3 - Sangue

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P.O.V HARRY

Hoje é domingo, e eu estou na casa do meu namorado. Depois do almoço, eu vim para cá, porque ele me pediu. Estou pensando em como vou contar a ele que arrumei um trabalho, por mais que seja um simples emprego, eu tenho medo de contar para ele, porque ele mal me deixa sair com meus amigos, imagina se eu ter que sair todos os dias, ele iria brigar muito comigo.

Estou sentado no sofá com ele, que está com um braço por cima de meu ombro. Está passando qualquer coisa na tv, mas eu estou muito nervoso para prestar atenção.

– Harry, você está bem? – Perguntou olhando para mim, me tirando do transe.

– É que... Eu só estou pensando... Em algumas coisas. – Respondi devagar sem olhar nos olhos dele.

– No que você está pensando? Pelo que estou vendo não está prestando atenção no jogo de futebol que está passando. – Perguntou em um tom um pouquinho grosseiro, mas nada que eu não estivesse acostumado.

– Er... Você vai brigar se eu te contar? – Eu sei que eu sou ingênuo por perguntar isso, mas eu só queria contar logo.

– Hã? Claro que não! Até parece né Harry? – Disse como se fosse óbvio, eu sabia que ele iria brigar, mas eu já estava acostumado.

Claro que dói toda vez que ele me trata mal, mas eu tenho que contar isso, até porque a vaga já está com meu nome, e vou começar amanhã, então é melhor eu contar logo.

– É... Eu... E-eu vou... – Não conseguia dizer, de tanto medo que estava sentindo.

– Você vai para onde, Harry? Me fala logo! – Perguntou um pouco alto, e eu não saberia responder se é de raiva ou curiosidade.

– Eu vou... Trabalhar. – Disse a última parte um pouco baixo demais, então no momento em que ele olhou para mim, é como se meu mundo estivesse caindo, porque eu não queria que ele gritasse comigo.

Ele começou a rir.

– Você? Trabalhar? – Disse rindo, como se eu tivesse contando uma piada muito engraçada, mas eu sabia que era ironia dele. – Harry, não seja bobo. Você tem que parar de fazer essas piadas. – Disse quando se recuperou de sua gargalhada.

– N-não é piada. – Disse, sem olhar para ele.

– Quem te deu permissão para isso? Você acha que simplesmente pode sair por aí e arrumar alguma coisa para fazer, sem antes nem me pedir uma opinião? – Perguntou já irritado, quase gritando, e se afastando de mim, ficando no outro canto do sofá.

E agora, vai começar tudo de novo...

– D-desculpa, eu só queria te ajudar com as contas do apartamento. – Eu disse abaixando minha cabeça, já ficando nervoso, porque assim que terminei de falar, ele se levantou do sofá.

– Você não precisa ajudar em nada, porque eu trabalho, então eu pago. – Isso era mentira, porque sim, ele trabalha, mas sempre gasta o dinheiro dele com sei lá o que, então quem paga as contas do apartamento sou eu, com o dinheiro que minha mãe me dá. E eu também estava mentindo um pouco, porque eu queria ficar o máximo possível longe dele, mas eu também queria ter meu próprio dinheiro.

E ele não parou de falar ...

– Como você tem coragem de chegar até mim e me dizer que vai trabalhar? Harry, você não sabe fazer nada! Nada do que você faz presta. E você chega e me diz que vai trabalhar? Se liga, você é imprestável, eu não sei nem como te aceitaram, garanto que logo no primeiro dia já vai fazer merda e no segundo vai ser demitido. Porque você não serve para nada, entendeu? Nada! Aff menino! Você me irrita. Eu nem sei o porque ainda estou com você. – Disse tudo gritando, com muita raiva. Eu comecei a chorar muito, eu falava várias vezes para ele parar, porque eu não conseguia continuar ouvindo tudo que ele estava dizendo.

Então eu gritei também.

– Para! Para de gritar desse jeito comigo! Você fala como se eu não tivesse sentimentos, como se eu fosse seu boneco, que toda vez que você está irritado você desconta em mim, você ás vezes me bate e eu nem faço nada. Você diz que eu sou imprestável, mas quem limpa seu apartamento sou eu! Quem faz a comida que você come sou eu! E quando você recebe do seu emprego você gasta seu dinheiro com coisas desnecessárias, que eu nem sei com o que é. Então acaba sendo eu também para pagar as contas de seu apartamento! E você diz que eu sou imprestável? Inútil? Que eu não sirvo para nada? Michael, se não fosse por mim, você estaria vivendo na rua! Você disse que nem sabe porque ainda está comigo, mas vive tentando fazer coisas para "esquentar" nosso relacionamento, como você mesmo diz. Você me trai, e acha que eu não sei, que eu não percebo, quando você chega ás três da manhã, cheio de marcas pelo corpo! – Eu terminei de falar, agradecendo por não ter gaguejado porque eu estava soluçando muito, de tanto chorar. E eu já não sabia o que iria acontecer daqui para frente, pois nunca tinha enfrentado ele com as minhas palavras, na maioria das vezes eu apenas fico quieto, mas hoje eu tive coragem.

E então ele me deu um soco... No estômago.

E logo mais um, e então mais um, e eu já tinha levado tantos socos que até já tinha perdido as contas.

Foi tudo tão rápido, que eu mal senti cair no chão. Eu estava sentindo muita dor, estava me encolhendo no chão, era uma dor insuportável, eu poderia dizer que estava morrendo, pois doía demais. Então eu comecei a cuspir sangue, e chorar mais ainda do que já estava antes. Ele nem se quer me ajudou. Eu não poderia esperar que ele viesse me ajudar, até porque foi ele quem me bateu, então a ajuda não iria vim do agressor.

Michael apenas saiu depois de tudo que aconteceu e me deixou deitado no chão me contorcendo de dor e praticamente vomitando sangue. Eu não conseguia nem falar, as lágrimas apenas escorriam em meu rosto sem cessar, eu tentava gritar de dor, mas nenhum som era emitido.

Ele nunca tinha me batido dessa forma, quando acontecia essas agressões, sempre era no estômago, assim como aconteceu hoje, mas normalmente eram mais fracas, ele só dava um soco e eu nem caía no chão, mas ainda sim doía e ficava roxo depois, mas hoje doeu bem mais, e com certeza vai continuar doendo.

Eu não sei quanto tempo fiquei deitado naquele chão, me contorcendo, vomitando sangue, e tentando gritar, para de alguma forma me aliviar da dor, acho que foi por volta de uma hora e meia.

Então tentei me levantar e senti uma pontada muito grande no local do soco, senti também uma dor imensa no estômago, provavelmente por ter vomitado muito. Assim que consegui me por de pé, sentei no sofá por um momento, as lágrimas ainda escorriam pelo meu rosto, e então olhei para o chão e arregalei os olhos quando vi a quantidade de sangue que tinha lá.

Fui para a cozinha tomei um remédio para dor e limpei a sujeira do chão, logo depois deitei na cama em que durmo com Michael e nem me dei conta quando peguei no sono.

Música do capítulo:

N/A: Oioii, o que acharam do capítulo? Espero que tenham gostado!!! Eu queria agradecer à Alpheld_keene por ter me dado a ideia de por a música no fim do capítulo, eu gostei muito da ideia, muito obrigada!!! Bjss, até o próximo capítulo <3

LONELINESS [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora