4 - Olhos azuis

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N/A: Só para dizer mesmo... O Harry nessa fanfic é menor que o Louis.

P.O.V HARRY

Segunda-feira...

Acordei sentindo um certo tipo de peso em minha cintura, me mexi desconfortável na cama, logo me virando para trás e vendo Michael abraçado a mim com os braços em minha cintura. Quando o vi, a cena do dia anterior veio a minha cabeça, eu senti nojo e medo dele, confesso que senti mais medo do que nojo, por mais que eu queira, eu não consigo me sentir mal com as pessoas, eu não consigo odiar-las, nem quando essa pessoa me machuca, e me faz coisas que não gosto, esse é o lado ruim de ser bonzinho demais.

Para não me sentir pior do que já estava, cortei meus pensamentos das coisas que aconteceram anteriormente, e tentei me retirar dos braços de Michael, o que não foi difícil, pois ele tem o sono pesado e não acorda com qualquer movimento.

Olhei em meu celular e vi que eram exatamente 05:57 da manhã, normalmente eu acordo às seis, mas três minutos não faz diferença. Me arrumei, e fiz também o café da manhã, pois se eu não fizesse, escutaria o sermão de Michael, e eu não queria isso.

Arregalei os olhos quando lembrei que hoje seria meu primeiro dia de trabalho na livraria, fiquei feliz, pois conseguiria ficar, pelo menos, por um tempo longe do meu namorado, mas ao mesmo tempo, fiquei triste, assustado e com mais medo ainda, porque lembrei que o motivo de eu ter apanhado era justamente esse, e eu ainda não tinha conversado com ele sobre isso, não calmamente, e eu nem sei se quero.

Logo, senti um selinho em meus lábios, me assustei um pouco, pois não esperava isso, até porque eu estava longe demais em meus devaneios.

– Bom dia, amorzinho. – Michael disse em tom carinhoso, roubando um morango de meu prato.

Eu não respondi, pois ainda estava magoado com tudo o que ele fez e falou ontem, apenas abaixei minha cabeça e terminei de tomar o café da manhã que eu mesmo preparei, peguei minha bolsa no sofá e quando já estava saindo, Michael interrompeu.

– Onde você vai? Não está na hora das aulas começarem ainda. – Me perguntou, ainda sentado á mesa. Eu apenas parei na porta, não olhei para trás, mas o respondi, eu menti na verdade.

– Eu vou agora, porque tenho que fazer uma atividade com o Niall. – Me surpreendi por não ter gaguejado, me surpreendi mais ainda ao perceber que, convenci Michael.

Mas como naquela casa, eu nunca tenho paz, e nada é a meu favor, Michael se lembrou do assunto.

– Você realmente vai trabalhar? – Ele não parecia estar julgando, ele tinha a expressão serena, o que dificultava a minha interpretação, e isso acabava me deixando nervoso e ansioso.

– S-sim, eu vou... É d-depois da aula... Espero que não se i-imcomode. – Naquele momento, eu estava me xingando e me batendo mentalmente por ter gaguejado tanto em minha fala.

– Ok. Mas eu espero que você realmente vá para trabalhar. E se eu descobrir qualquer coisa que você fizer de errado, se você pisar na bola, você sabe o que vai acontecer. – Disse naturalmente, bebendo um pouco do café de sua xícara, eu sabia o que ele queria dizer com aquilo, ele já disse várias vezes, quando ele diz isso, ele quer deixar claro, que não é para mim contar para absolutamente ninguém sobre as agressões verbais e físicas, e que se eu contar, eu apanho mais, e é por isso que nunca conto ou tento dar sinais sobre isso para alguém.

Eu não v-vou fazer nada de errado.

Assim que dei minha palavra final, apenas saí de lá, e fui diretamente para a escola. Eu estava ansioso para começar a trabalhar, nem as ameaças de Michael, tiraria essa felicidade que eu estranhamente estava sentindo.

