Chapitre Huit

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O cheiro de pão quentinho que vinha da padaria, invadia a rua. Entrei e precisei aguardar alguns minutos para ser atendida, e mais outros para pagar.

Na fila do caixa, acabei encontrando com a filha da vizinha dos meus pais. Ela estava acompanhada por um rapaz, e quando me viram, os dois começaram a me encarar e conversar entre si.

Demorei a perceber que a maioria das pessoas à minha volta, incluindo as senhorinhas que vivem sentadas na calçada vigiando os outros, também me olhavam.

Meu cabelo não estava bagunçado, eu arrumei antes de sair, e até onde eu podia ver minha roupa não estava rasgada ou suja. Então, o que estava acontecendo??

O melhor que eu poderia fazer era ignorar os olhares, e agir como se não tivesse percebido. Era óbvio que não passava de uma impressão minha, que motivo essas pessoas teriam pra me encarar na fila da padaria? Nem famosa eu sou.

— Ei — a mais velha das duas senhorinhas me chamou, quando eu ja estava de saída. — Seu pai sabe o que você está fazendo?

— O que eu estou fazendo? — A encarei de volta, seus olhos se estreitaram e as rugas ao redor deles ficaram mais evidentes.

— Se esfregando com homem na calçada.

— Oi?! — Levantei as duas sobrancelhas. — Eu não me esfreguei com homem nenhum.

E mesmo se eu tivesse, o que ela tinha a ver? As pessoas gostam tanto de tomar conta da vida dos outros, que esquecem da própria. Por que ela não se preocupa com os problemas dela e me deixa em paz??

— Jura? — Ironizou e abriu a bolsinha azul que segurava, dela tirou um celular. A ultima vez que alguém me mostrou uma coisa no celular, foram as fotos do Marcel e da Sophie.

Ela o virou na minha direção, e vi que também eram fotos, postadas por um perfil do Twitter, e repostadas no Instagram. Contudo, eram minhas com o Trevor.

(...)

Ok. Alguém tirou fotos nossas na calçada, bem na hora que ele fazia cócegas em mim. E juntou com a postagem nos storys dele, que eu apareci, para dizer que nós somos um casal.

Contei até três e inspirei, depois até seis e expirei, ainda dava tempo de resolver essa história. Claro que dava! Nem passei em casa para deixar o pão, fui levando as duas sacolas mais o bolo de cenoura para a casa do Clevenot.

Toquei a campainha e aguardei, parada diante daquela porta imensa. Eu entendo que precisava ser uma porta grande — por causa do Alain e do Trevor —, mas ela devia ter uns três metros de altura.

A espera era agoniante. Toquei mais duas vezes e nada, ninguém veio atender. Que ótimo dia eles escolheram pra sair!!

Talvez o Trevor não estivesse, poderia ter saído com o pai ou com os irmãos mais velhos, mas a mãe dele praticamente não saía de casa. Não me lembro de te-la visto algum dia da porta para fora.

Passava a maior parte do tempo dentro do quarto, pintando. Foi ela quem ensinou o Trevor a usar as tintas, e foi dela que ele puxou o talento artístico.

Pelo menos Claudia estaria em casa. O problema é se ela iria me atender, ou não.

— Florence? — Estava quase desistindo quando tio Alain abriu a porta. Havia um sorriso em seu rosto, e eu também sorri. De alívio. — Quanto tempo! Você cresceu!! Da última vez que te vi era adolescente.

— Pois é, o tempo passa rápido. — As entradas no cabelo estavam maiores, e as marcas na bochecha também. O tempo, realmente, passa rápido.

Porque nas minhas lembranças da adolescência, ele ainda tinha o cabelo castanho escuro, e o rosto liso. Igual nas fotos que ocupavam a estante da sala, ao lado dos troféus, prêmios e medalhas, protegidos por um vidro.

You're My Universe - Trevor ClevenotOnde histórias criam vida. Descubra agora