this again

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Last week, Plastic beach

Essa última semana que nós dois tivemos, foi a melhor da minha vida.

Eu não acho que ele tenha mudado, afinal, quem faz uma vez, pode fazer mais outras vezes. Mas há algo reconfortante nele que me faz sentir eufórico, mas ao mesmo tempo, confortável perto dele.
Ele realmente é viciante tão quanto à uma droga. É como se meu cérebro recebesse uma grande dose de dopamina quando nós estamos juntos.

Eu espero que isso nunca acabe.

"Plastic Beach, flashback"

"— Oi arrombado, me ajuda nessa porra de submarino que não está saindo do lugar?

Murdoc o indaga, ele o olha indisposto e cansado. Seus olhos estavam pesados e com cores escurecidas sob aquela grande esfera negra em forma de olheiras. Ele acabará de acordar e não estava disposto a ajudá-lo, mas o receio de uma catástrofe acontecer contra sua vida era maior que sua indisposição.

Sem responder nada, o garoto apenas pega um punhado de ferramentas e o ajuda, seguindo as orientações de seu companheiro para concluírem a tarefa.

— eu não sei nem como agradecer você, obrigado por me ajudar. Eu sei que você acabou de acordar e veio falar comigo sem as intenções de me ajudar, mas, me desculpe mesmo assim.

Ele acertou exatamente sobre o que estará pensando. Antes de assimilar isso, ele foi surpreendido por um reconfortante abraço que precisava naquela hora de alguém que amava. Ele não era aquele alguém, mas podia ser um se continuasse assim.

— Não tem problema. É sempre bom passar um tempo com você do presente.

Murdoc o olha confuso:

— Como assim, "o meu eu do presente?"

Ele sorri envergonhado pensando que aquilo que falará poderia ser inconveniente.

— O seu eu do passado, me xingaria com uma simples e amadora conversa. Mas o seu do presente é gentil e me escuta sempre que eu preciso.

Ele o olha de frente e coloca seus braços em volta da nuca do outro para se olharem mais fixamente. Mas o mais baixo fica retraído com o olhar do outro e fica mais na defensiva.

— É... Obrigado por me ajudar. Volte sempre faceache!

Ele termina sua frase com um beijo em sua testa"

"End of the flashback"

Lembrar disso me deu um enorme aperto no coração, ele nunca diria isso para mim normalmente. Eu ainda acho que ele não mudou, mas essas falas dele me prova o contrário. Prefiro não tirar conclusões cedo de mais.

Next and last day.

Plastic beach, 07:00

Murdoc me olha tenso e apavorado, porém, estranhamente quieto. Ele apenas me disse para fugir de onde estou o mais rapido possível.

— O que está acontecendo? Por que eu tenho que fugir? Todos estão bem? — Eu o pergunto, mas ele ainda continua apático

— Só me escuta pela última vez. Foge daqui enquanto você pode. Os piratas vieram junto com o filho da puta do fantasma de farmácia.

Ele coloca a mão nos meus ombros e olha para a janela. Eu olho a mesma, e a cena era a mesma quando estávamos na Kong. A diferença é que tem o dobro de pessoas e uma dúzia de barcos medievais. Sem contar com as aeronaves que sobrevoavam iguais aos antigos helicópteros.

— Promete que nunca vai se separar da gente? — Estava nervoso, não queria me separar deles mais uma vez. Eu simplesmente me mataria de saudades por eles.

— Prometo. Pelo o nosso amor, faceache.

Ele me despede com um último e prolongado beijo, eu sei que nunca mais nos veremos, e é isso que toca a minha alma e desperta os mais profundos sentimentos que eu havia sobre ele.

Eu iria ficar com "abstinência" dele? Eu iria me culpar profundamente de estar pensando únicamente em nós do que nas outras duas pessoas mais importantes da minha vida? Eu não quero carregar a culpa eterna de ter abandonado-os. Nem o perdão divino iria me salvar do meu própio complexo?

Por que eu estou pensando sobre isso? Eu tenho que fugir imediatamente!

Antes de sair, ele me deu uma máscara que nós dois fizemos juntos, como se fosse uma forma de disfarçe.

Antes de partir, eu notei que a antiga cyborg, que estava inativa, estava atirando nos piratas, como se estivesse me acobertando para ir embora.

Uma coisa que me doeu profundamente, é que mesmo ela sendo apenas um robô, a cena dela tomando um tiro e cambalheando para trás nunca irá sair da minha mente. Eu senti um grito entalado na garganta, pequenas poças d'água se formavam nos meus olhos. Eu vi a noodle de carne e osso nela, e foi aquilo que me fez querer ir atrás dela. Mas eu não consegui.

Eu fugi.

Eu fugi de lá com o peito apertado e tremendo. Eu não sabia como agir, e essa falta de conhecimento me fez deixar Murdoc, Noodle e Russel para trás. Eu não mereço estar vivo.

Cheguei na costa da praia da cidade. Tirei a máscara e desmoronei ali mesmo. Eu nunca mais iria ver-los. Nunca mais iriamos ser um grupo. Eles devem estar em perigo e eu estou aqui, vivo.

Só conseguia soluçar e socar o meu peito, lembrando que eu podia ter me arriscado mais. Por que logo agora que estava tudo dando certo?

O nosso único legado foi o albúm recém lançado "Plastic beach", a única coisa que eu consegui salvar além de mim mesmo.

London, 19:00

Sinto que voltei de volta para casa. A cidade me dá boas lembranças que vivemos, mas seria melhor eu esquece-las e viver outras, eles nunca vão voltar mesmo.

Fiz o caminho de volta para casa do jeito que eu lembrava. Fiquei com medo de que minha família teria vendido a casa, mas fiquei aliviado ao ver minha criadora na porta.

Eu inventei uma desculpa qualquer, ela não acreditaria se eu falasse a verdade mesmo.

Descansei-me no meu antigo e aconchegante quarto. Ele continuava do mesmo jeito de antes, mas eu vejo algo diferente. Do lado da luminária aonde tinha uma plaqueta com o meu nome, havia uma foto de nós quatro sorrindo felizes. Eu só queria que nós estivessemos juntos novamente.

Eu sinto falta do Russel implicando com Murdoc, da noodle conversando comigo por horas, das nossas noites em grupo para falar sobre a vida, de sair com aquela lata velha.

E principalmente de Murdoc. Sinto sua falta em cada célula do meu corpo. Conviver sem ele e os outros seria como um purgatório de todos os meus piores pecados.

Era melhor eu começar a me adaptar.





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