The scientist

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A alguns quilômetros dali, Simone escuta a voz de Soraya. 

Seria fisicamente impossível isso acontecer, mas mesmo assim ela correu o máximo que pode, seguindo sua intuição.

As lágrimas surgiram enquanto corria, o alívio começando a aparecer em seu rosto.

Fechou os olhos por alguns segundos e arrependeu-se amargamente por isso. Quando retomou a visão, havia uma onça pintada mostrando os caninos para ela.

Correu na direção contrária do animal esquecendo-se, momentaneamente, de Soraya.

Por algum motivo, a onça não a atacara. Simone era muito mais lenta, mas mesmo assim mantinha vantagem na corrida, o que era pouco provável em uma situação como essa.

Decidiu não pensar positivo quando viu a fera acelerar suas passadas.

Disparou floresta adentro, pulando troncos queimados e carcaças de animais.

Corria tanto que não olhava pra trás, só parou ao avistar a mochila de Soraya completamente queimada perto de um tronco.

Sabia que estava perto, tomou fôlego e pegou o objeto nas mãos.

– Soraya! – Simone gritava a plenos pulmões, o ar saindo e não retornando. Sentiu sua visão ficar turva e a pressão cair.

Devo ter ficado maluca. Impossível de ter sido o grito de Soraya, corri tudo isso e até agora não a encontrei...

Culpou a onça por distraí-la, mas recobrou os sentidos e seguiu caminhando, procurando pelo animal.

Poucos metros dali, viu pedaços de blusa no chão. Seu coração acelerou perigosamente. Será que a onça havia ferido Thronicke?

Correu desesperadamente quando avistou o corpo de sua vice se contorcendo no chão.

– SORAYA! ESTOU AQUI – Tebet grita e chega até a mulher.

Ela entra em pânico ao perceber que a mulher está vendada e com a mão no peito. Respirava pesadamente e temia que o coração parasse.

Em seu rosto tinha um sorriso de dor e alívio, por ter encontrado Tebet. Suas bochechas estavam tomadas pela fuligem cinza e sangue seco misturado a lágrimas.

Rapidamente Tebet posiciona-a no chão da floresta e aplica massagem cardíaca. Não sabia direito o que estava fazendo, mas Thronicke parecia estar melhorando.

Assim que a respiração da sua vice retomou ao ritmo normal, Tebet aciona o rádio e entra em contato com os policiais que estão à procura de Soraya. Ninguém responde.

Simone pega em sua mochila uma garrafa d'água e coloca na boca de Thronicke que bebe ferozmente, ela se engasga e tosse por longos minutos.

As duas se abraçam e Simone toma-a em seus braços. Depois de alguns segundos em silêncio, ela decide conversar.

– O que aconteceu com seus olhos? – Tebet pergunta enquanto Soraya devora a quinta barra de cereal que fora oferecida para ela.

No mesmo instante Tebet percebe que Soraya está chorando não água, mas sim sangue.

Manchas escuras começam a surgir do tecido da venda, Tebet desespera-se para tirá-la mas Soraya a impede.

– Estou cega, Simone.

Tebet sente o corpo amolecer e os sons ficarem distantes. As palavras ecoavam em sua cabeça.

Estou cega, Simone. Estou cega. Cega...

– Simone? – Thronicke pergunta, sentindo o corpo da mulher ficar estranho embaixo de si.

– Simone? Por favor, o que está acontecendo? – ela torna a chamar, e a sacudi-la, mas Tebet está desacordada.

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