Capítulo I

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O melhor presente!

Capítulo I: Vivendo entre páginas

Abraço minhas pernas ainda observando a minha suposta casa. Mordo os lábios ainda sentindo meus olhos arderem, sinais do choro que dei mais cedo. Suspiro. Cocei meus olhos e sinto minha garganta seca dos berros que dei. 

Ah, é mesmo… o tempo ficou agitado depois da minha correria e do encontro com Teresa e Fernando. Levanto e passo a procurar algum copo nesta casa, tenho sede.

Eu fui colocada em constante supervisão após eu cometer um pequeno deslize na frente do povo deste vilarejo. 

—Humpf….! — volto a lembrar de como corri loucamente para a floresta após ficar em choque em ver a loira recitar uma linha de "O melhor presente!", livro que li há 3 semanas. Isso é impossível, eu sei!

A questão é que eu corri para a floresta e a Meggy acabou me seguindo preocupada. Parece que eu… Não. A Annika é amiga dela desde a infância. E ficou triste pelo vexame que a amiga passou. 

Até aí tudo bem…

O que houve foi que vim à floresta do Vale da Perdição, em que há vários tipos de animais selvagens e areias movediças. E ela achava que eu queria me matar devido ao coração partido ou sei lá o quê. Com isso, Meggy chamou trabalhadores braçais para me segurarem pois eu estava fora de mim…

Sim, ela fez um fuzuê! E, pelo restante do dia fiquei presa aqui pois estou "de coração partido com risco de me matar".

—Que calor…! — Coloco o braço sobre o rosto, já deitada na cama. 

Contorço meus lábios e logo lágrimas inundam meu rosto novamente, cada vez mais quentes e intensas. 

—Eu não…! Eu não posso estar aqui!— digo entre choros. — Por favor, que isso só seja mais um sonho! Eu… Eu só quero acordar! — limpo o rosto bruscamente.

Até consigo imaginar minha mãe chegando no meu quarto e pegando no meu pé para que eu acorde logo. "Tem bolo de goma, seu irmão já comeu a metade!", então eu levantaria animada e iria comer tudo antes que meu irmão pudesse. 

Um sorriso escapa dos meus lábios, mas logo se desmanchou. "Você está horrível, hm… Vamos, sorria! Você é linda sorrindo!", posso ouvir a voz do meu irmão me confortando em dias tristes. 

—Eu só…— soluço— quero ouvir a voz deles!— tampo meu rosto com as mãos. 

Levanto. Começo a gesticular e brigar com o nada.

—Eu tenho que acordar logo! Eu tenho trabalho às 15h! E com certeza já perdi a faculdade! E… E… Eu ainda estou solteira, preciso viver um amor antes de ficar presa em livros!— bagunço meus cabelos— Ainda tenho tanta coisa pra fazer! Tantos filmes pra ver! Tantos lugares pra ir!

Levanto determinada. Não posso chorar aqui o dia todo! Preciso dar o fora daqui! Vou em direção a porta e saio devagar. 

—Tão fácil assim..? Então eu... AAAA!— dou de cara com a Meggy sentada cortando maçãs… então por que… sinto que a maçã sou eu? Que olhar é aquele, minha gente?! 

Me endireito e arrumo meus desgrenhados cabelos. Nem ouso olhar pra essa mulher, minha nossa…

—O que fazes de pé, Annika? Teus olhos estão claramente vermelhos. 

—Então —limpo a garganta—, vim comprar… presilhas. — sorri amarelo. Ela, surpreendentemente, sorriu. 

— Comprarei para ti! É ótimo te ver se arrumando!—ela logo se levantou e tirou uma bolsinha de dentro de alguns panos do vestido— Fizeste muito bem, Annie! Não podes andar como uma moradora de rua! — saiu animada. 

O melhor presente!Onde histórias criam vida. Descubra agora