CAPÍTULO 45

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Livie deu banho em Pólux, ele já estava ficando tão pesado que os braços dela doíam, mas era tão bom! Honor o tirou da banheira, ele resmungou, Lily já tinha vestido Castor, Livie se admirou da habilidade dela em vestí-lo, ele estava gritando.
Livie o pegou e colocou ao seio, Castor começou a sugar desesperado.
"Talvez devêssemos ficar aqui. Eles ainda não tem um mês e..." Honor começou, Livie balançou a cabeça.
"Não. Temos de ir."
"Eu não concordei com isso. Eu quero o sangue de Adriel, ele também era meu irmão."
Livie entendia. Adriel não devia ser apenas trancado em Fuller, ele merecia morrer.
"Eu acho que a cerimônia é necessária, isso ajuda a todos que o amavam." Livie disse.
"Não foi culpa sua." Honor disse, ela sorriu tristemente, mas assentiu.
"Eu sei. Mas isso não muda o fato de que é triste." Honor a abraçou.
"Talvez a culpa seja minha." Lily disse, Honor se ajoelhou ante ela, Livie notou que nesse mês que passou, ela mudou. Estava maior e tinha emagrecido um pouco, seu corpo estava crescendo.
"Não. Nunca. Não é culpa sua, não é." Honor a beijou nos lábios, ela o abraçou.
"Eu te amo tanto, papai Gatinho." Ele sorriu, o coração de Livie se acalmou. Eles estavam mais unidos, mais companheiros. Eles tinham de ir, um daria forças ao outro.
"Prontos?" Sheer apareceu, Livie o abraçou. Ele chorou por um tempo nos braços dela, ela segurou a vontade de chorar também e alisou os cabelos dele, ele fungou e a encarou com os lindos olhos azuis.
"Eu o amava tanto, mamãe!" Ele disse, Livie o abraçou de novo. Mas Pólux deu um gritinho e ela o pegou.
"Vamos logo, então." Eles saíram.
O local escolhido foi a montanha onde a cabana de Gabriel ficava, eles foram de jipe a maior parte do caminho, depois subiram a pé. Uma grande multidão já estava lá. Só faltava eles.
Tammy abraçada a Valiant recebia os cumprimentos primeiro e daí havia uma fila com o resto da família. Como Honor era o segundo mais velho eles foram ficar entre Noble e Sarah, cada um com um filhotinho no colo, e Pride e Minerva. Proud estava com Dusky.
Tammy estava silenciosa, Valiant chorava, ele tinha um lenço nas mãos, mas acabava secando o rosto com a manga da camisa. Ele estava descalço. Seu pai e sua família também estavam lá, assim como Justice e todos do hospital.
"Eu agradeço a presença de cada um aqui. Honest foi o meu caçulinha dos machos, mas ele não se comportava como o caçula, ele era até um pouquinho sério demais se me perguntassem. Eu gostaria que ele ficasse no hospital para sempre, não importava se não andava, ou não falava. Me julguem se quiserem, mas eu queria vivo, eu o queria do jeito que ele estivesse, pra mim não importava. Mas mesmo daquele jeito, mesmo assim, ele não sobreviveu. E hoje vamos libertar as cinzas do seu corpo, e elas vão voar por todos esses lugares e Honest vai ocupar cada cantinho daqui. Sempre que eu andar por essas terras, por todas as terras da Reserva, eu me sentirei acompanhada por ele. Espero que sempre que se lembrarem dele, façam uma prece pela alma imortal do meu filhotinho médico." Todos bateram palmas, Livie chorou abraçada a Honor segurando Pólux, muitas fêmeas e muitos machos choraram também.
Valiant limpou a garganta e disse:
"Ele morreu como viveu, metido num assunto que não era dele. E eu o admiro por isso. Ele sempre pensou em todos aqui, sempre amou todos aqui. Ele continuará nos nossos corações e isso é o meu consolo para daqui para frente." Ele disse.
Simple e Candid se aproximaram da parte mais alta da montanha e jogaram a urna para o alto, o vento espalhou as cinzas e todos ficaram olhando as cinzas se dissiparem. Eles ainda ficaram um bom tempo ali, Dusky, dizendo que seu traseiro estava congelando, se despediu e começou a descer, Livie e Honor tiveram também de ir, o vento estava muito forte.
De volta a casa, Pólux dormia, Castor chorava, ela se deitou com ele na cama auxiliar do quarto, ele não queria mamar, só chorava.
"Acha que ele está com alguma dor?" Honor arregalou os olhos e ia correr com o bebê para o hospital, Castor parou de chorar.
"Vem cá." Livie o colocou no seio, ele não quis, mas parou, como se quisesse mostrar que estava bem. Honor sorriu para ele.
"Você está bem, não é, campeão? Talvez queira um passeio?" E Honor saiu para fora, Livie ficou observando Pólux. Eles eram bonzinhos. As vezes choravam alto, machucando os ouvidos de Honor, mas eram bonzinhos.
Ela olhou pela janela e viu Honor subindo numa grande árvore com Castor no colo, ela sorriu, Honor adorava as alturas.
Ela suspirou, Honest tinha morrido. Seus bebês, não, seus outros bebês também. Ela sentiu uma lágrima descer por seu rosto, uma tristeza tomava conta dela às vezes e ela tinha de lutar. Ela venceu. Lily decidiu crescer e Livie nem sabia que Lily podia fazer isso. Sheer estava mais calmo, mais centrado, cada vez mais no controle de sua sede e ela se sentia um pouco responsável por isso, uma vez que ele sempre sentiu a falta dela. Agora, ele mesmo dizia que sua família estava completa. Até Honest morrer.
Livie temia que ele ficasse tão abalado que despertasse sua sede, ele se mostrou triste, mas calmo, conformado. Ele chorou lágrimas de sangue como Pride, mas isso era normal para eles.
Ela foi até a cozinha e começou a fazer um chá, Honor não gostava muito mas tomava por causa dela.
Livie suspirou. Honor. Ele era doce e cuidadoso ao mesmo tempo que podia arrancar braços e pernas como ele vivia contando. Ela riu e tomou um grande gole. Gatinho Tímido. O coração dela se encheu de amor e também de um pouquinho de receio. Era muita responsabilidade fazer alguém tão bom como Honor feliz, por que a primeira vista parecia fácil, pois ele não exigia nada, aceitava tudo, era simples e estava sempre ali, pronto a fazer o que fosse necessário e então se corria o risco de não se esforçar. Mas alguém como Honor merecia o melhor do melhor. Merecia ser retribuído em dobro, merecia ser amado em dobro. E Livie se encheu de vontade de mostrar a ele que o amava em dobro, todos os dias da vida dela. Dali para a frente esse era o objetivo de vida dela, para sempre.
Pólux resmungou do quarto ela voltou e o colocou ao seio de novo. Ele começou a sugar e Livie sorriu para seu bebê, para a vida, para o amor.

FILHOTES DE VALIANT - HONOROnde histórias criam vida. Descubra agora