CAPÍTULO 20

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Livie ficou observando Honor tentar deixar o lugar menos bagunçado, mas ela só conseguia olhar para a virilha dele, para o vulto de seu pênis em repouso dentro da cueca. Era um grande volume. Ela se sentiu aquecer, ele deixou o enorme sofá que ele carregava cair com um alto barulho.
"Olívia! Eu só preciso deixar esse lugar habitável. Se continuar exalando esse cheiro..." Ele se aproximou, ela sorriu.
"Eu não ligo se aqui não está habitável." Ele ergueu o queixo dela com um dedo, cheirou o rosto dela com os olhos fechados, mas não a beijou.
"Não. Você não pode ficar aqui, no meio dessa..." Ele não terminou de falar.
"Você pode ficar aqui." Era a voz de Simple, Livie olhou para a porta e arregalou os olhos. Honor rosnou e se virou a protegendo.
"Vocês estão loucos?" Ele disse e rugiu.
Os trigêmeos e o irmão gigante de Silent tinham entrado na casa.
Candid riu.
"Isso nunca deixa de ser engraçado. Ele não vai dormir no seu quarto e ver seu pau gigante, ele só vai ficar aqui até que ele e Silent se acertem. Você tem um monte de quartos e..." Ele ergueu as sobrancelhas e olhou ao redor.
"Por que sua casa impecável está parecendo uma zona de guerra?" Honest perguntou.
"Estou reformando. Vou ser pai de gêmeos, eles precisam de espaço." Ele disse, Livie sorriu, mesmo estando com medo do gigante.
"Nós somos três, sempre tivemos um quarto do tamanho do quarto de vocês." Simple disse.
"Não fui eu que projetei nossa casa."
"Bom, você gosta de trabalho duro, não é Nove? Pode ficar aqui e ajudar Honor a construir." Simple disse. Honor abriu a boca para contestá-lo, mas decidiu fechar a boca. Ele sempre pensava bem antes de argumentar.
"Eu ficaria honrado em ajudar a construir sua casa, ou reformar, ou... Bom, do lado de fora, me parece uma casa muito boa. Lhe dou minha palavra de honra de que vou trabalhar duro. Posso começar, carregando todo esse material para o lado de fora, por exemplo." Nove disse. Ele parecia humilde, mas Livie o sentia muito seguro de si, muito arrogante, na verdade. Ele pegou um grande maquinário e saiu pela porta.
"Eu trouxe Olívia para cá para conversarmos, para mostrar o projeto, para..." Ele começou.
"Você veio pra cá para afogar esse seu ganso gigante, Honor. Que tal ir para a nossa cabana? Ficamos aqui. Depois de Silent surtar e você dizer que Nove é um abusador, temos de ficar de olho nele. Tome as chaves." Candid jogou um molho de chaves na mão de Honor.
Livie olhou para ele, Honor rosnou.
"Não. Vocês sempre colocaram pessoas desconhecidas no meu quarto, não vão fazer isso com a minha casa." Ele cruzou os braços.
Nove voltou e pegou vários sacos de cimento, ou argamassa, Livie não sabia direito o que era, mas ele pegou sem esforço algum.
"Que tal eu fazer alguns bifes? Honest ajuda o Nove e o senhor mestre da limpeza aqui limpa e coloca tudo no lugar. Livie se senta aqui e voce mostra o projeto para ela." Candid disse, já pegando Livie, a sentando no sofá que Honor tinha deixado no meio da sala e o arredando para um canto. Simple pegou um rolo de projetos e entregou a Honor. Honor pegou o rolo e suspirou.
Livie riu.
"Bom, vamos lá. Esse era o projeto original. Já estava tudo construído, eu mesmo construí e minha amiga arquiteta me ajudou no design e decoração." Ele abriu um grande cartaz com uma planta baixa.
"Quando projetou isso?" Ela perguntou, ele baixou os olhos.
"Logo que me formei. Papai requisitou todo esse terreno e dividiu entre todos nós. Eu projetei casas para todos. Daisy é nossa vizinha mais próxima." Ele sorriu.
Ela sorriu de volta.
"E a área dos quartos é aqui. Há a suíte master e mais quatro quartos, todos iguais. E é aqui que estou mudando. Eu já demoli essa parede para juntar dois quartos. O closet desse quarto também vai ser demolido para aumentar o tamanho da varanda e o banheiro vai continuar, só vou tirar a porta daqui e abrir uma aqui. Do lado de fora, a varanda, maior graças a área do closet, vira uma brinquedoteca para eles. Com a porta aqui, não vão precisar cruzar todo o quarto para irem no banheiro de dentro do quarto. Sheer fazia xixi onde ele estivesse." Ele apontava as linhas, mas Livie olhava mesmo era para os dedos dele. Haviam pêlos macios, muito finos e ruivos em cada dedo, ela só conseguia registrar que ele estava fazendo um quarto dos sonhos para os filhotes deles. Ele continuou falando sobre móveis e revestimentos mas Livie já tinha se perdido.
"O que acha?" Ela o encarou, ele a olhava sério esperando ela responder. Livie sorriu.
"Ótimo. Tudo está ficando muito bom. Eu gostei." Ele assentiu.
"Eu perguntei se você achava se seria melhor um piso de madeira ou carpete, mas acho que você não estava prestando atenção." Ele enrolou a planta, parecia decepcionado.
"Honor, me desculpe, eu me distraí com os pêlos nos seus dedos." Ele ergueu as sobrancelhas.
"É nojento?" Ele perguntou olhando para as mãos.
"Não! É lindo. Os pêlos são ruivos, eu acho lindo." Ela disse, ele bufou.
"Quer ir para a cabana desses idiotas? Eu não vou ficar aqui com esse macho perigoso. Só vou me vestir." Ele disse já se levantando e a pegando nos braços. Livie se viu passada dos braços dele para os de Simple.
"Fique com ela e a proteja. Vou tomar um banho rápido." Ele disse e sumiu numa porta que ficava atrás de um bonito painel de mármore.
"Legal, não? A casa é cheia de soluções de marcenaria e outras coisas modernas." Simple disse. Ele se sentou no sofá com ela no colo, Livie tentou sair dos braços dele.
"Quer que ele torça o meu pescoço?" Ele a segurou. Candid colocou um prato com um bife enorme no colo dela, Livie começou a comer.
"Eu pensei que machos Novas Espécies não admitiam que outros machos tocassem em suas fêmeas." Ela disse se lembrando de James a segurando.
"Em caso de uma situação perigosa um macho consegue permitir que outro, um que seja da sua inteira confiança toque em sua fêmea. Somos irmãos dele, ele confia em nós." Simple se ajeitou para que ela ficasse confortável no colo dele.
"Mas Nove parece estar sob controle. Ou não?" Ela perguntou. Livie não iria sondar a mente dele mais.
"Ele não vai tocar em você, ele é celibatário, tem muito controle. Não precisa ter medo. Honor só quer se certificar de que você está segura. Ele não vai demorar." Livie assentiu e terminou de comer.
Realmente não demorou muito, Honor voltou a sala.
"Vamos?" Livie saiu do colo de Simple.
"Eu cheguei hoje e ia ficar na casa do meu pai. Silent trouxe duas camas para Lily e Sheer ficarem comigo no sótão e eu estou procurando uma casa pra mim. Eu não vou ficar com você, Honor. Eu preciso ainda de um tempo. Estou com medo de não ser uma boa mãe para meus filhotes, eu preciso estar com Lily e Sheer o máximo que eu puder até que os gêmeos nasçam. Você entende?" Ela disse, ele a encarou. Livie viu tristeza e rejeição nos olhos dele, coisas que ela sabia por experiência própria o quanto doíam.
"Tudo bem. Eu vou te levar para a casa dele então." Ele disse a pegando no colo.
"Quando eu voltar..." Ele começou a dizer, Honest o interrompeu:
"Este lugar vai estar limpo e organizado. Nove vai ficar num dos quartos, nós três em outro e você no seu. A obra vai continuar amanhã mesmo, até eu vou te ajudar. Em uma semana estará tudo concluído." Honest disse, Honor suspirou.
"Deixem carne pra mim."
Ele disse e começou a longa descida por aquela grande colina. Ele passou pela casa de Noble, pela de Pride e pelo terreno de Violet. Ele parou, a colocou de pé e mostrou as marcações da casa de sua irmã.
