ACUDE CATRACA

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— CATRACAAAAA DESGRAÇA!!! — Osvaldinho grita de longe e catraca se espanta e cai no chão.

— Que pext é isso em? Quase que eu caio dentro do fogo aqui. — Catraca se estressa.

— É que eu vi uma raposa com os zóio brilhando oiaa. Aí eu corri na frente e deixei o Jonerranerson lá pra ser comido primeiro e dá tempo deu correr. — Osvaldinho coloca a mão no coração e depôs pega nas beira da calça frouxa e levanta — Eu não aguento correr direto com a perna troncha, mas hoje ela me ajudou a ganhar impulso.

— É o quê? Eu não tô acreditando. Vocês viram uma raposa, que tu deixou o coitado do miserável do Jonerranerson pra morrer? — Catraca bate a mão na cara.

— Eiiiiii? Eu tô vivo meu santo Deus. — Jonerranerson chega chutando a madeira pegando fogo.

— Pensei que tu tinha morrido pela raposa homem! Como tu conseguiu escapar? — Osvaldinho pergunta.

— Parece que a raposa tava de buxo cheio, ela nem veio pra cima de mim. — Jonerranerson faz uma cara de dúvida.

— Talvez seja porque a raposa não quer comer só osso. — Catraca começa a rir.

— Eii? Eu tenho umas gordurinhas sim. A raposa é que não conseguiu correr atrás de mim. — Jonerranerson ri.

— Ou porque ela não te viu. — Catraca rebate.

— Cala a boca menino, tu não sabe de nada. Vá lá tu e pega a raposa. Quero ver se ela não vai comer nós três. — Jonerranerson sugere.

— Tá bom. Vamos lá vê essa raposa. — Catraca levanta os olhos indicando que está exausto.

— Você vai ver. Ela é muito estranha e tava abaixada só esperando a gente passar. — Osvaldinho se intromete.

Catraca, Osvaldinho e Jonerranerson voltam para o mesmo lugar bem perto de onde encontraram o pé de jaca e as galinhas.
Jonerranerson e Osvaldinho vão atrás das costas de Catraca, com medo de serem atacados por uma raposa que não existe.

— Oiaa, ei? Catraca, olha ela ali. — Osvaldinho aponta pra bananeira de longe.

— Sangue de jesus e Maria José. É ela mesmo, tá no mesmo canto óia, nem se mexeu, acho que ela sabia que a gente ia voltar. — Jonerranerson começa a tremer.

— Eu pego essa desgraçada. — Do nada Catraca pega um pedaço de pau e pula para dentro do mato perto da bananeira e começa a gritar:

— Aii Jesus, me acude Jonerranerson, chegaaa Osvaldinho, ela tá me arranhando, aiiin. Ave Maria da precata afolosada. Ela tá me mantando, adeus meus amigos, eu vou matar ela por vocês.

— CATRACAAAA DOIDOOO!!! — Osvaldinho grita e fica parado vendo o panavueiro acontecendo dentro dos matos.

Como eu estou voando, sei que não tem raposa nenhuma. Talvez seja porque a minha visão seja apurada igual a de Catraca, ele logo percebeu que não era uma raposa, por isso fez essa brincadeira com os meninos.
Vejo Catraca se rolando pelo chão e gritando, e com uma cara de kenga da bixiga. Tá trolando os idiotas.

— Coitado, tão jovem. Como é que a gente vai fazer pra enterrar ele? — Jonerranerson pronuncia.

— Não sei meu amigo, infelizmente não sei, vamos embora daqui antes que a raposa venha comer a gente também... — Osvaldinho puxa no braço de Jonerranerson.

E do nada Catraca sai do meio do mato intacto e sem nenhum arranhão.

— Oxe, que presepada é essa em? Não aconteceu nada com tu. — Jonerranerson aponta — óia, e a raposa ainda tá lá. Como você conseguiu ser amigo dela em?

— Espera aí Jonerranerson, olhe bem. Não é uma raposa, a gente se enganou. É uma bananeira óia. — Osvaldinho exclama.

— Que viagem. Achei que fosse uma raposa, a gente é burro demais viu. Nam. — Jonerranerson fica triste e ao mesmo tempo bem feliz.

— Venham, vamos voltar pra algum lugar seguro, sem bananeira. E bem longe de qualquer ser que pareça um animal perigoso. — Catraca afirma e pega no braço dos dois.

— Então vamos ficar longe do Osvaldinho né Catraca? — Jonerranerson pergunta com uma cara lisa.

— Oxente. Não. Por que? — Catraca faz uma retórica.

— É que você disse que a gente tem que ficar longe de qualquer coisa que pareça um animal perigoso. — Jonerranerson ri — Osvaldinho tá parecendo um porco do mato.

— Venha aqui pra tu vê o porco. Vou cagar na sua boca. — Osvaldinho se revolta.

— E eu cago na tua boca quando tu dormir — Jonerranerson retruca.

— Cale a boca vocês dois se não eu vou tacar bosta na barriga daquele peixes e fazer vocês comerem pelo rabo. — Catraca pega pela orelha dos meninos.

— Que safadeza Catraca, deixe de besteira macho. Tu quer enfiar o peixe pelo meu rabo? — Osvaldinho se dói.

— Eu disse que vou fazer vocês comerem o peixe pelo rabo, mas é pelo rabo do peixe. Começar comendo o rabo entendeu? — Catraca sorri — vocês dois são muito burros.

— Ô, pensei que que ia enfiar o peixe no meu bumbum. — Jonerranerson faz cara de medo. — e uma ameaça dessa vinda logo do Catraca eu até acredito.

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