Hora do almoço!!
Comer bem e ler o segundo capítulo da nossa fic. Essa é a ordem do dia.
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Vejo Alec escalar a árvore, rapidamente, como se fosse algo super fácil e chego até a me esquecer do medo de ficar sozinho aqui embaixo, enquanto observo seus braços e pernas longas em movimento.No primeiro momento entrei em pânico novamente e não fiz questão de esconder. Eu não quero ficar sozinho, tenho medo de animais, de tudo, e digo isso a ele, quando agarro seu braço assim que ele se prepara para a escalada.
_ E se você cair? Se acontecer alguma coisa? Eu não quero ficar sozinho. Eu vou morrer se ficar sozinho!
Alec se vira e olha nos meus olhos com os seus, hipnóticos. _ Eu não vou demorar, só preciso trazer Stuart e a minha mochila. Então, vamos fazer um abrigo para passarmos a noite _ ele diz, com tudo planejado. Ele é tão seguro e tranquilo que eu apenas acredito em suas palavras e aceno com a cabeça. _ Vai ficar tudo bem… Qualquer coisa, grite e eu desço o mais rápido possível _ avisa.
Ele sobe e sobe e some. Mas eu não paro de olhar para cima, porque se olhar ao redor vou hiperventilar. A realidade de estar sozinho na selva panamenha é demais para mim.
Alec é um monstro de força e eu posso provar. Foi louco vê-lo descendo com o corpo do nosso piloto sobre os ombros e a sua mochila, enorme, presa em seu braço. Aquele homem pode fazer qualquer coisa e eu vou ficar grudado nele o tempo todo, até sermos resgatados.
Quando ele chega mais baixo, solta a mochila e, ao descer, coloca o corpo de Stuart no chão, com extremo cuidado. Admiro o respeito que tem com aquele ser humano.
Alec se concentra em fazer uma cova, rasgando a terra com pedaços de árvore. Não me movo, meus olhos grudados em Stuart morto no chão.
Eu não quis viajar num aviãozinho velho, por medo de cair, e o piloto do helicóptero novinho, que eu escolhi voar, teve um infarto no ar. Isso é uma piada no céu? Os anjos estão rindo da minha cara?
Alec não parece se importar por eu não ajudá-lo. Ele faz tudo sozinho e o mais rápido que pode. Cava, coloca Stuart na cova e cobre seu rosto com a jaqueta do piloto, antes de jogar toda a terra de volta no buraco. Depois, coloca pedras ao redor e uma cruz em cima. Fica em silêncio alguns minutos, agachado ao lado da cova e não sei se ele está apenas descansando ou fazendo uma oração, mas certamente é a segunda opção. Esse cara é real?
Quando se levanta, ele se volta para mim. _ Agora, vamos fazer um abrigo… Vi algumas nuvens escuras se aproximando. Deve chover mais tarde _ diz e eu não quero pegar chuva na selva.
Nos afastamos do local da queda do helicóptero e eu não consigo entender porque não permanecemos ali, para facilitar o resgate, mas Alec me explica, com toda paciência, que o helicóptero pode simplesmente desabar sobre nossas cabeças, e que quem vier nos resgatar, vai procurar nas proximidades também. Ele deve ter razão…
Começa a chover quando Alec está quase terminando de fazer nosso abrigo. Eu já estou debaixo da folhagem que ele colocou sobre os galhos que cortou. A chuva fica mais forte a cada minuto e está escurecendo. Estou quieto e com medo.
Alec entra no abrigo, pequeno e apertado, e abre sua mochila, pegando um kit de primeiros socorros. Claro que ele teria um!
Ele se senta sobre algumas folhas que instalou no piso, e me chama para mais perto. _ Vamos cuidar do machucado no seu queixo _ avisa e eu só obedeço, o erguendo na sua direção. Acho que estou meio no piloto automático.
Ele limpa meu queixo com água oxigenada e arde muito. Eu grito um pouco e ele apenas está concentrado no que está fazendo. Consigo ver seus olhos claros olhando fixamente para o meu machucado, mas sei que se olhar nos meus olhos posso ser hipnotizado novamente por eles.

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Sobreviventes
RomanceUma viagem de helicóptero, um acidente trágico, dois homens sozinhos em uma selva úmida e perigosa. Duas pessoas diferentes, dois mundos distintos. Medo, coragem, ansiedade, confiança. Eles precisam trabalhar juntos se quiserem sobreviver... Consegu...