Capítulo XXIII - Hospital.

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Como da pra perceber, eu não me matei.

Mas também nessas semanas que fiquei no hospital você não apareceu por lá...

Esse mês foi uma merda. Mas vou explicar desde o início, desde que enviei a ultima carta, antes do quase suicídio.

Eu estava com a corda amarrada no pescoço e em um dos galhos da árvore, onde eu estava sentado, pensando se era realmente isso o que eu queria. Após perceber um silêncio que parecia nunca se acabar, eu decidi que aquele era o momento, aquela era a hora.

Então, eu pulei. Se enforcar é ruim. Ficar sem ar, sentir algo puxando a sua garganta contra você, foi uma das piores sensações da minha vida. Até que eu desmaiei, e só acordei deitado no hospital, com meu pai limpando as lágrimas, Christopher abraçado com Letícia, e uma médica dizendo "Bom dia, dorminhoco".

Achei que tudo tinha sido um sonho, até que notei um curativo no pescoço, e o Carlos, meu vizinho que me socorreu.

Foi assim, logo que eu o xinguei, ele foi pra casa ligar para meu pai, pois ficou preocupado com meu estranho comportamento. E da janela de sua casa, ele me viu pendurado. Disse que ficou desesperado, e saiu correndo pra me tirar dali.

Quando chegou, eu já estava desacordado.

Ele me colocou em seu carro e correu para o hospital. E assim que chegou, ligou para meus pais. Que ligaram para Christopher e Letícia.

Eu fiquei desacordado por um dia inteiro, praticamente, acordei porque sentia fome. E logo presenciei a cena já dita.

Desculpei-me por isso, realmente suicídio é algo muito egoísta. Tirar minha vida, destruir os laços com outras pessoas? Só daqui um bom tempo.

No mesmo dia recebi visita do Iago, Leo, Sophia, Cecília e Arthur. Foi bom ter visto todos meus amigos juntos, preocupados comigo. Eu me senti vivo naquele instante, até que mais tarde eu recebi uma visita inesperada.

Sim, Amanda foi me visitar.

Eu sou os punhos da Letícia ir contra o delicado, porem oleoso, rosto de Amanda.

Parecia cena de um filme, ou de um livro. Assim que ela abriu a porta, sua boca mal abriu para dizer um simples "oi" e Letícia correu furiosa para a porta.

- Você quer o que aqui, vagabunda? Vai embora!

Todos pararam e olharam pra Letícia, e para a tristeza no rosto de Amanda.

- O que veio fazer aqui? – Perguntei.

- Minha vó me disse que você estava no hospital e resolvi ver como você estava. Vim me desculpar pela cena que viu outro dia, eu queria provocar você, fazendo sentir minha falta. Foi por isso também que eu não respondi sua mensagem. Porque eu quero voltar com você, Bernardo, eu te amo.

Soltei uma risada sarcástica, olhei em seus olhos e falei:

- Eu já transei com três garotas diferentes desde que você me deixou, acha mesmo que sinto falta de você? Eu não estou nem aí não, o que me irritou aquele dia foi você querer provocar alguém que você disse não amar mais. Talvez eu seja até pai do filho da Cecília.

Seus olhos encheram-se de água, senti pena. Mas em alguns segundos eu senti como se estivesse no corpo de outra pessoa. Senti-me renovado. Ela foi embora, e todos riam do que havia acabado de acontecer.

Christopher me parabenizou, e disse que sou um novo homem. Meu pai apertou meu ombro e disse que estava orgulhoso do filho dele, que eu agi feito um homem maduro.

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