CAPÍTULO 35

261 46 3
                                    

Honor acordou com Olívia agarrada a ele, ela dormia, mas suas pernas estavam entre as dele, seus braços o abraçavam e uma mão dela estava segurando uma grande mecha dos cabelos dele. Ele sorriu, mas teria de ficar imóvel para não acordá-la.
A vontade de ir no banheiro porém, venceu e ele tentou se separar dela sem a acordar, mas ela apertou seu abraço.
"Não, não me deixe!" Ela se agarrou a ele, ele a afastou.
"Eu só vou no banheiro." Ela o soltou, ele urinou e como parecia que estava dormindo a muito tempo tomou um banho rápido e escovou os dentes.
Ele saiu do banheiro, Olívia tinha se sentado se apoiando nos travesseiros.
Honor se secou e ia para a cama, ela esticou a mão a frente.
"Eu..." Ele suspirou. Ela estava grávida e tinha passado por um grande estresse, ele devia se controlar um pouco.
"Tudo bem. Eu não vou tocar em você." Ele a assegurou.
"Não! Não é isso! É que eu tinha decidido voltar para Homeland, mas..." Honor se virou e foi até a janela. Quando as coisas iam ficar bem entre eles? Ele não queria que ela se fosse! Ele queria que ela ficasse ali, com ele!
"Seb?" Ela o tocou nas costas, ele não se virou.
"Quer conversar, não é? Mas é como antes, Olívia. Você quer um tempo com Lily e Sheer, longe de mim, só os três. Eu entendo. Eu entendo, mas eu só queria estar perto de você. Você é a alegria da minha vida. Você é o meu sonho inatingível que eu achei que consegui alcançar, só para ver que não alcancei, que ainda é um sonho."
"Eu não vou mais para Homeland." Ela disse, ele se virou.
"Nem vou voltar para a casa do meu pai. Mas..." Ele a encarou. Ela parecia estranha.
"Olívia?" Ele segurou no rosto dela, ela o olhou de frente, havia um medo nos olhos dela, algo que ele não entendeu.
"Simple esteve aqui nessa madrugada. Ele te virou, você roncava." Ela disse.
"Eu não ronco!" Ele não roncava, pelo menos ninguém nunca tinha dito isso a ele.
"Não é sempre, é só quando você está cansado." Ele acenou.
"O que Simple queria?" Honor perguntou.
"Ele disse que havia uma última coisa que eu devia fazer, uma coisa que faria com que ficássemos livres de Samantha. Eu não quis. Eu não sei como fazer!" Ela ergueu as mãos para o alto.
"Ele está me pressionando, eu não vou sair daqui, sair desse quarto. E você vai mandá-lo embora." Ela pediu.
Honor inspirou e o cheiro de seu irmãozinho estava no quarto dos gêmeos. Nove também estava lá.
Ele a abraçou. Ela se agarrou a ele, Honor desfrutou um pouco dela se agarrando a ele, procurando segurança.
"Quer que eu o mande embora?" Ela assentiu. Honor a pegou no colo e a deitou na cama.
"Já comeu?" Ela sorriu.
"Cinco coelhos." Ele riu.
"Nossos filhotes podem nascer com cara de coelho, já imaginou?" Ele perguntou.
"Não. Isso aconteceria se eu não comesse os coelhos, se eu passasse vontade." Honor franziu a boca.
"De onde os humanos tiram essas coisas?" Ela sorriu.
"Espere aqui. E quando eu voltar..." Ela assentiu.
Honor foi até o closet e vestiu uma calça e uma camisa. Ela riu.
"O quê?" Ele perguntou abotoando a camisa.
"Você se veste bem." Ele deu de ombros.
"É só uma camisa velha." Ela aumentou o sorriso.
"É só não se parecer um mendigo que está bom." Ele acenou e saiu do quarto.
No quarto de Pólux e Castor, Simple soltava uma parte do painel onde a tv ficaria.
"O que está fazendo?" Ele perguntou, Simple o ignorou.
"Ele diz que está torto. Não está." Nove disse.
"Está ótimo, Sim. E eu preciso conversar com você." Simple arrancou o painel inteiro, Nove rosnou.
"Eu refaço, já disse." Ele disse para Nove.
"Não. É o quarto do meu afilhado, eu faço." Nove cruzou os braços.
