10 - Sinto sua falta

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Aí você acordou e a notificação estava lá...😊
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_ Isso deve ser alguma síndrome ou algo assim, como aquelas vítimas que pensam estar apaixonadas por seus captores. Você não está apaixonado de verdade por esse homem. Isso não tem lógica, Magnus! _ Ragnor anda de um lado para o outro, dentro do meu quarto.

Ele me procurou na noite anterior e de manhã, sem nunca me encontrar. Apavorado, pediu ao funcionário da recepção abrir o meu quarto, por achar que eu podia estar morto ali, mas encontrou apenas as minhas roupas e meu celular. Ele já não sabia o que pensar, quando eu apareci… para buscar algumas roupas e depois ir até ele no intuito de avisá-lo que vou ficar com Alexander, até ele poder viajar, porque somos um casal e eu quero ficar com ele. 

_ Mas ele também se sente assim… _ explico. _ Você não entende, porque nunca viveu o que nós vivemos juntos. 

_ Magnus, pense com clareza, você se apaixonou pelo cara que sobreviveu a um acidente trágico com você. Isso é uma espécie de gratidão exagerada _ ele deduz. 

Eu devo dizer a ele que somos tão gratos, que transamos na selva? Porque ele deve ter imaginado que transamos na noite anterior, quando eu sumi, vestindo apenas um roupão, né… Ele vai dizer que foi sexo se gratidão por ele ter me salvado do crocodilo e eu vou ter que explicar que já estava com tesão naquele homem todo, desde o primeiro dia. Isso vai dar muito trabalho e eu não preciso ficar dando satisfações da minha vida para ninguém, nem para Ragnor. 

_ Sou grato a Alexander, mas não é essa a questão… Eu me sinto bem com ele e ele comigo… É sobre isso…_ tento explicar, mais uma vez. _ Então, ele vai ter de ficar aqui mais alguns dias, por causa do princípio de pneumonia, e eu quero cuidar dele… 

_ É gratidão! _ Ragnor teima. _ Quando voltar a sua rotina vai esquecê-lo, vai perceber que não é um sentimento real…

_ Eu não acho que você tenha razão e, nesse momento não estou interessado em descobrir. Vou ficar. Você volta e eu vou em alguns dias, eu prometo… 

Ragnor me fita, preocupado. _ E se, nessa sua alucinação, você resolver largar toda a sua vida e ir embora com ele? 

Eu rio. Se ele soubesse que cheguei a cogitar isso em minha mente… Mas, Alexander já deixou claro que precisa se reestruturar e eu também tenho que buscar outro caminho para fazer crescer a minha empresa. Ele é muito centrado.

_ Não farei isso, prometo também…_ eu me comprometo. _ Quando ele receber a alta, vamos resolver nossas vidas, eu em Nova York e ele em Toronto… Depois, vamos conversar sobre nós… 

Ragnor me encara, sem acreditar muito, mas ele sabe que eu não vou mudar de ideia. Eu prometi a Alexander e quero ficar com ele.

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Alec fica pensativo sobre o que Ragnor disse e eu quase me arrependo de ter comentado, como se fosse algo engraçado.

_ Eu não tenho síndrome de Estocolmo! Você não me sequestrou! Eu sei o que sinto por você _ digo, seguro dos meus sentimentos, sentado sobre os joelhos, na cama dele. 

Alec ainda está deitado, sem roupas, exatamente como o deixei, e talvez esteja cansado, ou mais doente do que pensei. Na selva ele sempre estava a postos bem cedo, e, na única manhã que dormiu mais, eu quase deixei um crocodilo me matar. Acho que merece relaxar e precisa curar seu corpo.

Ele se move e avança na minha direção, as mãos percorrendo meu corpo vestido, me puxando sobre ele. 

_ E se ele estiver certo e você se esquecer de mim, quando voltar à sua rotina? _ pergunta, as mãos invadindo minha camisa, acariciando minhas costas. 

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