Eu estava no meu quarto, em posição fetal e com o celular longe do meu corpo, minha ansiedade atacava o meu estômago, eu não conseguiria olhar o listão, eu estava esperançosa que alguma coisa divina me avisaria que eu passei.
⸻ Abre a porta, criança! - Gabriela gritou e eu permaneci imóvel. - Você não pode ficar trancada ai dentro o dia todo.
⸻ Pois é, Amor! - Ouvi Gustavo.
Levantei o mais rápido que pude quando ouvi sua voz, eu abri a porta e os dois sorriram para mim, depois jogando um pó colorido no meu rosto. Meu deus, eu passei?
Alguém me abraça com força, retribui o abraço, pela forma que as mãos me tocavam, tive quase certeza que era a Gabi, mas a respiração entregava que era o Gustavo.
⸻ Eu sempre te avisei que você iria passar, meu amor. - Ele sussurrou próximo ao meu ouvido.
⸻ Meu deus, que sensação maravilhosa. - Murmurei contra o seu pescoço.
⸻ Eu nunca duvidei, criança. - Bagi disse animada. - O pessoal já ta chegando, eu preciso comprar a carne pro churrasco.
Não demorou mais de cinco minutos para baterem na porta, revelando Cellbit, sua namorada, Calango, Triz, Zero, Cau, Matt e Guaxinim, todos me abraçam individualmente e aproveitam para jogar tintas e pó colorido em mim, mesmo que ainda estivéssemos dentro da casa e não na sacada. Eu queria poder conter o meu sorriso e fingir que eu imaginava a minha aprovação, mas seria falso e eu estava muito feliz pra fingir algo.
⸻ O Zaghetti perguntou se já é para vir. - Cellbit perguntou alto.
Eu nem fiz questão de esconder a minha felicidade, a minha irmã provavelmente nem notou, eu sabia que ninguém ligava para mim a ponto de notar minhas expressões faciais. Sento-me em uma das cadeiras da sacada, Gus ficou em pé ao meu lado, ele mexia no celular, eu tentei espiar, mas não consegui, então optei por interagir para tentar não pensar no celular dele.
⸻ Cattuzzo! - Escuto a voz da Carlo, levanto-me rapidamente e corro na sua direção, recebendo um abraço apertado. - Eu sabia que você ia passar!
⸻ Obrigada, Carol.
Assim que ela se afasta, notei que agora era a melhor e pior parte, cumprimentar o Felipe, eu nunca sabia como fazer isso sem sentir desconforto. Ele usava uma blusa preta básica e uma calça jeans rasgada no joelho.
⸻ Parabéns aí, Cattuzzo. - Ele disse acenando sem fazer contato visual.
⸻ Obrigada, eu acho. - Murmurei.
Por que ele não olhou pra mim? Eu queria que ele olhasse para mim... Por que caralhos eu quero que ele olhe para mim?
Volto para o meu lugar, vendo o Matt tirar os primeiros pedaços de carne, corta-los e colocar em um prato no centro da mesa com os espetos ao lado, deus, eu amo churrasco!
⸻ Você já viu a sua colocação? - Guaxi pergunta e eu nego com a cabeça.
⸻ Eu não vi nada, eu jurava que não ia passar. - Respondi rindo.
⸻ Mas era óbvio que ia. - Felipe falou enquanto sentava-se do meu lado. - Você é tipo super inteligente, sempre foi.
Senti um frio diferente do meu estômago, eu apenas sorri sem dentes tentando esconder o desconforto que senti e peguei o meu celular, tinham inúmeras mensagens desejando parabéns, mas eu não tinha interesse em responder nenhuma. Enquanto isso, Gus continuava no celular, trocando mensagens e risos com alguém desconhecido por mim, levanto-me e vou na sua direção, abraçando a sua cintura.
⸻ Você me sujou! - Ele reclamou se afastando.
⸻ Vou tomar um banho e tirar essa roupa. - Respondi, acenando para os meus amigos e entrando para o meu quarto.
Um sorriso estava estampado no meu rosto. Eu passei. Deus, aquela sensação era incrível.
Eu entro embaixo do chuveiro sentindo a água quente cair sobre a minha pele, eu não pretendia demorar muito, mas eu realmente gostava do ato de tomar banhos lentos. Quando eu acabo, coloco uma regada rosa bebê e uma bermuda jeans clara.
A primeira coisa que ocorre quando saio do meu quarto é esbarrar no Felipe, por algum motivo desconhecido, ele estava na porta do meu quarto. Prendo minha respiração, eu não sei o motivo, talvez nem tivesse um específico, eu nem achava ele tão atraente, além de que ele era amigo da minha irmã, por que eu estava nervosa?
⸻ Oi. - Ele disse de forma simples.
⸻ Por que você estava na porta do meu quarto? - Perguntei, minha fala saiu atropelada e rápida, ele riu e deu os ombros.
⸻ Não consegui pensar em uma desculpa a tempo. - Encostei meu corpo na parede no momento em que ele fechou a boca.
⸻ Então não tem motivo? - Ele nega com a cabeça. - Uau.
⸻ Eu também não tenho nenhum assunto para iniciar uma conversa.
⸻ Você quer conversar? - Ele confirma com a cabeça.
⸻ Por que eu não iria querer conversar com você?
⸻ Por que você quer conversar com uma garota de dezessete anos sendo que você tem vinte e um?
⸻ Eu diria que você é muito madura para a sua idade, mas isso soa pedófilo. - Eu ri baixo.
Ele tinha o corpo tensionado, eu sabia que se eu não estivesse encostada na parede, também estaria assim, a sensação era estranha, mas eu gostava de senti-la, tinha bastante tempo que eu não vivenciava essa sensação, ele cruza os braços e faz o mesmo que eu, encosta-se na parede, todavia, diferente de mim que evitava contato visual, eu conseguia sentir o seu olhar queimando em mim.
⸻ Você não conferiu mesmo a sua posição? - Ele perguntou, eu fitei o chão, eu tinha conferido antes de entrar no chuveiro.
⸻ Eu fiquei em último lugar do listão. - Murmurei rindo e ele sorriu de volta.
⸻ Os últimos serão os primeiros.
Senti minha armadura sendo furada, eu queria estar ali mais do que eu queria conversar com o Gustavo, doeu um pouco, eu não gostava disso, eu amava o meu namorado mais do que eu conseguia pensar, mas, talvez eu gostasse mais da companhia de outra pessoa.
A sensação era confusa e a minha mente estava a mil naquele período, não fazia sentido eu me sentir melhor com alguém que eu malmente falava do que com o meu próprio namorado, mas aconteceu e agora, como uma grande fã de closer, sabia que tinha duas opções.
Ou entregar-me ou resistir.
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