Verdades difíceis de engolir

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Por Hatake Kakashi:

Já fazia 15 minutos que Sakura estava na sala com a Godaime, pelo visto era algo importante. O  que será que ela queria falar em particular? Será que é sobre mim? Geralmente eu não me importo com a opinião dos outros, mas considerando que Sakura é minha companheira de equipe, fiquei intrigado. Ela claramente mostrou estar brava comigo. Tentei vasculhar em minha memória, mas não encontrei nada de diferente que eu tenha feito para deixá-la chateada. Sabia que ela estava abalada pelo que aconteceu naquela ponte, após o reencontro com o Sasuke, mas não entendi como isso a faria ficar chateada comigo, afinal eu fui lá salvá-la. Tentava me concentrar no meu livro, mas o barulho das batidas e marteladas ao redor não deixava, a vila inteira ainda estava em reconstrução, e por isso o barulho de obra estava por todos os cantos. Depois de mais alguns minutos, Sakura finalmente saiu e eu logo a interceptei:

-Sakura, podemos conversar um minuto? 

Ela me olhou franzindo o cenho, com uma expressão desconfiada. Falou, como se tivesse incomodada com a minha presença:

-Conversar? Sobre o quê? 

Não teria como falar ali com aquela barulheira toda, então caminhei e disse:

-Venha comigo, por favor. 

Ela me seguiu e caminhamos por alguns minutos, em silêncio, comigo indo a alguns passos à frente. Podia sentir que ela mantinha o olhar desconfiado, andando atrás de mim. 

Chegamos a um canto menos movimentado, havia muitos blocos grandes de madeira ao redor. Me sentei em um deles e olhei para ela, indicando que se sentasse também. Ela deu um suspiro impaciente e se sentou ao meu lado, a mais ou menos um braço de distância. Eu não sabia como começar, então a falta de paciência dela começou antes de mim:

-Então, sensei, o que quer falar comigo, posso saber?

-Bem, eu posso estar errado...mas tenho a impressão de que você está chateada comigo. Só queria saber se é verdade. 

Ela me olhou, surpresa, e então deu um novo suspiro, olhando para o chão. Falou, um pouco baixo:

-Na verdade, sim. 

-Poderia me dizer o motivo?

Ela ficou alguns segundos em silêncio, ainda olhando para o chão. Parecia estar procurando as palavras certas para dizer. Eu conhecia bem o jeito dela, como temos bastante convivência, consigo quase sempre saber o que ela está pensando ou sentindo. No entanto, às vezes ela pode ser um pouco imprevisível. A encarei, esperando por uma resposta, quando ela finalmente virou o rosto na minha direção, mas ainda mantendo o olhar para baixo:

-A forma como você me tratou nos últimos dias me magoou bastante. -ela disse, séria. 

-Eu lhe tratei mal? Como? - perguntei, surpreso. Que eu saiba, eu não fiz nada de diferente com ela, muito pelo contrário. 

-Quando você me perguntou se eu havia me decidido sobre os meus sentimentos...aquilo doeu bastante, senti um julgamento áspero vindo de você. E depois você me tratou como se eu fosse uma criança, mandando eu ir buscar os meninos. E ainda ficou debochando da minha cara, rindo de mim quando aquela companheira ridícula do Sasuke-kun veio querendo me dar lição de moral...

Mas o quê? Como assim? Como eu a julguei e a tratei como criança? Olhei para ela, pasmo com o que acabara de ouvir. Ela ainda não me encarava, estava até agora fitando o chão, porém sua expressão se mantinha séria. Fiquei alguns segundos processando o que ela disse, mas antes de retrucar, ela falou, suspirando:

-Eu sei que fui impulsiva, que agi de forma imprudente, mas eu só queria poder proteger todo mundo dessa confusão. Eu não quero que os meus amigos se matem por causa do Sasuke-kun...eu sentia que precisava agir, que precisava parar de depender tanto das pessoas e resolver essa situação de uma vez por todas, antes que tudo se complique ainda mais...- sua voz enfraquecia um pouco à medida que ela falava, pude perceber que ela estava segurando as lágrimas.- Eu pensei que ao menos você pudesse me entender. Mas você me julgou de uma forma que me magoou muito. Eu sempre confiei muito em você, e você é uma das poucas pessoas que não me critica negativamente ou me discrimina...mas...ao ouvi-lo falar aquilo para mim doeu muito, porque vinha da última pessoa que eu achei que faria isso comigo. 

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