— 𝕾𝖊𝖗𝖎𝖆𝖑 𝕶𝖎𝖑𝖑𝖊𝖗 𝕰𝖘𝖈𝖆𝖕𝖊—
O vício começou como qualquer outro: um hábito que a libertava da realidade e parecia, até então, bastante inofensivo. Sarah mentia para si mesma quando bebia, durante o mestrado, todo final de semana. Era somente algo social, dizia, mas a coisa piorou quando virou diária, pelo menos quatro latas de cerveja todo dia, era, para Sarah Kato, como se fosse água: necessária em todos os sentidos.
***
Poderia ter matado o assassino quando teve a chance? Sim. Queria fazer isso? Com certeza. Fez quando teve oportunidade? Não.
Para um coração tão vingativo, a morte seria uma pena muito ínfima como sentença do demônio. Ela viria, sem dúvida, pelas mãos da mulher, mas de maneira lenta e dolorosa. Não somente com um tiro. Seria pelas chamas. A justiça seria feita pelas próprias mãos da noiva cadáver e o assassino seria punido como ela bem entendesse. A morte viria, mas ainda poderia esperar.
A visão não estava somente turva, mas duplicada. Assim, pode ver dois olhos azuis, dois cigarros e duas mãos os segurando, duas bocas com o batom vermelho vinho, dois rostos de mulher com uma faixa branca na bochecha e duas vinganças o encarando por cima.
Daniel Miller estava no chão, amarrado com várias cordas, as mesmas com que prendeu Emma Magalhães. Desta vez, ele seria a vítima. Emma o envolveu na corda, cortou um pedaço do pano branco que escondia o caixão antes e amarrou o tecido em metade do próprio rosto para estancar o sangue dos cortes. E, depois, envolveu o lado esquerdo da face de Miller em uma corda, estancando o olho sangrento.
Matutou se deveria entregar Miller para a polícia e correr para o hospital em seguida, mas Emma sentia uma imensa vontade de devolver na mesma moeda exatamente o que ele havia feito com ela e com Samantha Pinheiro.
Horas depois, quando o efeito da morfina enfim passou e o assassino começou acordar, Emma estava sentada perto dele. Ela fumava um cigarro assim como ele havia feito. Queria fazê-lo reviver o terror que causou, não pouparia os detalhes.
As duas mulheres idênticas ainda olhavam para ele à medida que iam se aproximando uma da outra e, assim, formaram uma única imagem, uma única mulher, uma única vingança que viria no peso de duas.
Quando notou ele acordado, Magalhães apertou o canivete, deixando a lâmina suja com seu próprio sangue à mostra. Quando o olhar de Daniel parou de duplicar a realidade, ele a encarou e entendeu de imediato o que ela faria. Diferente de Miller, ela não pronunciou uma única palavra, apenas traçou o grande X na bochecha do homem e o ouviu gritar.
Emma não sentiu prazer, satisfação ou excitação, a única coisa que se manifestou dentro dela foi a ansiedade. Sabia muito bem que torturar alguém não estava no topo da sua lista de desejos, mas o fez mesmo assim. Para o espanto da mulher, o assassino não chorava ou grunhia de sofrimento, mas, sim, de prazer. O mais puro prazer soava da boca de Daniel Miller como se ele gemesse. Ao notar aquilo, Emma parou a tortura e, incrédula, falou, como se estivesse mesmo conversando com o primeiro anjo caído.
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Daniel: Serial Killer Escape [+18] || Evan Peters || degustação
رعبTERROR PSICOLÓGICO | SUSPENSE | PITCH BLACK. Uma mistura de thriller psicológico, Bastardos Inglórios e Jogos Mortais. Daniel Miller parece ser só mais um cara comum que toma café na pacata cafeteria de Pedra da Lua religiosamente toda quinta-feira...