Ao atravessar o campos, já consigo ouvir o som abafado das caixas de som e luzes coloridas a distância brilhando na república dos atletas. Avisto Adan em uma das saídas do prédio de Ri indo para seu carro e enquanto controlo meus impulsos de correr até ele e esbofetia-lo, sou arrancada de meus desejos violentos com o susto de um braço forte acompanhado de perfume oceanico envolvendo meus ombros e um leve odor de álcool no meu rosto.
- E aí gatinhas, estão sozinhas? - observo quem havia chegado e consigo notar seu cabelo claro bagunçado e seus olhos escuros em um verde quase imperceptível por conta da iluminação. Pareceria um anjo se não fosse pelas tatuagens que já começavam em seu pescoço, um piercing na sombrancelha e uma sensação de temor que me causava. Um anjo caído talvez?
Dou uma última olhada para o professor que estava com as mãos na maçaneta da porta e encontro seu olhar sobre mim. Logo ele corta o contato e entra em seu carro.
- Pierre, essa é a Darcy, minha prima. Ela é nova aqui. - Miranda me trás de volta ao me apresentar ao recém chegado demonstrando que o conhece, o que me assusta um pouco. Que amizades ela anda tendo?
Seu amigo me devora com o olhar de cima a baixo, na verdade, dos meus olhos até o decote do vestido. Quando mesmo constrangida estou prestes a erguer minha mão em um cumprimento, sinto meus ombros sendo espremidos pela sua força sobre mim, e um beijo álcoolizado em minhas bochechas. Tenho certeza que corei.
- Olá namorada. - diz no maior descaramento possível.
- O que? - questiono confusa.
- Apartir de agora somos um casal. Você é minha e eu sou todo seu. - sua resposta é acompanhada de uma mão forte em minha cintura.
Busco em Miranda algum sinal do que devo fazer, mas ela está distraída com o amigo de Pierre que nem havia notado chegar. Decido levar na esportiva, pelo menos não andaremos pela Universidade escura sozinhas, por mais que não sinta que posso confiar nele.
.....
Faz mais de uma hora que chegamos, está lotado, barulhento e cheira a cerveja e suor, acho que nunca conseguirei me acostumar a lugares assim. Os amigos de Miranda se espalharam pela festa assim que entramos e vi de relance meu "novo namorado" beijando três garotas diferentes. Ela estava me fazendo companhia até agora pouco, mas uma garota bonita se aproximou e a roubou de mim, o que me dá uma boa oportunidade de fugir daqui.
Consigo escapar com dificuldade da maré de corpos dançando no meu caminho e tenho certeza que senti algumas mãos indesejadas sobre meu corpo, mais um motivo na minha lista para nunca mais participar de festas nesse lugar. Alcanço os fundos da casa , onde está mais tranquilo e em equilíbrio, com jovens conversando como pessoas e se pegando como animais. Encontro uma única mesa vazia com 3 cadeiras, o que me trás alívio, assim que me sento escuto alguém ao meu lado.
- Droga! Você chegou primeiro. - ele puxa uma cadeira e se senta. - Espero que não se importe em dividir.
O encanro por um momento, e me questiono porque a maioria dos garotos nesse lugar parecem que saíram de um livro de bad boys. Esse não é tão estereotipado quanto Pierre, mas suas caracteriscas naturais são suficientes para essa impressão: cabelo preto e olhos negros, clássico.
Permito que se sente em um movimento de cabeça sem a menor intenção de parecer educada ou iniciar uma conversa, pois uma dor de cabeça começava me invadir. Pego meu celular para tentar desviar minha atenção do silêncio, e fico rolando o feed enquanto o escuto revirando os bolsos.
- Aqui está. - olho de canto de olho e percebo um baseado entre seus dedos. - Espero que não se importe.
- Sim, um pouco.- meus protestos são ignorados, com ele acendendo e tragando.
- Ops. - me oferece um sorriso e se movimenta para apagar, mas o impesso.
- Está tudo bem.
O silêncio continua por um bom tempo e isso aparentemente não o incomoda, mas passa a me incomodar.
- Me chamo Darcy.
- Acho que está quebrando nosso acordo social do silêncio. - abaixo novamente a cabeça me sentindo uma idiota por tentar ser gentil. Ouço sua risada baixa e então se apresenta. - Me chamo Nathaniel.
