Os dias eram entediantes naquela prisão, todos iguais com horários preestabelecidos que precisam ser seguidos à risca, Daniel nunca teve problemas em ter uma rotina já estabelecida, mas odiava e não conseguia seguir ordens de superiores, ainda mais quando os considerava de alguma forma inferiores a ele, fosse em inteligência ou força. Contudo, mesmo se irritando diariamente, conseguiu se comportar durante seus primeiros meses na prisão, e deveria fazer isso mesmo, já que não haveria mais escolhas em toda a sua vida a não ser ficar lá.
Acordava às seis da manhã, o café era servido aos detentos às sete, oito horas começava os trabalhos braçais, às vezes a limpeza do lugar, em outro dias, era ajudar em alguma reforma com o levantamento de sacos de areia, fazer o cimento, abaixo daquele sol quente, era a definição de inferno em sua mente, mas não mais do que estar longe de seus preciosos potes com as cabeças decapitadas das escolhidas, e como tinha saudades disso, da caça, da tortura, de tudo.
O almoço era da meio-dia até uma hora da tarde, se não trabalhavam, a tarde era reservada para fazerem o que quiserem com o confinamento: malhar, ler, escrever, pintar, mas nunca assistir a filmes ou séries, contudo, toda quinta-feira, ele recebia atualizações de alguma nova pela boca de sua psicóloga que, agora, via mais como uma amiga, algo que imaginou que nunca aconteceria, acreditou por muito tempo que Alexandre seria o último de sua ínfima lista de amizade, pelo visto, tinha se enganado já que a cada mês que passava Sarah despertava o que achava ser empatia, simpatia, não sabia direito.
Quando estava almoçando, um dia antes da sessão, em uma quarta-feira, sentado sozinho no refeitório mal iluminado, cheirando a sujeira, com os detentos todos vestidos iguais e andando em grupos dos quais ele nunca conseguiria fazer parte, ouviu a aproximação de alguém, ou melhor dizendo: de várias pessoas às suas costas, largou o garfo no prato, terminou de mastigar a comida que até o deixava enjoado, ergueu o olhar para cima e viu que, quem se sentava, era um grupo de homens fortes, a maioria careca e na casa dos quarenta anos, sorrindo de forma estranha para ele e o olhando como se quisessem se divertir, e não de uma forma pacífica.
— Olha se não é o único detento que tem visita semanal — o mais velho e mais forte e gordo falou, inclinando a cabeça e ombros para frente, fazendo sua boca com bafo azedo se aproximar da testa de Miller, Daniel olhou para frente o ignorando — amanhã vai ter a visitinha da sua psicóloga de novo, gostaria de saber, essas sessões também podem ser íntimas? — Ele disse e o assassino ouviu os risos dos comparsas, talvez uns três, soarem pelo refeitório silencioso.
— Tenho certeza que ele se diverte bastante com ela — um dos outros homens atrás comentou com outro que riu ainda mais.
— Será que entre um conselho e outro ela faz um boquete? — O outro respondeu fazendo mais risadas soarem, os outros detentos ao redor olhavam com medo do que aquele encontro poderia resultar, estavam acostumados com brigas na prisão, mas eram sempre punidos juntos quando algo acontecia.
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Daniel: Serial Killer Escape [+18] || Evan Peters || degustação
HororTERROR PSICOLÓGICO | SUSPENSE | PITCH BLACK. Uma mistura de thriller psicológico, Bastardos Inglórios e Jogos Mortais. Daniel Miller parece ser só mais um cara comum que toma café na pacata cafeteria de Pedra da Lua religiosamente toda quinta-feira...