— 𝕾𝖊𝖗𝖎𝖆𝖑 𝕶𝖎𝖑𝖑𝖊𝖗 𝕰𝖘𝖈𝖆𝖕𝖊—
Os escrúpulos já tinham descido até os confins do inferno e lá permaneceram até a última pétala das rosas vermelhas se decompor em tons de cinza. Os desejos reuniam-se em cúpulas finas e translúcidas de vidro que rachavam a cada segundo que ela respirava pesadamente. As racionalidades ficavam penduradas em forcas para serem admiradas à distância.
O cenário de sua mente compunha esses avisos tão perversos e cruéis que firmavam o desfiar da linha de sua vida. Sarah Kato condenava-se pela vontade irresistível de tomar o líquido vermelho em suas mãos, o enredo consistia em gotas salgadas que não cessavam de seus olhos, manchando com brilho as bochechas rosadas e nublando a visão dos olhos negros.
***
Quando a pioneira lufada de ar aterrou-se nos pulmões, os brônquios anunciaram o sufocamento das virtudes com o batimento cardíaco da prole. Em seu peito, os demônios nadavam sem se afogarem nas chamas infernais de sua alma.
Ao decorrer da vida, os escrúpulos se sufocavam vagarosamente devido ao estrume em sua mente. Desde os dez anos, a palavra misericórdia e sinônimos foram aniquilados de seu vocabulário e nunca chegou a se rotular como humano.
Na adolescência, aquietava a tormenta da mente com o alívio da automutilação. Mas, por ser composta de ferro, enferrujava. Aos vinte anos, começou a ilustrá-la com o único líquido que poderia dar vitalidade às suas emoções: o sangue das escolhidas.
Aos trinta, já não poderia negar a cobiça de sentir o coração bater mais forte, já que vivia em estado de inércia. Sabia que não dormia em um sono profundo há duas torturantes semanas, pois recusava-se com fervor a dar vida ao monstro.
Acordou de supetão e seus primeiros pensamentos estavam voltados para as memórias embutidas em sua mente: os glóbulos brancos e a íris tremendo de dor de sua última vítima.
O vício e a paixão de ver o instante em que o dom da vida é arrancado à força eram devastadores. Um momento tão efêmero, que acaba antes mesmo de um suspirar profundo, era o que colocaria fim a sua tormenta.
Hoje, iria se sentir aliviado, acordaria o demônio.
Vestiu-se ao levantar-se da cama com uma máscara: a morte, aquela que esteve guardada e materializada em sua gaveta. Colocou a pulseira de pérolas em volta do pulso, as bolas brilhantes indicavam o inevitável.
Era catártico senti-la na epiderme azulada, era como se o êxtase estivesse perto a qualquer momento — o gozo premeditando a sua chegada.
Com a máscara assassina no pulso, seguiu seu rumo até a pacata cafeteria de Pedra da Lua e, mesmo portando uma mente energizada pelas lembranças, sentou-se tranquilamente ao chegar.
Era por meio de um olhar geralmente desatento que o mundo girava mais devagar, o vento balançava sutilmente o cabelo loiro revelando o rosto fino, a vítima era revelada.
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Daniel: Serial Killer Escape [+18] || Evan Peters || degustação
KorkuTERROR PSICOLÓGICO | SUSPENSE | PITCH BLACK. Uma mistura de thriller psicológico, Bastardos Inglórios e Jogos Mortais. Daniel Miller parece ser só mais um cara comum que toma café na pacata cafeteria de Pedra da Lua religiosamente toda quinta-feira...