei ao máximo olha-lo no olho. - Um dia Alice vai seguir em frente, ela vai arrumar outra pessoa, e você vai se arrepender de não ter dito. É horrível ver quem você ama, amar e ser amado por outra pessoa.

(...)

Simon voltou para a psiquiatria e antes de eu retornar com os prontuários, escutei o barulho estridente das ambulâncias encostando no lado de fora.

Deixei as fichas lá mesmo, na recepção, e corri com os enfermeiros para ver o que estava acontecendo.

Várias ambulâncias, e carros privados, parados na entrada do hospital. Houve um acidente, na subida da ponte, entre um carro de passeio, um ônibus, e uma carreta.

You're My Universe - Trevor ClevenotOnde histórias criam vida. Descubra agora