crotchety, new, loveable - billie eilish.

38.

— O que é isso?— pergunto, atordoada e com a visão incrivelmente bela à minha frente.

— É um presente. Eu quero te agradecer por nos deixar ficar em sua casa mesmo que se sua mãe nos pegar, estaremos todos mortos.

O presente de Billie é provavelmente a coisa mais lisonjeira que eu já recebi.

— Você... fez...?— tento formar uma frase, assustada. 

— Sim. Graffiti.

A enorme parede à nossa frente é certamente uma obra de arte.

Eu não sabia que ela era uma artista literal, mas, novamente, ela ainda não está completamente acostumada a se abrir para mim. No entanto, não consigo ver por que alguém esconderia tanto talento.

— É...— não consigo encontrar as palavras certas e ela definitivamente parece nervosa com a minha reação.

Fico olhando para a mistura de cores, os traços delicados e os detalhes marcantes desse meu retrato perfeitamente desenhado.

É certamente desenhado com tinta spray profissional e isso o torna mais fascinante e glamoroso.

Ninguém nunca fez nada assim por mim. Na verdade, a pessoa retratada nesta parede não se parece nem um pouco comigo.

Ela pode ter minhas feições e minha cor de cabelo, mas é muito mais elegante e linda.

— Merda, você não gostou disso, não é? Eu sabia que não sou tão habilidosa ainda, não deveria ter-

Antes que ela possa terminar seu pensamento idiota, eu a agarro pelo pescoço e conecto nossas testas rapidamente. 

— É o presente mais lindo que já recebi. — garanto a ela, acariciando seus cabelos. —Obrigado. Eu am- —Eu limpo minha garganta, balançando minha cabeça suavemente, — -amei.— eu resmungo finalmente.

Ela me olha com adoração antes de aninhar seu rosto no meu pescoço. 

— Estou tão feliz que você gostou. Tão feliz. — ela sussurra, como se ninguém além de mim pudesse ouvir isso. 

— Adorei. — repito, ainda segurando-a. Ela se afasta e sorri amplamente.

Ela não sorri assim com frequência, mas quando o faz é uma visão e tanto. 

— Estou tão cansada. — ela murmura, suspirando. Claro que ela está. 

— Eu sei. Quer voltar para casa?

Ela balança a cabeça e entrelaça nossas mãos instantaneamente.

O pequeno beco que ela escolheu para trabalhar no grafite, fica a apenas duas quadras da minha casa, então chegamos lá rapidamente.

Felizmente, minha mãe não está na cozinha nem na sala, então vamos direto para o meu quarto.  Aconselho-a a tentar dormir um pouco, já que ela quase não dormiu na noite passada. 

— Deite comigo. — ela pede em voz baixa, acariciando meus dedos. 

— Eu realmente preciso estudar para amanhã, arco-íris.

Ela faz beicinho, mas acena com desdém, dando um beijo na minha testa antes de me deixar estudar. 

[...]

— Jade? — a voz de Maya interrompe minha sessão de estudo três horas depois. 

— Está aberta.

Ela entra no quarto silenciosamente, olhando para trás e para frente entre mim e uma Billie dormindo na minha cama. 

— Ela está dormindo?

— Por favor, fique quieta. Ela realmente precisa descansar.

Minha irmã acena com a cabeça e começa a se aproximar de mim.

— Nik está procurando um emprego. De novo. Ele está exausto também. Talvez devêssemos contar a alguém.

Eu olho para ela, alarmada. 

— O que você quer dizer com contar a alguém? Não podemos! Eles vão levar Billie embora e jogar Nik nas ruas.— eu interrompo. 

Ela está falando sério? 

— Eu sei, eu sei. Mas enfiá-los para dentro e para fora acabou sendo mais arriscado do que pensávamos. — ela explica — Mamãe quase entrou no meu quarto esta manhã.

— O quê?

— Inventei alguma desculpa esfarrapada sobre meu quarto estar bagunçado para mantê-la fora. É a casa dela, não podemos continuar enganando ela para sempre. 

— Não é para sempre. Ele vai encontrar um emprego em breve.

— Como você sabe disso? Me escuta, eu sei que você e Billie são... próximas. Mas não vamos pensar em nós mesmos nem por um segundo? Não seria melhor para Nik se ela fosse colocada em um orfanato? encontrar um emprego estável e recuperá-la apenas um ano depois, quando fizer dezoito anos. Ele não pode cuidar de si mesmo, muito menos de outra pessoa.

Nos duas fomos tão egoístas? 

— Nik disse que não suportaria se separar de Billie. — tento não parecer desesperada, mas acho que estou falhando miseravelmente. 

— Mas ele não pode se cuidar. O que é melhor para os dois?

Eu não consigo mais ouvi-la.

O orfanato mais próximo fica fora da cidade e não há dúvida de que se Billie fosse transferida para lá, ela deixaria a escola e eu não poderia vê-la. 

Pode ser egoísta, mas não posso perdê-la. 

Eu não vou perdê-la.

Tenho certeza de que estou apaixonada por ela e preciso contar a ela mais rápido do que planejei.