Título

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Me dirijo as prateleiras repletas de livros, a percorro com atenção enquanto sinto o olhar do professor pairando sobre mim. Um arrepio percorre meu corpo, não estou acostumada com as sensações que sua presença provoca, mas devo admitir que estou começando a gostar de senti-las.

Encontro apenas alguns títulos famosos, enciclopédias, biografias, tudo tão profissional e entediante, até eu avistar um pequeno entulho no meio do até então emaculado acervo, não que seja uma péssima leitura, mas devo dizer que não estava esperando por aquilo: "Trópico de Capricórnio, Henry Miller ". Pego cuidadosamente o livro e o inspeciono.

- Encontrou algo interessante? - caminha em minha direção.

- Extremamente interessante. - digo aos risos

Me sento em um espaço vazio presente na escrivaninha, abro o livro conhecido, sem conseguir conter o sorriso, uma situação inusitada eu diria. Ele estranha minha reação e vira a capa do livro em minhas mãos a procura do título, seu rosto antes tão sorridente se volta ao constrangimento.

- Seu irmão tem bom gosto.- provoco.

- Nem tanto. - rebate.

- Sabe do que se trata o livro?

- Bom, quando era mais novo, antes de me tornar professor esse era meu escritório. - assimilo rapidamente o que me faz cair na gargalhada.

- Eu tinha uns vinte anos. - tenta se justificar. - Devo ter esquecido quando me mudei. - me encara com os braços cruzados e querendo rir também. - Vamos, pare até por que pelo jeito você gosta desse gênero.

- Não inverta as coisas. O livro está na prateleira do seu antigo escritório. - aponto para ele com leve tom acusatório.

- E você o reconheceu assim que o viu. Me pergunto como uma garota com pais tão rigorosos reconheceria um livro assim sem nunca o ter lido.

- Okay, admito, mas foi unicamente pelo conteúdo. - justifico.

- Tenho certeza que foi pelo conteúdo. - agora é ele que ri. - Você ainda lê livros como esse?

- Não exatamente, prefiro algo mais atual, e que preferencialmente não pareça ter sido escrito no século passado. - tento parecer engraçada, para disfarçar o constrangimento.

- Hm, você é do tipo que gosta dos garotos bonzinhos ou dos badboys nos livros?

Dou risada de sua pergunta, tinha me esquecido sua idade até aquele momento.

- Depende muito da situação, contanto que ele tenha um bom desempenho não me importa o papel.

- Você parece realmente apreciar histórias como essa, presumo que aprenda algo com elas. - um sorriso de canto junto ao um tom quase sarcástico se formam durante a frase.

- Com toda certeza.

- E que tipo de coisas você aprendeu? - sua voz parecia ter se tornado mais grave, me deparo com Carden frente a frente, próximo o suficiente para que eu consiga sentir o calor de seu corpo. - Huh? Fique a vontade para responder, dificilmente algo que disser me surpreendera, não a algo que eu não saiba ou não tenha feito.- Seu tom agora é provocador, quase como se estivesse me desafiando a responde-lo.

- Então creio que eu seja uma aluna aqui. E que coincidência temos um professor.

Carden pega o livro das minhas mãos o fechando e sem desviar seus olhos dos meus o coloca de canto sobre a escrivaninha.

- Como um bom mentor acredito em aulas teóricas Darcy. - agora seu rosto está tão próximo que volto a sentir as essências do vinho. - Mas as práticas sempre geram mais resultados.

Coffee-Scented WineOnde histórias criam vida. Descubra agora