Os Carden

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Sou acordada pelo sutil toque caloroso dos raios de sol pela manhã, sinto minha cabeça latejar com claridade do quarto. Aos poucos meus olhos se acostumam com a luz, e começo estranhar o ambiente. Estou sobre uma cama enorme e desconhecida, em um quarto que com certeza não é um dos dormitórios da faculdade, coberta por lençóis tão sutis sobre minha pele que por um momento cogito estar totalmente exposta. Nua na cama de um estranho, que merda de decisões ando tomando?

Encaro o lustre que provavelmente vale meu rim e tento recobrar os acontecimentos do dia anterior: biblioteca, Adam, bebidas para a festa de Miranda, o vinho... as cenas se apresentam como em um filme, com diversas cenas maiores de 18, e já consigo pensar em uma reprise. Devo dizer que apesar de a minha primeira vez não ter sido tão romântica quanto sempre é esperado, Adam me proporcionou algo bem melhor do que qualquer ideia que eu poderia ter. Fodemos no escritório, brincamos pela casa e terminamos em seu quarto, não consigo deixar de sorrir sozinha ao lembrar.

Percebo finalmente o som de um chuveiro ao ser desligado, me sento sobre a cama, ajeito de maneira falha meus cabelos, limpo meus olhos e tento reproduzir um olhar sedutor, não sei exatamente o que devo fazer, mas tento causar uma boa impressão.

- Dormiu bem? - o professor surge no quarto apenas de toalha, tenho certeza que meus olhos brilharam com essa visão.

- A gente dormiu? - devolvo. Me sinto exausta tanto física quanto psicologicamente.

- Poucas horas antes do nascer do sol. Apenas porque você não aguentava mais ficar em pé. - eu bebi tanto assim? - Está com fome?

Concordo com a cabeça em uma resposta óbvia, receio que até ele esteja escutando as reclamações em meu estômago. Ao contrário da maioria dos livros, não se pode viver de pau e água, ainda que esse pau seja tão grande quanto de Adam.

- Tome um banho e quando descer o café estará na mesa, com algumas aspirinas para cabeça, tenho certeza que a quantidade de álcool que tomou não lhe fez bem. - Pelo jeito agi como uma alcoolatra sem limites.

- Minhas roupas...? - pergunto as procurando ao redor.

Me lembro de segurar o lençou sobre meu corpo, ainda que o professor tenha visto cada parte dele na noite anterior, estou de volta a sobriedade, o que significa que também a timidez.

- Devem estar pela casa, se as encontrar te entrego.- recosta-se sobre o batente da porta de braços cruzados e sinto seus olhos arderem sobre meu corpo.- Ainda que eu prefira você sem elas.

Respondo com um sorriso inconsciente seu tom malicioso, e decido me levantar. Coloco meus pés sobre o carvalho, ainda com a roupa de cama sobre mim. Em uma falha tentativa em apoiar meu peso sobre um deles percebo uma fraqueza dos tornozelos ao quadril. Talvez não tenha sido a bebida a culpada por não me aguentar em pé noite passada. Encaro Carden incrédula.

- Precisa de ajuda? - ele está se divertindo com a situação. Até a "gentileza" de perguntar, foi apenas para acentuar minha humilhação.

- Eu já te odeio. - digo em ironia.

- Eu tenho certeza que sim. - responde entre risos.

Depois de alguns minutos tentando forçar minhas pernas, consigo dar passos firmes, deixo o lençou sobre a cama, pois tenho certeza que seria capaz de tropeçar sobre ele, e me cubro apenas da falsa coragem que sempre fingo ter.

- Poderia me dar licença? - ele consegue cobrir boa parte da entrada para o banheiro.

Ele olha em meus olhos, com um sorriso contido que não entendo, em nem um momento olha para meu corpo nu a sua frente, mas sinto que isso o provoca. O vapor sobre sua pele emana um gostoso cheiro de sabonete, e tenho certeza que expiro sexo por cada um de meus poros.

Coffee-Scented WineOnde histórias criam vida. Descubra agora