4 - Eu não sou o único aqui

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Temos mais um capítulo...
E acho que teremos risos...😅😅
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Eu grito alto e Alec se vira na minha direção, ainda fechando o zíper da calça preta, por cima da boxer molhada. Não há muito sentido em tomar banho e vestir a roupa suja que estava usando antes, por cima da cueca molhada, mas quem sou eu para discutir com esse cara? 

O cenho dele está franzido e ele me encara questionador. Não me sinto à vontade para dizer o que está acontecendo, contudo, não tenho opção, porque somos só nós dois e ele tem que me socorrer. 

_ Tem uma coisa… _ eu gaguejo, a toalha esticada na frente do meu corpo molhado e nu, guardando meu pau dos seus olhos, mesmo que eu saiba que não o interessa. Alec é o típico macho heteronormativo, eu consigo reconhecer isso nele pelo total desinteresse por mim, sendo eu um cara bonito e muito interessante…_ Tem uma coisa na minha, na minha… grudou algo aqui… _ eu aponto para trás e ele puxa o canto da boca e anda para trás de mim, como se fosse algo normal e corriqueiro.

_ Eu disse que não devia tomar banho sem cueca justamente por isso… Há sanguessugas nessas águas _ ele fala tão tranquilo e quase satisfeito com a desgraça que caiu sobre mim, que eu quero esganá-lo. _ Você tem sorte por ter sido só uma e ela ter se prendido na sua bunda _ parece que ele está sorrindo, mas eu não me atrevo olhar para trás. Apenas resmungo quando sinto uma dorzinha e sei que ele a arrancou do meu corpo. 

_ Isso vai infeccionar? _ pergunto, a voz sumindo.

_ Não… Ela não teve tanto tempo para fazer uma ferida maior, só há uma picada… _ ele está observando a minha bunda?  _ Depois eu dou a você uma pomada cicatrizante _ completa. 

Estou mudo de vergonha e trato de me vestir o mais rápido possível, sem nem me enxugar direito. 

Ele não veste a camisa novamente e isso dificulta a minha concentração no caminho de volta, porque meus olhos sempre voltam para as costas fortes desenhadas em tatuagens. 

Mais vergonhoso ainda é quando ele precisa passar a pomada sobre o meu pequeno ferimento, porque não consigo vê-lo. Eu sinto seus dedos deslizando delicadamente na minha pele e depois subo minhas roupas apressadamente, enquanto ele se afasta até sua mochila no abrigo improvisado que fez. Ao voltar, está com outra calça, igualmente preta, mas com mais bolsos nas pernas. Ele também traz a tal aljava pendurada no ombro e alguns anzóis na mão. Graças a Deus ele está vestido em uma camisa cinza, de botões e mangas compridas, enroladas nos cotovelos. Como ele conseguiu se trocar naquele espaço apertado?

_ Vou tentar pescar algo para comermos no jantar… Levarei o arco, caso apareça algo maior… _ diz.

_ Maior? _ franzo as sobrancelhas.

_ Aves, enguias… Há crocodilos, mas a flecha não entra na pele grossa deles. Eu teria de usar a minha faca… _ ele comenta e observo a faca de caçador, presa no cinto. 

_ Eu vou ficar na barraca _ digo e me afasto. Ele concorda e vai para o rio.

O tempo parece passar mais devagar quando não se tem um celular conectado à internet na mão, e parece ter passado dois dias desde que Alec saiu. 

Começo a me enervar, mas logo o vejo voltando com vários peixes presos a uma flecha, em seu ombro. 

_ Eu nem gosto tanto de peixe… mas já que esse é o melhor que tem no cardápio… _ me ouço dizer, quando ele apresenta o resultado da pesca, com um pequeno sorriso orgulhoso, que se dissipa com meu comentário.

Ele acende o fogo com uns fósforos que trouxe em sua mochila e diz que limpou os peixes na beira da água, para facilitar, então os coloca sobre o fogo e, quando escurece, estamos comendo peixe assado. 

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