Capítulo XXIV - Acaso

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Eu nunca me senti tão feliz em toda minha vida.

É como se eu tivesse acabado de nascer, como se eu tivesse ganhado na loteria, como se eu estivesse encontrado o mais precioso tesouro.

Há uns dias atrás eu estava lendo o blog da Clara, e algo me chamou a atenção. Um dos posts tinha como título "Quer Tomar Um Café Com a Clara?" e tinha algumas coisas sobre ela.

Logo, eu mandei um e-mail pra ela, falando que eu queria muito conhece-la. Mas sabe quando você faz algo, mas após alguns segundos sente remorso disso? Sente-se como se tivesse feito terrivelmente errado. Foi o que eu senti na hora.

Eu sou o calmante descendo pela garganta do Bernardo.

Fui brincar com Alastor pra ver se isso passava, mas o tempo em que eu fiquei no quintal brincando com ele, eu fiquei imaginando como a Clara é. E se ela fosse totalmente diferente do que descreveu? Se ela for um homem gordo com 42 anos pedófilo?

Senti fome e fui fazer algo pra comer. Mas assim que eu comecei esquentar a água pro meu cappuccino, fiquei imaginando como a garota do hospital sentada na mesa rindo de mim por estar só de cueca e camiseta. Falando que eu devia depilar minhas pernas, parar de fumar e cortar um pouco a barba.

Eu estava começando a me sentir um maníaco, terminei de fazer meu cappuccino, peguei alguns biscoitos, e fui pro meu quarto.

Fiquei com vontade de ver algum filme, mas não sabia qual. Então lembrei que a Clara tinha indicado alguns filmes para os leitores assistirem. Dentre vários, ela citou o meu filme favorito, Fight Club. Eu comecei a sorrir feito um retardado, e voltei a fantasiar com nós dois juntos.

Se eu tiver filhos com uma morena, será que meus filhos serão loiros? Quando eu era criança eu era meio loiro, mas meu cabelo escureceu com o tempo. Eu não me importaria se a Camila pintasse o cabelo, ou o cortasse curto demais, deixasse grande demais, desde que continue sendo linda como a mãe.

Voltando aos filmes, ela citou um filme que já tem alguns anos que foi lançado, mas na época eu não dei muita ideia. O filme é Birdman, que conta história de um homem que tem uma voz assombrando sua cabeça com seu passado, e tentando impedir que ele realize uma boa peça. Não vou dizer como é mesmo o filme, é melhor que você veja.

Eu gostei bastante do filme, e quando eu já ia comentar que havia adorado a sugestão, recebo a notificação de um novo e-mail.

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Eu sou o coração acelerado do Bernardo.

O e-mail era da Clara. Ela me respondeu o seguinte:

- Oi, Bernardo! Primeiramente, quero lhe agradecer pela atenção que da para minhas poesias, minhas músicas, minhas criticas, entre outras coisas. Será uma honra sair com você, me encontra naquele café perto da loja de artigos de esportes, sabe? Não sou muito boa com nomes. Às 18h estarei sentada em alguma mesa perto de alguma parece, provavelmente com alguma blusa vermelha. Abraços, Clara.

Comecei a rir feito um retardado, aquilo animou mais a minha vida.

Eu mal consegui dormir, fiquei o tempo todo pensando em como seria o primeiro encontro com o talvez amor da minha vida.

Se eu disser que não sinto mais nada pela Amanda eu estarei mentindo, mas eu acho que essa dor de amor que ela me causou, Clara pode curar.

Nunca vi ninguém falando que se apaixonou por ninguém sem sequer ter visto o rosto da pessoa, ou ouvido a voz, mas eu acho que me apaixonei apenas pelo jeito dela escrever, jeito que é sincera. Pela voz também, claro, mas antes de ouvir a voz dela eu já sentia isso.

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