"Continue daquele lado então, quando eu voltar vou alinhar para você." Simple disse para Nove e se voltou para Honor:
"Vem, Seb, vou fazer algo para você comer." Ele disse saindo do quarto.
"A casa é sua ou dele?" Nove perguntou com a cara muito fechada, ele estava puto. Honor deu de ombros.
"Eles vieram pra cá por sua causa, para ficarem de olho em você. A culpa por estarem aqui mandando em tudo é sua. Mas... Você não tem onde morar e durante os dias em que Lily estava sumida, você continuou e o quarto está quase pronto. Eu estava pensando se você não gostaria de um quarto na área de lazer? Você não é felino e eu sei que aqui é muito alto até para alguns felinos, então..." Honor não sabia por que, mas queria Nove por perto.
"Eu aceito." Ele encerrou o assunto, Honor gostou dele ser direto.
"Ótimo, acho que fica pronto antes dos gêmeos nascerem." Honor disse e saiu.
"Se Simple não se meter, fica." Nove resmungou.
Na cozinha Simple terminava de preparar um grande e suculento bife, ele serviu Honor, Honor começou a comer com gosto. Ele sempre acordava com fome. Simple foi fazendo bifes e Honor foi comendo até que se fartou.
"Onde estão Lily e Sheer?" Honor perguntou e em seguida, arregalou os olhos.
"E Proud? Era para eu cuidar dele!" Simple riu.
"Sheer e Nove cuidaram dele. Só não entendo por que ele só chama a você de titio. O tio que esqueceu dele!" Honor sentiu arrependimento, ele e Olívia ficaram compartilhando sexo durante quase todo o dia, depois ele dormiu.
"Eu falei com Pride que ficava com ele! Que droga!"
"Nove foi na hora marcada e buscou os filhotes. Hoje de manhã, ele os devolveu em seu nome. E, embora Proud tenha dito para Pride que 'titio dormiu', eu acho que Pride ainda está agradecido." Honor sorriu, Proud era tão inteligente!
"Ok. Agora que tal me dizer o que disse para a minha fêmea que a fez ficar com tanto medo?" Simple suspirou.
"James descobriu alguns textos de Bishop e um endereço. Uma funerária. Uma das que tem um forno cremador. Eu preciso que Livie vá lá comigo. Calma! Eu sei que você também vai querer ir!" Honor rosnou, Simple ergueu as mãos, pedindo calma.
"Existe uma chance dela se conectar com Samantha, se esse lugar for o que eu penso. É a chance de Livie matá-la." Honor ergueu as sobrancelhas. Olívia estava com medo. Ele entendeu o pânico dela.
"Ela está grávida, Simple. Não vou admitir que ela corra qualquer risco." Ele sentenciou e se erijeceu. Honor sentiu seus músculos crescendo, seu corpo se preparando. Ele tirou a camisa.
"Lily disse que Bishop matou o corpo de Mariah. Eu não acredito que ele vá cremar o corpo de Mariah, é um corpo Nova Espécie, ele não deve ter muitos sobrando. E se eu estiver certo, a mente de Samantha deve estar no corpo. Presa." Ele explicou, Honor retirou a calça. Ele não tinha vestido cueca, então estava nu.
"Saia. Enquanto não tirar esse plano maluco da cabeça, não volte." Honor abriu as narinas e rugiu.
"Seb..." Simple ainda insistiu, Honor o jogou pela janela da cozinha. A cozinha dava para a área de lazer no andar de baixo, ele aterrizou no piso com um grande barulho.
Honor procurou se acalmar, mas pensar em Olívia correndo perigo, Olívia ficando perto de Samantha, o irritava demais.
"Honor?" Olívia apareceu, ela o olhou, ele devia estar com uma senhora ereção.
"Mandou que eu o jogasse, eu joguei." Ela pulou nele, ele a sentou na bancada a beijando, a fome o tomou, ela retribuiu o entusiasmo dele.
Ela vestia uma camisola de algodão, Honor rasgou o tecido e entrou nela com força.
