Capítulo 1 - Jennie

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Quando eu comecei a cantar eu achava que era somente isso que eu teria que fazer. Mas eu estava errada, completamente. No alto dos meus vinte e quatro anos, já me sentia esgotada daquilo.

— Eu não quero. — Afirmei. — Há SW está há meses querendo colocar alguém para me vigiar!

— Jennie, não é vigiar. É proteção!

Eu me joguei no sofá do estúdio, irritada. Emma, a minha assessora pessoal, tinha vindo me trazer a bela notícia que a empresa que geria a minha carreira, a SW, ia me fazer ter um segurança pessoal que ficaria vinte e quatro horas comigo.

— Eu já tenho seguranças o suficiente!

— Tem dois que a acompanham somente em eventos público...

— É suficiente! — Eu afirmei.

— Jennie, invadiram seu quarto de hotel no fim de semana! — Emma exclamou. — Está claro que não é suficiente...

— É só colocar segurança nas portas a partir de agora...

No fim de semana eu tinha feito uma sessão de fotos, e fui para o hotel depois que terminou, mas um fã, que era funcionário do lugar, entrou no meu quarto.

Ele só não conseguiu me ver, ou fazer qualquer coisa, porque eu ainda estava acordada e vi a porta ser destravada, liguei para a segurança, e me tranquei no banheiro. Todos agiram rápido, o cara foi preso.

— Jennie porque é tão resistente a ter segurança pessoal?

Emma perguntou. Eu olhei para seu rosto calmo, os seus cabelos ruivos presos em um coque, enquanto os olhos castanhos esperavam pela minha resposta. Ela trabalhava comigo a três anos e nunca, jamais, eu tinha visto ela diferente desse humor tranquilo.

— Eu quero tentar preservar a única, minúscula, parte da minha vida que ainda é normal. Com alguém no meu pé e como se eu tivesse o tempo todo "ligada" no modo Jennie Park , a cantora número um do POP mundial!

Com a Emma eu podia ser sincera. Eu não era ingrata por tudo que eu tinha e era, mas às vezes, a pressão disso se tornava insuportável.

— Jennie, eu sei que você está passando por muita coisa, que precisa se desconectar de quem é de vez em quando, mas ultimamente não dá, está perigoso... Aceite isso agora, por um tempo, alguém do seu lado em tempo integral, para te proteger em locais que normalmente os seguranças usuais, não estão!

— Ou seja, quer que eu aceite alguém invadindo minha vida privada, o último resquício de privacidade que tenho?

— Não, estou dizendo para ter alguém que possa te proteger de situações perigosas e inesperadas, como as que vem acontecendo!

Ela estava falando que estava perigoso por causa de vários stalker, gente que me mandava mensagens de ódio, ameaças.

Há um mês atrás invadiram a casa que eu tinha em Los Angeles, publicaram fotos do lugar, mexeram e destruíram coisas, eu fiquei aterrorizada, até coloquei à venda o lugar.

Minha vida tinha se tornado uma vitrine, a exposição cobrava seu preço. Eu estava trabalhando na maior parte do tempo em estúdio por causa do meu novo álbum, mas mesmo assim as minhas saídas tinham que ser totalmente controladas, ainda que não fossem públicas. Era gente demais me seguindo o tempo inteiro.

Eu não conseguia mais andar nem em locais fechados, sem ter algum tipo de assédio, isso estava se tornando cada dia mais maçante. Era como se a "minha vida" não fosse mais minha, e sim, somente um produto a ser comercializado para a mídia.

— Está bem, venceu, mas vamos fazer isso por um tempo apenas, porque eu preciso ter a minha própria privacidade!

Eu disse a Emma, tentando aceitar aquela ideia, porque eu precisava, não porque eu queria realmente. Ter alguém vinte e quatro horas me vigiando já parecia uma loucura.

— Tudo bem. — Emma sorriu. — Eu vou cuidar de tudo. Agora precisa de algo?

— Sim. Inspiração para criar mais oito faixas? — Eu gemi, frustrada.

— Esse álbum precisa ser todo autoral mesmo?

— Precisa. Já cansei da crítica especializada dizendo que meu sucesso se deve às músicas que não são minhas!

— Mas você é colaboradora em todas. Não devia ligar para isso!

Emma me confortou. Isso não me fazia sentir melhor de qualquer jeito. Aquelas críticas me machucavam, porque aquelas pessoas não sabiam o quanto eu me dedicava, dos ajustes ideais que EU fazia, que deixavam a música perfeita.

Eu tinha produtores ótimos, mas eu trabalhava muito duro junto deles. Porém todos diziam que eu apenas colocava voz mas músicas e deixava a equipe de marketing da SW fazer o resto.

— Eu quero fazer todos eles engolirem o que falam. Neste álbum, as letras, vão ser só minhas!

— Bom, então só desejo sorte, sua inspiração vai chegar em breve, tenho certeza!

Emma disse esperançosa e eu esperava que ela estivesse certa.

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