"Mamãe"

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— Meu pai colocou cláusulas muito específicas.

— Tudo bem, talvez se o senhor me disser, eu poderei te indicar alguém. — Disse pegando meu caderno e o estojo de dentro da bolsa.

— Vai mesmo anotar? — O homem me olhava incrédulo.

— Claro. Prossiga.

— Ah… — Ele começou, parecendo desconfortável em abrir o assunto comigo. — Em primeiro lugar deve ser virgem.

Eu o encarei, duvidando que nos dias de hoje houvesse uma mulher maior de idade e virgem.
Bem, eu ainda o era, mas quando encerrasse minha preocupação com a vovó, teria tempo o suficiente para namorar. 

— Segundo, e não menos importante. A mulher não deve ter tido namoros sérios.  — Ele continuou e eu anotei na lista.

Depois de um tempo o ouvindo, cheguei a conclusão de que provavelmente o avô das garotas queria que o filho se case-se com uma jovem freira.
Ser virgem, não ter tido namorados, gostar de crianças e de animais, não ter mais de trinta e também ter tido um excelente histórico acadêmico. Com toda a certeza o velho queria evitar ter qualquer falatório sobre a nora nas mídias.

— E a tia das garotas se encaixa nestes pontos?

— Sim, ela nunca teve um relacionamento sério por que não tem todos os parafusos no lugar e desde o início todos se assustavam. Bom, ela tem vinte e quatro anos e estudou em um ótimo internato para meninas.  — Oliver explicou, mas a expressão de confusão que veio em seguida, talvez sugeria que ele também se perguntava por que estava me dando tantas explicações.

— OK. Já anotei, aviso o senhor se eu conhecer alguém nestes termos.

Colocando minhas coisas de volta na bolsa me levantei do sofá ajustando-a nos ombros e pegando Olívia nos braços.

— Pode tranquilizar Nicole antes de sair? — Ele pede e eu assinto.

O dragão de sete cabeças, de repente se mostrava ter apenas uma, e ao invés de cuspir fogo, estava sendo até mesmo sociável

Ao nos aproximarmos da porta do escritório para sair, o maior me parou, acariciando o topo da cabeça da filha e depositando um beijo na bochecha rechonchuda da pequena.

— Pronto, podem ir. — Disse ele, nos abrindo a porta.

Se eu soubesse o que viria em seguida, teria me demorado mais naquela sala e jamais abriria a porta com minha colega nos ouvindo ainda do outro lado.

— Nicole. — Seu pai lhe chamava a atenção.

— Elle, achei que éramos melhores amigas, eu nunca te pediria se achasse que não somos. — Nicole me olhava fixamente, com lágrimas prontas para cair dos olhos.

Ela provavelmente esperava que eu me oferecesse como noiva para seu pai. Mas não havia cabimento. Sou apenas uma aluna do ensino médio com dezessete anos e nada de especial.
Como eu me ofereceria pra tal papel. Eu ao menos já havia conversado com o Sr Villalobos, deveria valer de algo, não?

— Sabe pai, eu posso entender que você ficou mal com a morte da mamãe a dois anos e que por isso se afastou da gente, mas não vou perdoar se você se casar com qualquer uma!!

— Nicole, não fale assim. — O pai tentou se aproximar.

A filha deu um passo atrás e vendo o quão destruída minha amiga e a princesinha em meus braços poderiam ficar, eu cedi.

— Sr. Villalobos… — Chamei sua atenção, mesmo com um fio de voz.

Nicole parou, conteve as lágrimas e o pai da mesma passou a me encarar.
Eu ajustei Olívia nos braços, e então voltei a falar:

𝑴𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒆𝒔𝒑𝒐𝒔𝒂 𝒆́ 𝒖𝒎𝒂 𝑪𝑶𝑳𝑬𝑮𝑰𝑨𝑳 Onde histórias criam vida. Descubra agora