"Aqui não está muito longe da casa de Daisy? Pensei que as casas delas seriam bem próximas." Ele riu.
"Violet e Daisy se amam, mas tem ideias muito diferentes acerca de muitas coisas. Minha casa fica no ponto mais alto, eu não conseguiria ficar num lugar mais baixo como a de Pride, por exemplo. Daisy se sente como eu nesse aspecto. Já Violet ama plantas, ela quer muito uma horta, então sua casa ficaria melhor aqui." Ele a pegou nos braços de novo e continuou descendo, andando devagar. Livie se sentia acolhida nos braços dele, era uma sensação de segurança, de carinho.
"Acha que a festa acabou? Jewel deve estar chateada." Ele balançou a cabeça.
"Eu não acho. As festas da Reserva só são boas se tiver uma confusão. E eu e Quinze de cueca afrontando um irmão desconhecido de Silent é uma boa confusão, você não acha?" Ela riu.
"Você sempre foi muito tímido, todos diziam isso, como pôde ficar de cueca no meio de todo mundo?" Ele parou, havia uma árvore caída próxima da estrada, ele a sentou lá. Livie olhou mais uma vez para os pêlos ruivos dos dedos dele quando ele segurou a mão dela.
"Eu continuo tão tímido quanto antes, na verdade, eu fujo de conversas, pois agora que voltei, todo mundo quer conversar comigo, eu pareço estar no centro das atenções e isso me incomoda muito. Mas nas caçadas eu estava sempre com um short minúsculo, do tamanho de uma cueca e muitas vezes eu acabava nu. Isso me dava mais liberdade para lutar e eu acabei associando estar nu, ou quase isso, à luta, ao combate. E não é como se alguém fosse se importar muito, desde que meu pau esteja coberto." Ele disse. Livie pensou que talvez esse fosse o problema. A cueca deixou bem claro que ele era diferenciado entre eles.
"Quinze participou de muitas caçadas?" Ele sorriu.
"Que eu saiba, não. Ele só me imitou." Livie riu.
"Ele parece um pouquinho infantil pra mim. Eu amei isso nele, mas ele parece realmente achar que Dezesseis é só uma garotinha."
Honor sorriu.
"Ele não viu muito da vida preso em sua jaula. Corremos por toda a área do muro dela, era algo enorme, deveria parecer todo o mundo para eles. Não é muito diferente daqui. Você já pensou que estamos numa jaula gigante? Eu sempre pensei assim." Ela sorriu e alisou os pelinhos de um dedo dele.
"Acho que até as pessoas que vivem do lado de fora podem se sentir assim, presas em suas vidas, na repetição de uma mesma rotina durante anos." Ela disse, ele sorriu.
"O que foi?"
"As nossas conversas. É como antes, mas agora eu posso tocar em você. Você pode alisar os pêlos dos meus dedos." Ela riu, ele também.
"Eu não sei se já vi dedos assim!" Ela se defendeu. Eles riram mais um pouco.
"Eu gostava quando falávamos dos contos de fada. Você ficava horas contando a história, depois discutíamos." Ela disse, ele fechou os olhos.
"Eu sou muito burro. Eu juro que não percebi. Lily é muito inteligente, era perfeitamente possível algumas coisas que você dizia pela boca dela."
"Pode me perdoar?" Ele apertou os lábios.
"Posso, é claro, mas meu medo é o que isso pode ter causado nela. Eu não..." Ele parou de falar quando uma lágrima rolou no rosto de Livie.
"Olívia." Ele a abraçou.
"Sabe o que é pior? É que se ficar comprovado que isso atrasou o desenvolvimento dela, ela ainda vai me amar. Ela nunca iria deixar de me amar e isso é terrível! Por que é como se eu não fosse castigada pelo que eu fiz. E eu mereço."
"Eu não vejo por esse lado. A culpa já te corroeu por todos esses anos, e não há o que fazer. Você é a mãe dela, mães não são perfeitas."
"A sua é." Ele sorriu.
