Capítulo I.1

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O melhor presente!

Capítulo I.1: Vivendo entre páginas

Ainda estou com os olhos fortemente fechados esperando algum tipo de fera demoníaca arrancar minha cabeça. 

—Hm…? — abro meus olhos levemente após notar que ainda estou intacta. — Oh…. Ai, meu coração! Você me assustou, rapazinho! — o esquilo, que havia saído do arbusto, me encarava. 

Estou exausta da corrida, será que ainda conseguiria reagir se fosse realmente alguma ameaça?!

—Ah… está me abandonando? Tudo bem! — vejo o animal silvestre voltar por onde veio. Suspiro colocando a mão no peito e dando tapinhas. — Calma, sua medrosa…! Era só um…— me interrompi quando ouço mais uma vez sons na mata. 

Agora é realmente algum animal? Cai dentro! Eu consigo pelo menos dar uma cabeçada! Me levantei com o apoio do joelho e vejo que está vindo o…

—O…Olá…!— digo fraco após ver o homem que estava me encarando dias anteriores. É um homem alto e de bom porte. Não é totalmente bombado mas, é um homem visivelmente forte…. E está com um machado na cintura e segurando umas madeiras… Por que sinto que o conheço?

Eu me limpo e arrumo meu cabelo desgrenhado. Rio fraco, que vergonha, Ana! Que vergonha! Ele parou, olhou levemente pra minha cara e observou ao redor. 

—Bem, eu sou…— me calo após vê-lo seguindo seu caminho ao vilarejo, como se nada tivesse acontecido. É O QUÊ? ME IGNOROU NA CARUDA?! — Tsck!

SE ERA PRA SER ASSIM, QUE NÃO PARASSE ENTÃO! Será que ele tinha algo a dizer?

Volto a minha casa vagarosamente. Eu notei nesses dias que as pessoas geralmente tendem a se esquecer da Annika, talvez por ela ser uma figurante não seja tão lembrada…

Claro, quem lembraria de algum rascunho despejado no meio da multidão e de alguém que nem citaram o nome no início do livro?!

—Mas isso ainda me chateia…!— chutei uma pedrinha da trilha. 

Por que a Meggy lembra de mim constantemente então? Até a Aurélia pareceu ter uma ideia de quem eu sou… Talvez seja por que eu estou na Annika agora? Ninguém imagina que uma figurante vá fazer as badernas que fiz… Depois da Teresa ter protegido a Annika, viramos a página e ninguém imagina que haja uma vida e algo a mais na figurante… 

Chego em casa e logo planejo um banho. Eu gostaria de saber como a Annika se virava por aqui, os potes com as moedas estão acabando… Preciso estar viva até sair daqui! E também preciso socializar para que eu possa lembrar mais do livro… 

×××

O vilarejo está totalmente movimentado. O que há? 

—Precisamos de mais cravos, hm! — Aurélia falava e Meggy anotava rapidamente.

—Que tal as pétalas do lírio? Acho que combinaria! — Meggy diz animada.

—Eu acho que a flor "boa-noite" combinaria mais! — digo e as duas se entreolham surpresas.

—Wow…!! Obrigada, Annika! É ótimo te ver participando! — Meggy anota com um largo sorriso. Aurélia tem uma perfumaria, foi recém inaugurada mas já está fazendo sucesso.

 Eu preciso perguntar para Meggy como a Annika era… Tudo que eu falo parece que são as primeiras palavras de uma criança! É engraçado ver suas reações. 

Me afasto um pouco da perfumaria e vou até um local que consiga ver de relance o comércio daquele homem de antes…! Parece que ele é marceneiro, lá tem de tudo! Casas para pássaros, móveis, cestinhas, espelhos, quadros esculpidos, prateleiras, abajur… 

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