Capitulo XV - Histórias

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Olá, posso anotar seu pedido?

Essa frase não sai da minha cabeça, eu só falo isso no meu trabalho. Eu até gosto dele, eu nunca me canso, só tenho que anotar as coisas e entregar para outro funcionário.

Enfim, domingo passado eu fui à cafeteria com o Christopher e o Iago.

Ele é um cara super tranquilo, gosta de falar sobre tudo, é brincalhão, e um ótimo conselheiro. Tomamos umas três xícaras de café e resolvemos ir a outro lugar, resolvemos ir na praça onde o conhecemos.

Ele ficou dando conselhos pro Christopher como de como tirar a virgindade da Sofia, já que ela tem uns, sei lá, 25 anos, não lembro. Eu me senti um especialista, de tanto fazer nos finais de semana com a Amanda, eu finalmente posso dar conselhos sobre sexo. Às vezes penso que você deve pensar que sou um tarado, um maníaco sexual. Pois sou.

Depois falamos sobre o passado do Iago, esse homem é muito bem vivido. Na adolescência ele aprontava muito,  seus pais sempre iam na escola por indisciplina dele, até que um dia ele foi pego com bebida alcoólica no colégio. Ele contou que fugiu de casa e foi morar com a avó. Mas ela o obrigou a voltar para casa dos seus pais. Porem continuou a mesma coisa, viva aprontando, até conhecer certa mulher, ele prefere não dizer o nome dela. Sua ex-esposa.

Ele disse que foi amor à primeira vista.

Quando disse isso, prendeu o ar, e continuou a falar, eu acho que ele queria chorar.

Eles se conheceram na direção, ela era daquelas alunas exemplares que foi pegar material de alguma professora, quando os dois esbarraram no corredor, e quase se beijarem sem querer.

Ele disse que ela ficou morrendo de vergonha, ficou avermelhada, e ficou olhando pra baixo, ela se desculpou e ele continuou andando, sem nem prestar muita atenção nela. Mas assim que a aula acabou, um amigo havia comentado que ela era uma garota muito bonita, e ele realmente havia notado, mas não deu muita bola, ele só queria ir para casa almoçar.

Passaram duas semanas, e os dois se encontraram novamente, dessa vez na biblioteca do colégio, e para surpresa de ambos, estavam sozinhos lá. Ele disse oi, e ela sorriu, e também disse oi.

Nesse ponto ele já estava com os olhos cheios d'água, disse que adora lembrar como era lindo o sorriso dela.

Após isso, ele perguntou o que ela estava fazendo lá, e ela disse que estava a procura de tal professora, então ele se despediu e estava indo embora, até que ela o puxou e lhe deu um beijo.

Eu sinceramente pensei que os dois haviam transando ali na biblioteca mesmo, mas ele disse que só ficou surpreso, e que ela correu depois disso.

No outro dia, os dois se conheceram melhor, e ele disse que se apaixonou por ela após esse dia. E depois ele mudou o jeito dele, e virou um bom garoto.

Ele parou de contar aí, disse que estava ficando pra baixo novamente, eu entendi, e achei melhor que ele parasse mesmo.

Começou a escurecer e Iago foi embora. Christopher foi pra casa dele e eu fui pra casa da Amanda, eu estava com saudade dela. Porem ela não estava em casa, acho que foi dormir na casa da Sophia.

Não sei por que, mas assim que eu saí de lá, eu senti um vazio inexplicável.

Então eu fui pra casa mesmo, e meus pais estavam discutindo. É uma coisa absolutamente normal casais discutirem, porem em certo momento eu ouvi meus pais dizerem:

- Eu não aguento mais, você é louca, mulher.

- Eu não me lembro mais porque me casei com você, Roberto, você não é mais o homem por quem me apaixonei.

- Você matou o Roberto de antes.

Nisso a minha mãe voltou a chorar, mas assim que me viram tentaram disfarçar o que estava acontecendo, mas já era tarde demais.

Eu sei que meus pais querem se separar. Eu já tenho 21 anos, eu sei que não briguinha de casal.

Eu fui pro meu quarto, queria pensar um pouco. E também queria me masturbar.

Depois eu liguei para a Letícia, ela disse que estava meio ocupada com sua namorada, que não dava pra falar comigo na hora.

Ninfomaníaca vadia filha da puta.

Eu dormi, e acordei na segunda com minha irmã me chamando na porta, dizendo que uma garota estava me chamando. Achei estranho, pois ela conhece a Amanda, que é a única garota que sabe onde moro. Mas pra minha surpresa, era alguém que eu nunca pensei em conhecer em toda minha vida.

Você lembra-se da Cecília, amiga do Arthur? Então, era ela.

Eu fiquei assustado, eu pensei que ela estava ali armada prestes a me matar. Mas ela só queria conversar comigo, sobre a Gabriele.

Daí tudo fez sentido, ela é a tal amiga da Gabriele, que foi citada no bilhete. Então nós saímos para conversar.

Ela estava com uma expressão meio triste, sei lá. E então começou a falar sobre ela e a Gabriele.

Elas se conheceram no curso que ambas faziam (eu não lembro qual). Gabriele sempre com seu jeito de garota chamativa, e Cecília era o oposto dela, muito tímida, magra, e nem um pouco popular.  Quase nunca falava nada, e a Gabriele quase não parava de falar.

Um certo dia, as duas tiveram de formar duplas, e assim se conheceram. E no mesmo dia, Gabriele chamou Cecília para ir dormir em sua casa.

Ela aceitou. E chegando lá, a expressão da Gabriele mudou totalmente, segundo ela. Ela disse que a chamou pra lá, pois foi à única pessoa que não foi falar com ela por ela ser atraente ou popular. E então começou a desabafar.

Falou sobre mim, principalmente. E assim que ela falou isso, eu senti um aperto no coração, o mesmo que senti quando descobri que o Eduardo tinha câncer.

Depois do desabafo, elas foram comer, e a Cecília conseguiu se soltar mais, a falar mais, mostrar quem ela é, e a Gabriele a amou.

Foram dormir juntas, porque a Gabriele voltou a se sentir mal e carente, e em certo momento em que estavam deitadas juntas, a Cecília esbarrou a mão nos peitos da Gabriele. Elas se olharem, e se beijaram.

Deve ser meio obvio o que aconteceu depois, né?

E depois, ambas continuaram muito amigas, uma não vivia sem a outra. Até o incidente...

Eu não sabia mais o que falar. Ela disse que dias antes da Gabriele morrer, ela mandou uma mensagem dizendo:

"Cecília, sabe o Bê? Quando eu me for, fale de mim pra ele, pra ele não se esquecer de mim, por favor."

E então Cecília disse:

"- E aqui estou eu, Bernardo, ou melhor, Bê. Eu farei a vontade de minha melhor amiga, eu quero que não se esqueça dela."

Ela e o Arthur já se falavam antes, mas ela resolveu falar mesmo pra ficar mais próxima de mim.

Eu fui embora, ela disse que gostou de eu ter a entendido, e que queria sair comigo e com o pessoal assim que possível, ela será muito bem vinda.

Eu estou me sentindo meio pra baixo, mas deve passar, hoje é sábado. Vou dormir na casa da Amanda, sua avó viajou e ficaremos sozinhos até segunda.

Assim provavelmente vou demorar para escrever, essa semana eu vou tentar achar uma boa faculdade pra mim, já está mais que na hora de eu ir pra alguma faculdade, apesar de que eu ainda não sei o que irei fazer.

Enfim, até mais, amigo.

Bê.Onde histórias criam vida. Descubra agora