"É. A minha é. Ela nos ensinou a sermos justos, a proteger os mais fracos, a amarmos a verdade. Mas isso não impediu Pride de ter te enganado nas escadas. No fim, mesmo uma super mãe só pode ensinar e esperar que seus filhotes sejam os melhores possíveis." Ela entendeu o que ele disse, mas se fossem falar do que Pride fez, teriam de falar da culpa dela também.
"Não foi..." Ela se sentia a culpada por tudo. Ela aceitou a barganha de Evan.
"Ele errou, Olívia. Sei que havia a sede e a falta de controle, sei que você estava ovulando, eu sei disso tudo. Mas ele te enganou. Ele sabia que se você o visse com os olhos vermelhos, chorando sangue, você gritaria, você correria." Ele disse. Olívia suspirou.
"Parece que tudo volta a aquela época." Ela disse, triste.
"Isso é bom, sabia? Saber quando tudo mudou, conseguir ver as decisões e o rumo das coisas ajuda a não fazer de novo, ajuda a pensar bem nas consequências dos nossos atos daqui para a frente." Ele disse.
"Você pensou nos seus atos quando me prendeu na cabana de Silent?" Ele riu, ela não. Ele não devia ter feito aquilo.
"Eu só pensei em não deixar você ir num primeiro momento, depois..." Ele segurou no queixo dela a trouxe para perto e a beijou. Livie fechou os olhos, ele a beijou com carinho no início,mas logo os lábios, dentes e língua dele a enlouqueciam. Seria sempre assim, eles queimavam com um simples toque, um simples beijo.
Livie enfiou os dedos em seus cabelos, estavam ainda úmidos e com um cheirinho leve de shampoo. Ele, porém a afastou.
"Vamos, Sheer deve estar preocupado." Ele disse, se levantou e a pegou nos braços.
"Sheer confia em você."
"Sim, mas ele pode achar que eu a prenderei na minha casa, e para ser sincero, eu quase fiz isso. Ele precisa saber que onde você for, eles também irão. Você os tirou da casa de Pride, são sua responsabilidade agora." Ele disse, ela assentiu.
"Talvez..." Ela começou, ele parou.
"Poderíamos ficar os três com você. Sua casa é mais próxima da casa de Pride." Ela disse, ele voltou a andar, calado, devia estar pensando.
"Os trigêmeos arruinaram isso, Nove estaria muito perto de você para o meu gosto. E eu seria uma distração. Você e seus filhotes ainda tem muitas fases para passarem até poderem dizer que são uma família."
"Mande Nove embora. A casa é sua." Ele sorriu.
"Eu o prefiro lá, se me perguntassem. Ele é forte demais. Com ele em minha casa, eu posso vigiá-lo e proteger os outros. Proteger você."
Depois disso os dois se calaram. Honor continuou andando pela estrada até que Livie avistou a casa de seu pai.
Ele a colocou no chão, ela tocou o rosto dele,Honor beijou a palma da mão dela.
"Vou estar na cabana dos pestes por hoje. Se quiser, depois que Sheer e Lily dormirem, eu venho te buscar." Ele disse, a voz rouca. Livie se molhou toda, ele rosnou.
"Esse seu cheiro, Olívia..."
"Livie! Pensei que não iria aparecer." Seu pai cruzou os braços na varanda de sua casa. Honor sorriu e a beijou.
"Até mais tarde." Ele sussurrou no ouvido dela.
"Honor, um momento." Seu pai pediu quando ele se virou. Honor se voltou.
"Vocês já escolheram mesmo os nomes dos meus netos?" Seu pai perguntou, Honor sorriu. O sorriso malandro de Candid.
"Sim, senhor. Mas vai ter de esperar até amanhã a noite." Seu pai estreitou os olhos, Honor saiu correndo, Livie entrou na casa de braços dados com ele.
"Nunca pensei que ia concordar com Dusky." Ele resmungou.
Lily correu para os braços dela, Sheer jogava videogame muito concentrado em vencer Peace, então, só soprou um beijo para ela.
"Concordar com Dusky?" Ela perguntou.
"O macho pode ser o melhor macho do mundo até tocar numa de nossas filhotes. Depois disso ele vira um idiota."
"Você seria um idiota para o pai da mamãe, pai." Peace disse sem tirar os olhos da tela.
Livie, Lily e Sheer riram muito da cara de seu pai.

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