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Minha respiração estava funda, meu coração batia muito forte e eu sentia um frio insuportável na barriga. Eu usava uma blusa larga do breaking bad e um short de poliéster preto, eu não usava nenhuma peça de roupa íntima, eu nem sei porque optei por não fazer isso, mas meu coração me matava.

Eu andava para cima e para baixo — no sentido figurado — pela casa esperando o som da campainha, eu não conseguia respirar direito de tão nervosa, eu precisava vê-lo urgentemente, eu precisava acabar com aquela sensação, eu precisava de tanta coisa e com tanta urgência que sentia meu corpo inteiro gritar.

Definitivamente não estava acostumada com aquilo e nunca tinha sentido isso com essa intensidade antes, peguei o meu celular e comecei a mexer, procurando algo para me entreter torcendo para que aqueles cinco minutos passassem mais rápido que nunca, mesmo sabendo que não conseguiria me entreter com nada por estar tão ansiosa.

Coloco uma música, para ser mais específica era "Dangerous Animals" do Arctic Monkeys, a música tinha três minutos e trinta segundos, eu não queria me mover por medo de suar e ficar fedendo, eu estava tão nervosa, eu já sentia remorso do que ainda nem tinha feito, mas também queria que acontecesse e, por isso, não impedi.

O som da campainha invade a casa, tirando-me dos meus pensamentos e fazendo meu corpo vibrar, ele torna o frio na barriga mais insuportável e os meus batimentos cardíacos mais acelerados, toco na maçaneta gelada e sinto um coque percorrer por todo o meu corpo, viro a maçaneta vendo o garoto aparecer, ele sorri sem dentes com as mãos nos bolsos e eu doou espaço para ele entrar, depois fecho e tranco a porta.

Eu queria sentir o seu toque, mas tinha medo, ele permanecia em pé extremamente envergonhado e tímido, doou um passo para frente e me coloco na ponta dos pés, inclinando o meu corpo na sua direção, ele envolve a minha cintura com os seus braços e me aperta contra o seu corpo, o seu perfume estava impregnando as minhas narinas, a sensação era boa, muito boa, mas eu sentia que precisava de mais.

O seu toque era delicado, meu corpo apreciava o contato da sua mão naquela região, meu coração batia forte e eu sabia que o dele também, conseguia senti-lo enquanto minha cabeça estava encostada no seu peito. Ele se afastou e sorriu — sem dentes — mais uma vez, nossos olhos expressavam dor, desejo, medo e culpa um para o outro, nós sabíamos que o que queríamos era errado, mas continuávamos querendo aquilo.

⸻ Oi, Loirinha. — Ele disse.

⸻ Oi, Felipe. — Eu respondi.

Eu queria chorar, eu sabia que ele também queria, então fizemos o que sabíamos que precisávamos fazer. Nossos lábios se tocaram ao meus tempo, senti uma rápida dor causada pelo impacto entre eles, a pressão dos nossos lábios um contra o outro não era o suficiente, sabíamos disso, nós sabíamos de tudo.

Meus dedos se perderam no seu cabelo, tentando puxa-lo para mais próximo ao meu corpo e implorando por mais toques, mais contato, enquanto eu senti suas unhas tocarem a carne da minha cintura, fazendo uma leve pressão e tentando demonstrar e aquele desespero era recíproco, eu queria me perder nele.

Meus olhos estavam fechados, mas eu queria abri-los e guardar esse evento nas minhas memórias para sempre, eu sabia que aquilo era muito errado, mas nada me convencia de que eu não merecia pelo menos uma vez em meses sentir desejo e prazer com alguém, sentir que alguém também queria me amar e ter o meu corpo, eu precisava daquilo, ou pelo menos minha mente me convenceu sobre.

Ele separou nossas bocas e nossos olhos se encontraram, nós dois estávamos ofegantes e sorridentes, nós queríamos um ao outro e tínhamos a confirmação daquilo.

⸻ O que foi? — Perguntei, ele negou com a cabeça e sorriu.

⸻ Eu to com medo de isso ser apenas um sonho. — Ele respondeu.

Minhas mãos foram até o seu rosto, acariciando as suas bochechas, ele me considerava um sonho? Tinha tanto tempo que ninguém falava algo romântico para mim, tinha tanto tempo que ninguém me levava para sair, conversava comigo ou demonstrava se importar com a minha rotina, eu desejei ele ainda mais.

⸻ Não é um sonho. — Eu respondi.

⸻ Eu nunca tinha conhecido alguém tão bonito quanto você antes, eu só não acredito que... Enfim... Que estamos aqui.

⸻ Mas estamos, não?

Ele confirmou com a cabeça e me beijou mais uma vez, mas com mais intensidade, senti meu corpo ficando com mais calor a cada momento, eu desejei ele, minha blusa acabou em algum canto qualquer, igualmente como a dele e meu corpo foi carregado até o meu quarto.

Nossos corpos tinham uma sincronia perfeita, sentir-me relaxar pela primeira vez durante um ato como esse, meu corpo estava ansioso para cada movimento, mas a minha mente estava relaxada e esperando por mais, eu sabia que, pela primeira vez, eu estava pronta para perder a virgindade.

Talvez eu devesse ter dito não e ter dado ela para o meu namorado, talvez eu devesse não ter nem deixado ele entrar na minha casa, talvez eu devesse ter avisado que aquela era a minha primeira vez, mas eu não fiz nada disso, eu sentia tantas coisas misturadas ao mesmo tempo que o meu lado da razão não se manifestou em momento algum.

Quando nossos corpos chegaram ao ápice juntos, ele se deitou em cima de mim e murmurou alguma coisa que eu não consegui ouvir, depois se deitando ao meu lado.

⸻ Eu acabei, Felipe. — Respondi e me levantei da cama e caminhei até o banheiro. — Você pode tomar banho no quarto da Gabi se quiser.

Eu consegui ter um orgasmo, todavia me sentia mais suja que nunca, eu precisava ficar sozinha, se o Gustavo descobrisse, ele nunca me perdoaria e eu sabia que ele não estava errado, eu estava, ele devia terminar comigo, eu sou uma namorada horrível e uma pessoa horrível, ele definitivamente não pode saber disso, eu não posso perdê-lo.

Depois de aproximadamente dez minutos depois, enquanto eu ainda estava no meu banho, o Felipe entrou no banheiro e acenou do lado de fora do box, ele estava vestido e aparentava também se sentir culpado pelo que fizemos.

⸻ Eu já vou. — Ele disse.

Eu desliguei o chuveiro e abri o box, ele aparentava estar mais abalado do que eu imaginava, eu sorri sem dentes e acenei para ele.

⸻ Adeus, Felipe. — Murmurei.

Ele andou na minha direção e abraçou o meu corpo nu, molhado e que eu ainda sentia sujo, deixei minha cabeça se deitar no seu peito, o Felipe era alto, seus dedos tocaram a minha costa com cuidado, como se eu tivesse um machucado aberto na região, ele se afastou e me beijou, eu deixei, não teve língua, mas foi longo o suficiente para deixar marcas na minha mente.

⸻ Adeus. — Ele respondeu saindo do banheiro.

Eu fechei a porta do box novamente e liguei o chuveiro, deixando a água cair pelo meu rosto e acompanhar o fluxo das minhas lágrimas, eu me sentia tão culpada, tão suja e destruída por não ter forças para escolher o Felipe invés do Gustavo, eu queria poder escolher o Felipe, mas sabíamos que isso não estava ao meu alcance.

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