- Você estuda aqui? - me sinto um pouco burra com a pergunta já que provavelmente 99% das pessoas ali são alunos.
- Não. - me surpreendo. - Mas tenho muitos conhecidos em Oxford e com certeza você não é um deles. É uma caloura?
- Sim, do curso de Relações Internacionais.
- RI? - o vejo se divertir de novo. Aparentemente ele sorri bastante, mas tudo bem porque é bonito e parece sincero. - Espero não ter caído com Carden, ele é um pé no saco.
- Felizmente eu não caí. Você o conhece?
Antes da resposta noto uma sombra sobre mim, e o cheiro de álcool toma o lugar cobrindo o perfume inebriante de Pierre que senti mais cedo.
- Espero que não esteje tentando roubar minha namorada. - O anjo caído se senta ao meu lado e sua figura imponente de quando eu o conheci aparentemente foi danificada pelos litros de bebida que parece ter ingerido.
- Relaxe. Não temos os mesmos gostos. - o garoto retruca o que por algum motivo me soou ofensivo.
- Bom, então o que estão fazendo? - me surpreendo com sua mão segurando com força minha coxa, o que me faz estremecer por um segundo e ter alguns pensamentos sobre o tamanho de suas mãos.
O vejo fitar Nathaniel de uma maneira um pouco raivosa, me fazendo identificar um fraguimento da imponência anterior.
- Apenas fumando. - o segundo garoto responde sem se importar com a ameaça implícita.
- E você? - seu olhar duro sobre mim esperando uma resposta sincera.
- Fugindo. - respiro fundo, instintivamente colocando uma das mãos sobre a cabeça.
- Está com dor? - concordo com um aceno e o vejo pegar algo em seus bolsos. - Aqui. - me entrega um cigarro de maconha, o que me faz ter certeza que esse é um utensílio básico entre universitários. - Já que nosso amigo foi egoísta com você. - complementa e Nathaniel nos ignora.
- Acho que o cheiro é suficiente. - afasto o cigarro para o lado.
O vejo acender em sua boca e tragar, a maior parte da fumaça vai em direção ao meu rosto o que me faz tossir um pouco.
- Vamos. Essa belezinha é capaz de curar tudo.
Repenso sobre a proposta e me lembro de ter lido em algum lugar que a Cannabis sativa ajuda com enxaqueca, ainda mais com frequentes que nem as minhas. Tendo isso em mente pego receosa seu baseado, dou uma tragada leve e mesmo assim sinto minha garganta irritada.
- Okay, acho que isso não é para mim. - percebo ambos tirando sarro de mim.
- Você se acostuma. - Nathaniel se levanta . - Boa festa para vocês. - se afasta nos deixando finalmente sozinhos.
Estou tensa desde que Pierre chegou e pressionou seu toque sobre mim ainda que meu estômago esfrie com o mesmo, isso se realça com fato de estarmos a sós. Mesmo sendo amigo de Miranda e sabendo que posso confiar nela, me sinto em um estado de pavor desde que o vi.
Sinto o colocar um dos meus cachos para trás da orelha e roçar suavemente seus dedos duros sobre minha bochecha, meus músculos se contraem ainda mais e nem consigo encara-lo. O que pretende?
- Estou te deixando desconfortável, mon lapin? - isso é francês?
- Na verdade sim, estou . - me obrigo a encara- lo.
- Sou seu namorado, não deveria se sentir assim. - aproxima mais seu rosto do meu, com seus lábios entre abertos e sinto a mistura de menta e gin. Sua mão antes bruta contra mim, começa a acariciar sutilmente minha perna, misturando meu temor a arrepios bons.
- Eu quero ir embora. - Ao contrário de minhas palavras não saio.
- Tudo bem. - se afasta sem hesitar, me causando uma sensação confusa de alivio e frustração.

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Coffee-Scented Wine
RomansaDarcy é uma doce garota em busca de emancipação, a qual ela vê proxima através de uma bolsa para uma das mais reconhecidas Universidades do Reino Unido. A pressão em ser uma boa filha, estudante e pessoa , tornaram sua infância rigorosa a fazendo...