__ X __

Depois da aula, fui diretamente para a padaria perto da escola e comprei algo para comer, eu nem passaria em casa, não queria ver a cara de Michael, não queria que eles estragasse o momento alegre em que eu estava.

Quando cheguei na livraria, fui recebido pelo dono, cujo esse é o meu chefe, nós conversamos um pouco, ele me instruiu sobre como tudo funciona, e como devo atender as pessoas que lá vão, realmente, não é difícil trabalhar em uma livraria, praticamente temos que indicar livros, receber dos que compram algum para ler, e registrar no computador quem comprou e quem apenas emprestou da livraria. Me disse também onde eu iria ficar, é basicamente um balcão enorme onde todos os atendentes ficam, cada um tem um computador para trabalho, e uma cadeira giratória, eu achei até chique.

Quando me sentei em meu lugar, esperando alguém para atender, para finalmente começar meu trabalho, olhei timidamente para o lado, onde um rapaz bonito estava também sentado, ele não olhou para os lados, estava concentrado em algo de seu computador, logo desviei o olhar, para ver como aquele computador que está a minha frente funciona, até porque não tenho muito de experiência com internet, somente o básico.

Pude ver de relance aquele menino ao meu lado me olhar.

Ele veio para perto de mim.

– Oi. Você deve ser o novo atendente, certo? – Perguntou de pé ao meu lado, ele tinha um sorriso simpático nos lábios, o que de certa forma não me deixou nervoso para respondê-lo, eu pude reparar que os olhos dele são azuis, como o oceano, é uma cor linda, bem... Ele é bonitinho. Me levantei para cumprimentar ele.

– Oi. É-é eu sou sim. – Disse com um pouco de vergonha de encarar o menino mais alto, então desviei o olhar, logo vi ele estender a mão em minha direção.

– Eu sou Louis. Louis Tomlinson. Seja bem vindo. – Disse, abrindo um sorriso com dentes, o sorriso mais lindo que já vi.

– Eu me chamo H-harry. Harry Styles. E... Obrigado. – Soltei um risinho sem graça no final da frase, retribuindo o aperto de mão, eu não conseguia entender o porque eu estava me sentindo tão envergonhado de o encarar nos olhos, e também de estar o achando tão bonito.

– Bem... Acho que você já percebeu que eu me sento ali do lado. – Coçou a nuca, um pouco sem graça. – Se sinta a vontade em fazer perguntas, ou quando precisar de ajuda com algo, pode me chamar. Acho que também já deve ter percebido que trabalhar aqui é bem fácil, as pessoas são amigáveis e gentis. – Eu assenti para tudo o que ele disse, lhe dando um sorriso singelo, por um momento até esquecendo que eu tenho um namorado que me trata muito mal, e que o que ele faz ocupa minha mente quase o tempo todo, mas não nesse momento em que eu estava conversando com o Louis.

No final da nossa conversa, vi ele desviar o olhar para a porta, e dizendo que eu deveria ir atender a pessoa que havia chegado, me desejando boa sorte, e me lembrando que estava ali caso eu precisasse de ajuda para atender, murmurei um pequeno "obrigado" e fui então atender a mulher que havia chego. Aquela foi a primeira de muitas pessoas que indiquei e vendi livros nesse dia. Algumas vezes, precisei de ajuda no computador, e Louis foi muito paciente e compreensivo para me ajudar. Julguei que para o primeiro dia de algo que eu nunca tinha feito, me saí bem. No final do dia me despedi de Louis, como se fossemos amigos, ou como se nos conhecêssemos a muito tempo.

Eu senti algo diferente por Louis, eu senti um carinho por ele, talvez um carinho que eu só sinto pelos meus amigos. É... Talvez a gente possa ser amigos.

Quando cheguei em casa, Michael não estava, então apenas mandei mensagem a ele dizendo que estaria na casa de minha mãe, eu queria contar a ela e a minha irmã sobre meu primeiro dia de trabalho.

Então, pelo menos aquela noite, eu iria dormir sossegado e pela primeira vez em muito tempo, eu dormiria feliz.

LONELINESS [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora