Jennie parecia num mau humor eterno. Eu estava do outro lado do estúdio, vendo-a sentada na cadeira de maquiagem, bocejando.
Ela não deu uma palavra no carro, respondeu a Emma com "Hum", "Humhum", "Ok".
A gente tinha saído do estúdio de música às três da manhã. Chegamos no apartamento dela, no Tribeca, já eram quase quatro, o silêncio reinando entre nós.
Lá ela foi para o seu quarto, enquanto eu segui para a área de funcionários, que tinha o tamanho do meu apartamento atual, o lugar era confortável, e seria, por um ano, conforme meu contrato a minha nova casa.
Pelo visto, aquelas poucas horas de sono a deixaram ainda mais irritada. Pelo que entendi, a Jennie não queria uma segurança pessoal em tempo integral, por isso ela parecia bem incomodada comigo.
Vi a Jennie se levantar, ela ia para a trocar de roupa. Ela não tinha tomado um café decente, Emma insistiu, mas tudo que ela tinha ingerido foi um copo de chá de erva mate, com um cheiro péssimo diga-se de passagem.
— Está precisando de algo?
Emma surgiu ao meu lado, perguntando.
— Não estou bem. — Dei um aceno em direção a Jennie. — Ela não comeu!
— Ah, a Jennie!? — Emma disse. — Isso é normal, ela enrola para comer, mas eu vou atrás de salada, talvez isso ela coma. Ultimamente ela anda preocupada com o peso!
Que peso?... Eu quis perguntar e rolar os olhos com exasperação. Mas eu vi uma pessoa acenando, era da equipe da revista, apontava para a Emma.
— Estão te chamando! — Avisei a ela.
— Ah, obrigada. Estou indo.
Emma se foi, então eu me movi pelo estúdio procurando pela Jennie. Ela podia ser uma coisinha antipática e com um humor do cão, mas era o meu trabalho, e eu levava a sério.
Encontrei ela saindo de uma sala, usando um look todo preto, um macarrão sem alças, deixando exposto seu colo.
Eu a segui, me aproximando do centro do estúdio, onde estava organizado para a Jennie fotografar.
— Aumente a luz.
Alguém falou. Eu mantive a minha atenção na Jennie que se posicionava diante da câmera. Ela parecia assumir uma nova personalidade, era meio interessante de se assistir.
— Gente, porque essa luz está assim!
O fotógrafo perguntou. Eu olhei para as luzes, vendo-as trêmulas, não gostei daquilo, então ouvi um rangido e de repente o suporte que segurava a luz baixou. Meu instinto atuou, eu corri, foi questão de segundos, pulando sobre a Jennie.
Um cálculo rápido foi feito na minha cabeça quando eu olhei para aquela luz, ia cair em cima dela, por isso eu me arremessei sobre a Jennie. Girei com ela nos meus braços, indo mais longe que dava, ouvindo o estrondo do suporte da luz arrebatando-se no chão.
Ouvi a gritaria, mas meu foco era outro. Olhei para baixo vendo Jennie encolhida. Apertei ela nos meus braços, ainda sob adrenalina, sentindo os meus músculos tensos.
— Está bem?
Perguntei a ela. Jennie levantou aquele rosto pequeno, me encarando, parecia assustada.
— Estou... — Ela sussurrou. — O que foi isso?
— O suporte de luz caiu! — Eu respondi.
— JENNIE!
As pessoas surgiram gritando e então nos cercaram. Eu soltei a Jennie, tirando a mão da sua cabeça, e a outra das suas costas. Emma apareceu ali estendendo a mão para ajudá-la a ficar de pé.
— Está ferida? — Emma perguntou a Jennie.
— Não, estou bem...
Jennie disse e me olhou. Eu já estava ficando de pé olhando para o refletor de luz.
— Afastem-se todos!
Eu disse e me dirigi até Emma, junto de Jennie, as empurrando para longe daquela área e todos nos seguiram. Jennie ainda me olhava como se não tivesse acreditando no que houve.
— Graças a Deus foi só um susto!
Uma das assessoras da marca a qual Jennie fotografava disse.
— Susto? — Eu indaguei. — Ela podia ter se machucado.
Todos me encararam como se finalmente tivessem realmente me notado. Eu olhei para a Jennie.
— Vai querer continuar com a sessão de fotos? — Perguntei a ela.
— Sim... Eu estou bem! — Jennie respondeu.
— Certo! — Eu olhei para a assessora da marca. — Ela só pisa naquela área de novo depois de mandar uma equipe vir aqui revisar toda a estrutura e eu vou supervisionar!
— Mas isso vai atrasar todo o cronograma! — A assessora disse.
— Se aquilo tivesse caído na cabeça dela com certeza o seu cronograma nem existiria mais. — Eu falei friamente. — Então trate de ter responsabilidade com a pessoa que está trabalhando e faça o que eu mandei!
A assessora engoliu em seco, o silêncio no estúdio foi mortal, mas então ela concordou. E se retirou já ligando para alguém e eu olhei para o resto da equipe da marca.
— Vamos dispersar, por favor!
Bati palmas, eles se moveram, cada um procurando o que fazer. Logo ficou somente, Jennie e Emma, encarei as duas, ambas pareciam chocadas.
— O que? — Perguntei.
— Você não pode falar com eles assim... Emma é minha assessora! — Jennie disse.
— Na sua segurança quem manda sou eu agora! — Eu respondi.
— Quem manda sou eu aqui! — Ela bateu o pé.
— Eu fiz o que tinha que fazer. Mas você quer voltar lá e testar para ver se outro refletor vai cair?
Eu disse cruzando os braços e Jennie semicerrou os olhos.
— Se está esperando um agradecimento não vai ter!
— Pois eu não estou. Só fiz o meu trabalho e vou continuar fazendo, mesmo que irrite você!
— Não tome decisões falando por mim de novo, isso é uma ameaça. — Jennie disse.
— Já tive ameaças piores!
Respondi com um sorriso e isso pareceu deixar a Jennie possessa. Ela deu um gritinho, então se virou, saindo batendo o pé.
Emma, que até então estava calada observando a nossa discussão, finalmente falou alguma coisa.
— Obrigada, Lisa!
— Não precisa agradecer, eu estou fazendo o que fui contratada para fazer.
— Jennie não é ingrata, mas acho que ela se assustou com a veemência que você tratou o assunto, nem eu esperava isso! — Emma admitiu.
— Tudo que envolver a segurança dela, será tratado assim, por isso eu pedi carta branca para trabalhar.
— E você tem, mas a Jennie, bom, ela é teimosa!
Emma explicou com um sorriso tímido.
— Eu também sou, não se preocupe! — Eu afirmei sorrindo.
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A Minha Superestrela
RomanceConheça a história 🏳️🌈 de uma cantora americana e sua segurança, um romance, que vai fazer você se apaixonar. Sinopse: Jennie Park era uma superestrela, uma cantora estadunidense, vivendo o ápice da fama e consequentemente, pagando o preço por ta...