Capítulo II

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O melhor presente!

Capítulo II: Colocando os pingos nos is.

Devorei o bolo de goma e vi meu irmão chegar segundos depois, perdendo a corrida e não comendo o último pedaço.

- Qual é, Ana! - vi seu cenho franzir e bufar de irritação ao observar eu metendo todo o pedaço na boca de uma vez. - Você é muito egoísta, mano! - se aproximou para ver se tinha mais alguma migalha.

-Vocês continuam com essa birra? Ana já tem 24 anos, Carlos. - mamãe se aproximou, deitou no sofá e colocou um dorama na TV - E você, mocinho, já tem vinte e seis anos. Sua namorada sabe que discute por um pedaço de bolo? - Segurei a risada pelo semblante estupefato de Carlos.

-Ah, mãe! Não tome o partido dela! Ninguém no mundo faz um bolo como a senhora e, quando tenho a oportunidade, esse monstro devora tudo!- me olhou com uma ameaça de brinde e fiz uma careta.

-Quando você vai pra casa, hein? Teu apê é de enfeite? Por que parece que tu mora aqui?!- retruquei pegando a vasilha e indo em direção a pia.

- Você é boa em se desvencilhar da situação, hein! - ele se aproximou da pia, pegou um pano e passou a enxugar a louça que eu lavava - Mas, eu não caio nessa. Eu vou ficar de olho em ti! Sei bem que tu não quer dar trabalho pra mãe, mas, tu não pode voltar praquele condomínio.

Torci a boca e continuei lavando em silêncio.

-E também, o Pietro se foi há pouco tempo. Sabe se lá como você fica quando está sozinha. Nessas horas, é bom ficarmos juntos. E hoje à tarde vamos ver a dona Rosita e o seu Olavo. - Carlos parou de enxugar e segurou o olhar em mim, esperando minha resposta.

Ver os pais de Pietro... Não é ruim ficar com a minha família nesse momento. Mas..., não sei se consigo ver os pais dele agora. Não sei como confortá-los.

-Vou levar isso como um "sim".

-Você também... - balbuciei. Ele me direcionou um olhar curioso. - Não sou só eu que não devo ficar sozinha. Você também está sofrendo. - o observei e vi que ele deu um risinho, mas que não chegou aos olhos. Esse gesto significa "claro que estou".

Carlos não berrou como eu, nem o vi em prantos. Mas, eu aprendi que um choro alto não indica uma dor maior.

-Não se atrase! - ele bagunçou meus cabelos e foi trabalhar.

×××

Meus olhos estão muito pesados e, só consigo grunhir um pouco ao sentir raios de sol pairando nos meus olhos.

- Carlos...- bocejo-, estou atrasada pra ir ver a tia Rosita... Que horas são? - cocei os olhos e ao abri-los estranhei o local. Me sentei, olhei ao redor assustada.

Olhei minhas mãos.

-Ah, é...- suspiro frustrada- estou dentro do livro.

Sem aviso, a minha porta foi aberta subitamente e vi o transmigrado levando um susto comigo.

- Tu que entra na minha casa e ainda leva o susto?? - Passo a prender os cabelos num coque.

- Você está horrível. - ele adentra, colocando uma cesta de frutas que carregava numa mesa velha.

Ele se vira pra mim. Suspira um pouco.

-O quê? O que foi?! - minha voz soou um pouco mais irritada do que o normal. Ele simplesmente tirou seu casaco parecido com um doudoune e coloca por cima de mim.

- Tenha consciência do que está usando. - ele não olha em minha direção.

Vejo que meu tecido é um pouco fino, algo como camisola. Não há muito o que se mostrar aqui, o tecido não é transparente. Mas, mesmo assim estou morrendo de vergonha! E se fosse o Nino a ver tal cena?!

O melhor presente!Onde histórias criam vida. Descubra agora