"Isso!" Ela disse, a voz rouca e baixa. Honor adorava como ela estava sempre pronta para ele. Ele não foi delicado, ela tampouco, logo ele rugia e jorrava sua semente dentro dela. Algum tempo depois, Olívia fechou os olhos, ele saiu da cama. Simple era um demônio. Ele sabia muito bem que suas palavras iriam atiçar Honor. Talvez ele e Simple devessem ir no tal endereço. Matar Samantha, livrar seu povo de uma ameaça daquelas! Ele foi até a janela, o sol ia se pôr.
"Seb?" Ele se virou.
"Só Simple me chama assim e muito raramente." Apenas quando seu irmãozinho queria alguma coisa, Honor deixou de dizer.
"Eu estou toda suada." Ela disse, Honor a levou para o banheiro. Ela estava sonolenta, então Honor deu banho nela, como dava em Lily quando Lily era só uma pequena e linda bebezinha. Ele a enrolou numa toalha, a sentou na bancada e tomou um banho rápido.
"Ainda tem coelho?" Ela perguntou enquanto ele se secava. Honor inspirou.
"Não, mas você tem um caçador particular. Vou pedir para nosso compadre." Ela bateu palmas. Honor vestiu um short de dormir, ela vestiu um pijama, a calça com a cintura baixa evidenciava a barriga grande, Honor se abaixou e beijou bem sobre o umbigo dela.
Ele saiu, Nove continuava no quarto dos gêmeos.
"Você quebrou seu irmão todo." Ele disse. Honor viu que ele estava tenso.
"Ele só quer ajudar. Se Samantha vier com tudo, sua fêmea será a primeira atingida. Não devia ter feito aquilo." Ele quebrou uma madeira, parecia estar tentando se controlar. E Honor viu. Ele não era só parecido fisicamente com Silent. A alma simples e devotada, altruísta, estava lá. E ele amava Simple.
"Eu perdi o controle que passei anos treinando, Nove. Eu vim pra cá com medo de machucar minha mãe e meu pai. Eu não controlo mais, meu corpo parece ter vontade própria às vezes e eu só vi os olhos da minha fêmea com medo. Eu não queria machucá-lo, mas não controlo." Nove assentiu.
"É. Eu sei como é. Eu e Seis somos gêmeos. Não é muita coisa, já que nós e nossos irmãos viemos da mesma mistura de células, tínhamos exatamente os mesmos genes, mas eu e Seis somos como seus irmãozinhos. Nós crescemos sendo abusados de tantas formas que a mente simples de Seis normalizou aquele tratamento e qualquer um que sorrisse para ele, virava automaticamente amigo dele. Eu não aceitava ser machucado, então quando eu matei um técnico que era um filho da puta, mas que até trazia torta para Seis, ele teve medo. E raiva. Eu matei outros e no fim, Seis chorava e gritava pedindo para me tirarem de lá, até que o levaram. Às vezes temos de deixar de parar de ver as coisas sob o nosso ponto de vista e tentar ver o ponto de vista do outro. Simple vai sempre pensar vários metros, quilômetros, a frente de nós, Honor. Esse é o dom dele. E a sua fêmea, bom, ela demoliu o zoológico. Ela não é tão frágil assim e tem você." Ele disse.
Honor assentiu, ele estava certo.
"E se machucar Simple de novo, eu vou rearrumar essa sua cara. Vou caçar." Ele disse e saiu do quarto.
Honor pensou que pelo menos Olívia teria seus coelhos. Ele voltou ao quarto ela olhava pela janela.
"Olha! É tão bonito!" Honor sorriu.
"É mais bonito ainda do telhado, quer ver?" Ela inclinou a cabeça.
"Como vai me subir?" Ela alisou a barriga.
"Caninos!" Ele bufou, ela riu. Ele a pegou nos braços, saiu da casa e chegou onde as caixas dágua ficavam. O fabricante disse que o material era resistente, se ele estivesse mentindo daria uma merda gigante. Mas não, o humano era de confiança, quando Honor saltou, a cobertura do imenso reservatório de água não cedeu ao seu peso combinado ao de Olívia. Ele pulou para o telhado e logo estavam no topo, ele a sentou, ela se agarrou a ele.
"O que acha?" Ela sorriu, um grande sorriso, um lindo sorriso.
"Acho que adoraria ter meu cavalete e pincéis aqui."
"Isso pode ser feito." Ela sorriu mais uma vez.
