🧼CAPÍTULO XVIII: SABONETES MILLER🧼

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Era para ser mais um final de semana normal no casarão Miller, Daniel tinha passado a semana inteira indo na escola e voltando correndo para ver Carla que ainda continuava deitava no casebre dos fundos, sem comer, sem se movimentar, sem fazer nada...

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Era para ser mais um final de semana normal no casarão Miller, Daniel tinha passado a semana inteira indo na escola e voltando correndo para ver Carla que ainda continuava deitava no casebre dos fundos, sem comer, sem se movimentar, sem fazer nada desde que tinha visto o que havia por trás das paredes e portas de concreto do chiqueiro de gás.

Daniel não foi tão atingido pela visão, até porque quase nada impressionava negativamente o menino, e não seria os corpos dos mortos enfileirados e pendurados com as barrigas e entranhas sendo retiradas que o chocaria, muito menos quando a gordura era levada para caldeirões enormes que começavam a esquentar, e não foi também a carcaça dos corpos negros sendo levados para o chiqueiro onde, devido ao cheiro, provavelmente eram queimados, deixando sobrar deles somente a gordura corporal que se acumula na barriga.

Para Carla, por outro lado, aquilo acabou com seu mundo, com sua sanidade, com suas forças, enquanto Miller apenas tinha ficado olhando boquiaberto, mais impressionado com a quantidade de vermelho escarlate pelo chão cinzento cheio de areia e terra que adentravam por baixo da porta do que com os corpos das pessoas em si, a maioria idosos, mulheres, gordos demais e, então, foi quando Daniel entendeu porque sua família alimentava tão bem os escravizados mais velhos.

A amiga não conseguia se mover, nada disseram depois daquela visão, ela não conseguia falar, apenas andou aturdida de volta para a fazenda, para o casarão, desabou na cama e, então, não tomava banho, não comia e, depois que Daniel chegava da escola e perguntava se alguma coisa tinha mudado, os criados negavam com a cabeça, desesperançoso demais para fingir que alguma coisa nova tinha acontecido e assustados demais para perguntar o que havia acontecido.

Só que, naquele sábado, quando Daniel saiu de seu quarto e correu até o de Carla, não a encontrou ali, sorriu, imaginando que a amiga, enfim, tinha começado a se recuperar. Perguntou para todos onde ela estava, sempre de forma escondida, para que o pai ou a mãe não ouvissem, contudo, ninguém sabia dizer o paradeiro da menina. Miller ficou andando pela fazenda, chutando pedras para passar o tédio e afastar os pensamentos, primeiro ficou preocupado que tivessem levado ela para o chiqueiro, mas pensou também que ela não era velha o bastante, nem gorda, para isso. Andou, andou e andou, ouvindo os sapatos pisoteando o caminho de cascalho.

Até que chegou perto da ladeira que tinha, semanas antes, subido com Carla, começou a andar ali, a subir devagar, com medo de encontrá-la lá, até que chegou no topo da colina, encarou o chiqueiro e o lugar do "banho", há alguns metros das duas construções estranhas, havia uma árvore, Daniel tinha visto ela ali desde que ousou subir a ladeira, era grande, grossa e parecia ser bem antiga.

Contudo, uma coisa nova nela o assustou. Miller nunca tinha sentido medo ou tristeza, mas, naquele dia quente de abril, quando correu e tropeçou várias vezes até a árvore, conheceu o verdadeiro significado de solidão e desamparo.

Parou diante do corpo que balançava de um lado para o outro, tentou subir a árvore para tirá-la dali, mas não conseguiu, ainda era muito pequeno e, quando se deu conta, enterrou os dois joelhos na areia entre as raízes grandes que saltavam do solo, sentiu algo totalmente novo no coração ao ver o rosto inchado e azul de Carla, ao ver o pescoço com a corda em volta, ao ver seus pés descalços e cheios de calos balançando em cima de sua cabeça loira, ele sentiu um vazio tão grande que subiu por sua garganta, a fazendo se fechar, e, então, se dirigiu para suas bochechas que ficaram quentes e, por fim, encontrou seu destinos: os olhos azuis.

Daniel: Serial Killer Escape [+18] || Evan Peters || degustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora