6 - Amizade (part.2)

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P.O.V HARRY

...

Eu já estava a alguns minutos lendo, mas Louis não tirava os olhos de mim, era um pouco desconfortável. Eu não sei nem quantos anos ele tem! Eu não sei nada dele, e nem ele de mim, eu sinto um pouco de estranheza ao pegar ele me encarando como se fossemos íntimos.

Ouvi um suspiro vindo de Louis, de... Tédio, talvez? E então ele novamente tentou puxar assunto comigo. É, ele não vai desistir.

– Eu sei que a gente mal se conhece, e não sabemos nada um do outro, mas... Podemos conversar, tipo, para nos conhecermos? – Perguntou se ajustando na cadeira. – Eu até agora só sei seu nome! – Deu uma risadinha.

– Ok... Sobre o que quer falar? – Disse, fechando meu livro e o colocando em cima da mesinha, vendo que Louis realmente não iria desistir.

– Hmm... Quantos anos você tem? Você parece ser bem novo.

– Eu tenho 17. – Disse dando uma risadinha baixa ao ouvir a última frase. – E você? Quantos anos você tem?

– Eu tenho 19. É, eu sei, já tô' ficando velho. – Disse rindo de si mesmo eu apenas neguei com a cabeça rindo um pouco -minimamente-.

– O que você quer estudar? Tipo, faculdade. Ou se não quiser fazer faculdade, no que quer trabalhar?

– Acho que música, não tenho certeza ainda, mas algo relacionado a isso. – Dei de ombros, eu sabia que talvez eu não conseguiria fazer a faculdade do que eu quero, porque meu relacionamento com Michael só está cada vez mais piorando, e ele me priva de praticamente tudo, não sei como que até agora não me disse nada sobre eu trabalhar. Isso tudo está bom demais para ser verdade.

– Que legal! Eu também gosto de música, eu até sei tocar piano. – Disse orgulhoso de si mesmo, e eu ri com a exibição e animação dele.

– Sério? Eu sempre quis aprender a tocar piano! Na verdade é o instrumento que mais me interessa. – Eu disse sincero, pois realmente, eu me interesso muito em aprender a tocar piano, já até pensei em fazer a faculdade de música para dar aulas de piano.

– Ahh! Vejo que finalmente algo que eu diga te interessa, não é mesmo? Mas quem sabe eu não te ensine a tocar, hum?

– Eu não acho que seja necessário. – Corei um pouco pela primeira sentença adicionada por Louis, e logo me defendi. Não, sem chances alguma de eu fazer aulas de qualquer coisa, ainda mais com um homem, Michael me mataria, só pelo ciúmes que ele tem, eu prefiro evitar esse tipo de coisa. – Mas e você? Suponho que já esteja na faculdade, certo? Ou você não quer? – Perguntei, no objetivo de desviar o caminho da conversa, o que pareceu ser útil.

– Sim, sim! Já estou na faculdade, estou estudando psicologia, eu gosto, sabe? Eu gosto de estudar sobre isso para poder ajudar as pessoas com problemas que talvez elas não conseguem resolver sozinhas, ou para ouvir elas desabafarem, porque muitas não tem com quem poder falar tudo que está sentindo, tudo que está acontecendo interiormente da pessoa, então eu gosto dessa área. – Confesso que me surpreendi pelo fato de estar conversando com um estudante de psicólogo, não sei o porquê, mais de alguma forma, é estranho porque parece que ele sabe de tudo que acontece. Me surpreendi também, pelas palavras que ele disse, pareciam tão puras e sinceras, que naquele momento até senti um pingo de coragem para contar tudo o que acontece em meu namoro, mas lembrei das ameaças de Michael, então abaixei minha cabeça, sentindo aquela dor no peito, aquela dor que serve para me lembrar que ninguém nunca vai me amar de verdade. Ele percebeu.

– Ei, está tudo bem? – Levantei minha cabeça mas não o encarei, desviei meu olhar para qualquer outro lugar que não fosse ele, meus olhos estavam se enchendo de lágrimas por meus pensamentos. Assenti com a cabeça, e novamente lá eu estava, tentando mudar o assunto.

– Interessante... É uma profissão realmente boa. – Sorri um pouco forçado, talvez tenha sido para não mostrar a minha vulnerabilidade em relação ao meu psicológico.

Eu e Louis ficamos conversando por um tempo, nos conhecemos e conversamos sobre coisas aleatórias, e nem vi o tempo passar, quando olhei em meu relógio, já eram nove da noite.

E então começou a chover, não era uma simples chuva e sim quase uma tempestade, ventava e chovia muito, foi um pouco estranho, pois a chuva começou um pouco "fraca" e não tardou em aumentar relativamente.

Bem, meu pensamento agora é: como eu vou embora?

Porque eu não posso simplesmente ficar aqui, ou esperar muito tempo para que a chuva pare, Michael pode chegar a qualquer momento, o que não seria bom, ele não me ver em casa só causaria mais conflitos entre a gente.

– E-eu... Eu acho que tenho que ir. – Disse um pouco sem graça, como eu sairia nessa chuva, sendo que ao menos tenho um guarda-chuva? Essa resposta com certeza, eu não tenho. Já estava pegando minha bolsa e me levantando quando Louis também se levantou.

– Você não vai sair nessa chuva! Pode pegar um resfriado. Vamos, eu te levo até sua casa. – Disse, também pegando sua mochila e buscando pela chave de que eu suponho ser um carro, porque, como ele me ofereceria uma carona se não fosse de carro? – Meu carro está ali na frente, não vamos nos molhar muito até chegar nele.

Não. Eu não posso aceitar! Imagina se quando eu chegar na frente do prédio onde Michael mora e ele me vê, ainda mais chegando com outra pessoa, não. Não dá.

– E-eu não posso aceitar. – Talvez eu tenho soado um pouco desesperado, mas de jeito nenhum eu poderia aceitar.

– Porque? Eu prometo não desviar o olhar da estrada, e se você se sente desconfortável, pode escolher o lugar em que vai. – Ele disse realmente sincero, eu não estava desconfortável em pensar de estar no mesmo carro que ele, o problema era apenas Michael.

Mas como uma luz se acende no escuro, algo me aliviou. Lembrei que tinha dito a Michael que iria para casa de minha mãe, e um suspiro de alívio esgueirou-se de meus lábios, no final até dei um sorriso.

– Me desculpe, eu... Okay. – Disse por final, contemplando um sorriso orgulhoso vindo de Tomlinson, sim, ele me disse o sobrenome dele.

__ X __

– Porque parecia um pouco perplexo em aceitar a carona? – Me perguntou sem desviar o olhar da rua, eu apenas olhei para ele que estava no banco do motorista.

– É... É que... – Pelo jeito não conseguiria achar uma desculpa boa, então preferi contar uma meia mentira. – É que meu namorado é um pouco ciumento.

– Oh, você namora! – Arregalou os olhos, olhando para mim, mas logo voltando a olhar para a rua, ainda com a face surpresa. – M-me desculpe se- – Não o deixei terminar a frase, apenas o cortei.

– Não! Não precisa se desculpar, tá' tudo bem. – Dei um sorriso para dizer que estava tudo bem mesmo, então ele assentiu e sorriu também.

Quando chegamos, ele me perguntou se aquela era minha casa, eu expliquei a ele que é a casa da minha mãe, então quando fui sair do carro, ele segurou em meu braço me fazendo ficar parado em meu lugar.

– Agora somos amigos, certo? – Me perguntou com um sorriso convincente no rosto. Talvez, só talvez, meu coração estivesse acelerado pelo momento inesperado em que tocou em meu braço.

– Vou pensar em seu caso. – Brinquei dando uma leve risada. Ele fez um biquinho e então eu não resisti. – Sim, somos amigos! – Fui sincero, pois realmente, ele é um bom amigo pelo que percebi até agora.

E ele me deu um beijo na testa.

E me desejou boa noite.

Naquela momento, não me preocupei com nada, apenas pensei que realmente, nossa amizade pode ir adiante, ele realmente é legal, então não vejo problema algum. Mas é óbvio que Michael não pode nem pensar que eu fiz um novo amigo.

Depois de tudo isso, tive que explicar a minha mãe sobre eu ter passado um tempo depois do expediente na livraria, e explicar também sobre Louis, pelo menos ela não perguntou e nem comentou sobre Michael.

LONELINESS [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora