"Ao fim, casados"

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Ótimo! Eu tinha esquecido o pequeno detalhe.

Deixei o que eu estava fazendo, voltei ao quarto da bebê com a velocidade que minhas pernas cumpridas permitiam.

— Oliver! Oliver! Acorda Oliver! — O chacoalhei.

— Humm. — Ele resmungou, se enroscando mais com a filha.

A menina dormia muito bem embalada nos braços do pai e mesmo comigo o chacoalhando e chamando consideravelmente alto, Olívia não parecia estar afim de acordar. Assim como o pai.

— Vamos Oliver, hoje é o nosso casamento e temos muito pra resolver! — Eu disse o chacoalhando mais uma vez.

— Cinco minutos por favor amor…

Talvez, apenas talvez eu tenha perdido o chão depois disso.

— Estamos atrasados. — Foi tudo que eu disse antes de sair do quarto.

Alguns minutos mais tarde, todos já estávamos de pé, Oli um pouco mais chatinha que os demais, mas ela não tinha bom humor pelas manhãs mesmo.

Eu tinha que tomar banho antes de ir. Nicole levou meu tempo me mostrando o vestido e o que poderia fazer em meu cabelo para as fotos do casamento civil, quando me dei conta já estava com muitos poucos minutos.

Olivia iria com a gente, então em algum momento eu teria de dar banho e aprontar ela também, só que não tinha como fazer cada uma por separada. Foi assim como ela terminou debaixo do chuveiro comigo.

Quinze minutos mais tarde, já estávamos no quarto. A sequei primeiro, passei os cuidados pós banho nela e a vesti. Nicole era quem tinha jeito para o penteado, então ela mesma cuidou das madeixas da irmã.

Eu, eu tive de correr contra o tempo, me sequei, me vesti, Nicole me penteou enquanto eu ainda tomava café da manhã e o dava a bebê.

— Acha que vai dar tempo?

— Claro que vai. — Digo tentando pensar positivo.

Sinto que estou tão nervosa e nem mesmo é meu casamento de verdade.

Como se piorar, lembro-me de que não tenho a mais mínima ideia de onde deixei as pastas com documentos.

— Seu pai vai me matar Nick!

— Por que? — Ela me olha apavorada.

E falando nele, o próprio surge na porta do quando, com a figura retangular e roxa nas mãos.

— Onde achou a pasta?

— Você deixou ontem na mesa da cozinha e encontrei no assento de uma das cadeiras. — Seu tom despreocupado me tranquiliza.

Não trocamos mais palavras, ele apenas adentra o quanto, termina de dar o café da manhã a filha por mim e aguarda sentado no puff pela minha liberação.

Quase dez minutos mais tarde, Nicole termina e finalmente sou solta. Pego minha bolsa e torço para que com minhas manias de carregar Olívia no braço o tempo todo, o vestido não suje. 

Saímos de casa e o tempo não está ao nosso favor, nos últimas dias tempo se mantinha com uma descarga d'água atrás de outra.

O caminho tomou cerca de quinze minutos e todos os trâmites antes de assinar os papéis já estavam solucionados pelo advogado da família.

Estávamos em uma sala, havia uma mesa bem posta e descontraída, achei que seria algo como um RH ou tribunal, mas não foi nada dos gêneros. No almoço, sentado ao pé da mesa está o juiz de Paz, ao lado direito nós, eu com Olívia nos braços, Oliver e Nicole, e do outro lado da mesa, minha avó e sua cuidadora, o Sr. Brandon e seu advogado.

A cerimônia não foi complicada, pelo contrário, demorou menos do que eu esperava e eu nem mesmo travei em dizer "aceito".

Com a certidão de casamento em mãos, Oliver já queria praticamente ir embora, mas ao me ver com a vovó, isso pareceu amolecer seu coração e permitiu que ficássemos mais.

Eu, minha avó e o meu sogro conversávamos em um grupo. Às vezes vovó trocava os assuntos, mas o Sr. Brandon tinha seus jeitos de comentar e fazê-la rir fosse como fosse. Era inacreditável ver como eles se davam bem.

Três horas de enrolação, música e outros conhecidos mais próximos da família Villalobos surgiram. Fui apresentada ao tio dele, aos seis primos, suas esposas e seus filhos.
De repente o lugar já não estava mais tão vazio, com o entra e sai de pessoas do lugar, Olívia que corria brincando pelo salão desapareceu.

— Oliver, eu não vejo Olívia em lugar nenhum. — O aviso angustiada.

— Droga.

Uma hora passa e todos estamos angustiados, procuramos por todos os cantos e nada pequena aparecer.

As câmeras são solicitadas e então finalmente a vemos entrar dentro de uma sala seguindo a senhora do carrinho de limpeza.

Não penso duas vezes e vou buscá-la, ela já devia estar sozinha a muito tempo naquela sala e se eu bem conhecia aquela coisinha, ela provavelmente está chorando sem parar a tempos.

Seguindo as indicações para as salas, encontramos as portas da sala noventa e dois. Achei que chegamos pudemos ouvir seu choro, ela gritava "mamãe" desesperadamente.  As chaves só chegariam em cinco minutos mais e cada segundo sem poder tê-la comigo era quase devastador. Ouvi-la gritar daquele jeito.

— Calma princesa! Nós já vamos tirar você daí! — O pai dela garantia.

— Por favor Oli, para de chorar amor, nós já vamos te pegar! — Eu pedia.

A podia ouvir cada vez mais rouca, ao invés de nos ouvir e se acalmar ela só estava mais assustada por que não abríamos a porta.

Quando ao fim do corredor vinha o segurança com o molho de chaves, eu corri até ele e retirei a escolhida por ele de seus dedos. Corri para a porta, destranquei-a como se minha vida dependesse disso. E quando a peguei nos braços, parecia que todo o sofrimento estava sendo lavado de mim. 

— Mamãe… mamãe… — Ela repetia ainda chorando.

— Calma filha, calma por favor. — Eu estava implorando, não queria que ela ficasse sem ar.

Minhas pernas estavam trêmulas, foi então quando fomos abraçadas pelos mesmo braços fortes de mais cedo.

— Ela vai ficar calma quando você estiver Elle. — Oliver disse, me segurando contra ele e entre nós a pequena.

Olhando nos olhos dele, Oliver fez com que eu o acompanhasse, respiramos fundo juntos e quando soltei, senti meu corpo mais forte. Antes eu tremia tanto que nem mesmo percebi até reparar que eu nem podia me manter de pé sozinha.

— Melhor?

— Melhor. — O respondi.

— Ótimo, por que vai precisar ser forte.  Agora é uma Villalobos e é minha esposa.

FIM

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