"Você consegue não ser fofo? Alguma vez na sua vida, você não foi assim? Fofo, tão fofo que dá vontade de te beijar?" Ele baixou os olhos.
"Simple não deve me achar fofo, depois de eu o ter jogado pela janela. Ele caiu um andar. E eu usei tanta força que ele não deve ter caído de pé." Ela ficou séria.
"Eu tenho medo, Honor. Muito medo." Ela disse, ele a abraçou. Eles ficaram olhando o por do sol, o céu passou de laranja a rosa, de rosa a roxo, depois ficou azul.
Honor alisava os imensos cabelos dela, cabelos negros, lindos.
"Eu amo os seus cabelos." Ele disse, Livie deu de ombros.
"Lá na casa do meu pai, é só o que se vê, cabelos negros por toda a parte." Ela disse.
"Assim como na minha casa, cabelos ruivos por todos os lados." Ela pegou uma mecha dos cabelos dele.
"Eu adorei os seus cabelos quando te vi. Estavam compridos, bem compridos, ondulados, cheios. E você ergueu a vista um pouquinho, seus olhos me impactaram."
"Você não me viu." Ele se lembrou da sensação de soco na boca do estômago, quando a viu.
"Foi o medo que me impediu de falar com você. Eu meio que te segui a distância. E depois, eu tive medo de lutar com Pride quando você acordou na cama dele. James o insultou, eu corri para longe. Eu morri um pouco aquele dia. Eu guardei tudo pra mim." Honor deixou uma lágrima escapar. Ele foi um covarde, ele trabalhou tanto justo naquele dia maldito! Havia tanta coisa a fazer, a invasão arrasou a Reserva, ele correu a se prontificar a arrumar tudo o que fosse preciso. Ele não estava no hotel quando Olívia passou ovulando pelo corredor do andar que eles estavam.
"Eu sei o que está tentando me dizer, Seb. Eu tive medo, eu estou sempre com medo e isso é ridículo." Ele segurou o queixo dela.
"Não. Não é. Ninguém que sente medo toda a vida perde esse medo de um dia para outro. Você aprendeu a lutar se escondendo. Você não sabe, não conhece seu potencial, por ter decidido escondê-lo. É mais fácil do que ter de controlá-lo. E isso não é errado. As vezes tomar o caminho mais fácil parece fraqueza, mas eu vejo como sabedoria. Todos estão sempre tão prontos a lutarem a enfrentarem tudo com o peito aberto e sabe o que eu descobri? Esses foram os que morreram mais estupidamente." Ele se lembrou de uma primata, a maior fêmea que Honor jamais viu. Ela era uma ótima lutadora e sobreviveu a três caçadas. Ela se achava invencível, quando sua vantagem era nunca ter saído da ilha em que estavam. Os organizadores perceberam isso e os levaram para outra ilha. Ela morreu de uma forma horrível, eles eletrificaram os galhos mais altos das árvores. Honor ainda tentou ajudar, mas até que ele matasse os aprimorados, ela tinha tomado um grande choque, sido estuprada e eles a rasgaram com uma faca. Honor os matou, mas
Cinquenta e Sete morreu agonizando, foi terrível.
"Você acha que eu devo tentar?" Ela se agarrou a ele, o céu estava escuro, as primeiras estrelas começavam a brilhar.
"O que você acha, Olívia?" Ele a encarou, seus olhos eram tão lindos! Tão claros!
"Eu quero acabar com a Samantha, mas eu tenho medo pelos bebês. Você também teme por eles." Ela disse, ele assentiu.
"Sim. Eu temo por meus filhotes, mas Nove disse que o principal alvo de Samantha é você e ele está certo. Talvez você só tenha de pensar. Temos Lily também." Ela balançou a cabeça.
"Não. Lily não. Eu não quero que ela sinta que tem de me salvar. Ela é quem deve ser protegida. Mas vou falar com Harrison." Ela falou com voz dura.
Honor se sentiu excitado com o tom resoluto dela.
"Eu te amo." Ele disse, ela sorriu.
"Saber que eu tenho alguém tão forte ao meu lado me faz me sentir segura." Ela tocou o rosto dele.
"Eu sei como você se sente, você demoliu o zoológico!" Ela riu.

FILHOTES DE VALIANT - HONOROnde histórias criam vida. Descubra agora